Capítulo 17

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Ai meu Deus!

Eu estava imóvel enquanto olhava fixamente nos olhos dele. Eu realmente era uma idiota. Como eu podia ser daquela forma? Saí de cima dele e afastei-me, continuando a ficar de joelhos.

— Desculpe, eu não queria... — Mordi minha língua, envergonhada. — E-Eu... Tenho que ir!

Levantei do chão quase em um pulo, caminhando em passos rápidos até a porta do apartamento.

— Ei!

Ignorei Mark chamar-me. Eu só precisava sair dali. Eu estava com vergonha de mim mesma e protestava mentalmente por todos os meus atos anteriores. Eu estava agindo feito uma boba sempre que me via perto dele. Uma garotinha assustada. Eu não podia continuar agindo daquela forma. Eu tinha que crescer e passar a agir como uma adulta. Eu já estava próximo de completar vinte e três anos, e não podia mais agir como uma adolescente.

(...)

Parei no sinal, esperando-o ficar verde para os pedestres. Já estava à noite. O horário? Não fazia a mínima ideia. Mas estava só eu, caminhando pelas ruas de Seul, a procura do caminho de volta para a casa do Sr. Tuan.

Carros e mais carros passavam por minha volta, indo a caminho de suas casas, ou a qualquer outro lugar. Esta seria a segunda vez em que eu caminhava sozinha pela cidade. E dessa vez, eu não estava com medo e nem imaginava a possibilidade de me perder pelas ruas. Eu só caminhava.  Tomando ar.

Eu nunca entendi bem a razão de eu vir para Seul. Ou o motivo de ter sido atacada daquela forma virtualmente. Mesmo escutando atentamente as explicações de Elizabeth, nada fazia sentido ainda. Eu encarava Mark somente como o filho dos meus chefes e o qual eu também deveria obediência.

A sua família parecia apenas ser mais uma família de classe alta de Los Angeles. Mas, logo tudo passou a ir por um rumo diferente. Eu não sabia que Mark vivia uma vida de fama, e com certeza, a boa parte das pessoas com quem sairia seriam pessoas do seu mesmo nível. Famosos.

E também, eu não imaginava que trabalhava para pessoas que, por onde passavam, conseguiam conquistar admiradores. E eu era somente mais uma garota... Sem nada de especial.

Eu apenas deveria ser fiel ao meu trabalho, aos meus chefes, mas de repente, algo mudou. Eu estava começando a sentir que perto do terceiro filho... Eu perdia totalmente a rota do meu caminho.

Estava começando a chover, e o beco no qual eu estava prestes a entrar, estava quase escuro. Levantei o capuz do meu moletom, tentando evitar os pingos de chuva em minha face. Continuei a caminhar, cabisbaixa. Senti meu corpo se esbarrar em algo. Parecia que eu havia me chocado contra o corpo de alguém.

Ei! — Uma voz masculino ecoou.

Olhei para o alto homem a minha frente, com sua face coberta por um capuz.

— D-Desculpe! — Tentei dar meia volta, mas senti-o puxar o meu braço. O que ele estava fazendo? — Por favor, solte-me!

Tentei puxar o meu braço de volta, mas o mesmo me segurava fortemente.

Aonde vai?

— Por favor...

Responda! — Gritou ele, batendo a sua mão livre no capuz do meu moletom, deixando que os fortes pingos da chuva começassem a deslizar por meu rosto.

— Desculpe! Me solte, por favor! Eu preciso ir para casa! — Continuei tentando soltar o meu braço de seu punho.

Está perdida?

— Por favor... Está chovendo! Deixe-me ir.

Eu posso lhe oferecer uma carona?

— Me solte!

Vamos lá. Você não vai ficar nessa chuva! — Ele começou a me arrastar pelo beco.

