/fluffy/
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Primeiro dia:
Eu odiava terças-feiras. Odiava as aulas que haviam nesses dias. Odiava como as horas pareciam se arrastar ainda mais. Odiava a comida que sempre serviam logo nas terças.
Era desanimador hoje ser terça-feira.
A professora de matemática caminhou pela sala até chegar a sua mesa, fazendo meus olhos se revirarem em tédio. Demorei alguns longos segundos para notar que um garoto seguia a senhora já de idade. Os cabelos verdes se destacavam naquela branquidão de sua pele. O rosto inexpressivo parecia ter sido feito por algum escultor muito talentoso, pisquei abobado uma vez para crer que tamanha beleza existia de verdade.
Como tal escultor deixou sua obra sair livremente desse jeito?
Um sorriso divertido saiu dos meus lábios com esse pensamento. Então, você virou seus pequenos olhinhos castanhos para mim e ao notar isso, me prendi na hipótese que os seus olhos sempre faziam em mim. Minhas bochechas esquentaram e desviei meu olhar para a janela tentando disfarçar que anteriormente eu estava te secando tanto.
Porém, você não fez o mesmo.
Ouvi você se apresentar para turma inteira e nesse momento, ousei olhar-lhe novamente. Uma vontade enorme cresceu em meu peito: observar cada expressão que você poderia fazer, porém o teu rosto continuou da mesma forma – mesmo que mais de trinta alunos estivessem olhando para você. Nem ao menos nervosismo você demonstrava, quem dirá ansiedade.
Sua voz era uma melodia rara, era única.
Você concordou em sentar na carteira vazia atrás de mim e eu podia jurar ter visto um sorrisinho escapar dos seus lábios. Seu corpo se sentou preguiçosamente na cadeira permitindo que a professora começasse finalmente sua aula.
Senti um leve toque em meu ombro, chamando-me a atenção. Virei para trás, tendo o privilégio de observar-te de tão perto pela primeira vez.
- Pode me emprestar uma caneta? – você perguntou sem tirar suas orbes das minhas.
Respondi um baixo "Claro" e catei uma caneta no meu estojo, testei ela em uma folha aleatória do meu caderno para ter certeza que estava boa para o seu uso. Enquanto lhe entregava o material, percebi seu estojo ao canto da mesa aberto, enxerguei canetas de todos os tipos ali fazendo minha caneta na simples cor preta ser pobre.
Uma risada leve saiu dos meus lábios, e o sorriso permaneceu pelas longas horas daquela manhã.
Sim, Min Yoongi. Você sempre foi um fracasso em arrumar desculpas.
Sétimo dia:
Quem diria que com todo esse seu jeito, seria tão bom em matemática. Isso acabou nos aproximando, afinal eu era um fracasso nessa matéria enquanto você poderia tirar as melhores notas.
Nessa terça-feira eu descobri como meu olhos se deleitavam a cada movimento dos seus fios, enquanto sua mão movia o lápis no papel e seu rosto estampava uma concentração invejável.
- Está prestando atenção? – pude ouvir sua voz distante perguntar. Demorei alguns segundos para finalmente conseguir focar em seus olhos, que agora me analisavam.
- Uh? Ah sim, estou. – cocei a nuca – Só me distraí um pouco.
Você semicerrou os olhos, um jeito feio que você tinha quando desconfiava de algo. Era algo divertido para mim, pois eu sabia o quanto ficava incomodado com dúvidas, por mais que não demonstrasse isso.