— Não! — Continuei a debater-me. Eu iria morrer? Deus! E agora? — Por favor, pare! — Apertei os meus olhos, quase começando a chorar, ou talvez eu já estivesse, misturado com os pingos da chuva.

— Tranquilize-se! — Ordenou ele, em meu idioma. Quem era ele? O que ele queria? Eu não conseguia vê-lo. Sua face estava coberta pelo pano do capuz, mas mesmo que eu conseguisse vê-lo, eu não iria querer olhar para ele.

— Me solte!

Gritei e o senti parar, fazendo-me bater contra o seu braço.

Não ouviu ela mandá-lo parar?

Reconheço aquela voz.

Quem é você? — Perguntou o homem que puxava-me. 

Não interessa! — Respondeu o outro. — Deixe-a ir! — Seu tom de voz saiu claro e estrondoso, causando-me uma breve dormência em meu estômago.

Desci o meu olhar para o chão, assustada com aquilo tudo. Senti meu pulso ser puxado novamente. Levantei o meu olhar e vi Mark dessa vez, arrastando-me para fora do beco. E o misterioso homem havia ficado para trás.

Ao chegarmos um pouco perto da saída, Mark me empurrou contra a parede e se afastou de mim.

— Você é uma idiota, Alissa! — Gritou por conta do barulho da chuva, mas parecia que não era somente pelo barulho, o seu semblante estava furioso. — Você sai por aí sem ter rumo algum! Perdida! Você não pensa? Huh?

— D-Desculpe... — Sussurrei olhando para os meus tênis.

— Você age por impulso! Comete erros! Quem garante que algo ruim não poderia ter acontecido se eu não chegasse a tempo?

Mordi o meu lábio inferior, sem direcionar ainda o meu olhar a ele. Eu não estava pronta para encarar a sua fúria.

— O que te faz agir assim? Fugindo dos lugares?

— E-Eu...

— Por que parece ficar nervosa quando me aproximo?

Aquela sua pergunta havia me pegado desprevenida. Eu não sabia o que dizer. Deveria dizer que me sentia em um beco sem saída perto dele?

— Seja clara, Alissa! — O vi se aproximar de mim. — Por que anda fugindo ultimamente? Eu te assusto?

Reparei o quanto próximo ele estava de mim, com sua mão apoiada na parede, ao lado de minha cabeça e a sua face inclinada em direção a minha, enquanto eu via os pingos da chuva escorrer de seu cabelo e deslizar por sua face.

— N-Não, eu...

— Eu te deixo sem saída? — Sua voz soou baixa desta vez, um pouco rouca e intensa. — Diga-me o que você pensa!

— M-Mark... — Apertei meus olhos, tentando desviar a minha atenção do seu corpo quase colado ao meu. — Por que insiste em saber algo que já duvida? 

— Você é muito boba...

— Não me culpe! — Digo em um tom alto, sentindo minha voz quase trêmula. — Se eu pudesse decidir as coisas por mim mesma, eu juro que não estaria em Seul! Não teria vindo para cá, nunca! Eu não teria me metido em confusão. Desapontado quase todos ao meu redor. E não teria deixado você conseguir posse dos meus pensamentos! Eu me odeio por estar correndo o risco de gostar de alguém que é quase impossível! E o fato de que eu perderei o afeto dos meus chefes se eu prosseguir com isto! E odeio ainda mais, o fato de você ter sido legal comigo! De ter feito eu querer ficar perto de você e ao mesmo tempo, não!

Eu estava queimando por dentro. Eu estava com um misto de sensações. E não conseguia decifrar qual estava mais forte.

— Terminou?

— Sim, eu terminei! E pretendo ir embora daqui! Ir para bem longe! Onde eu possa esquecer tudo isso!

— Sério? — O vi com um sorriso debochador nos lábios.

— Sim! Eu juro que nunca mais...

Me vi impedida de falar. Meus lábios estavam agora, apossados por outros. 

Oops... » Mark Tuan Where stories live. Discover now