beauty also feels | jeongcheol

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Não houvera época mais triste que aquela para mim, porém somente meu ser não percebia.

Pensastes que eras apenas tu que enxergava isso? Oh, não, não. Todos viam o vazio em minhas íris. Todos sentiam a pena contraindo seu âmago, porém, apenas tu tomou a conduta de mudar isso.

Sabias que aquele homem humilde, ao qual cuidava do seu jardim farto do grande palácio luxuoso, na verdade não conseguia identificar beldade alguma.

Fora por isso que ignorastes todos os conselhos de demitir-me, correto? Ao invés de mandar embora o problema, quisestes muda-lo.

Chegaste de mansinho ao jardim, com as mãos atrás do corpo junto à pose ereta, olhando ao redor das flores quase mortas. Tentei esconder minha mãos sujas de terra, quando executei a reverência exagerada. Majestade, o primeiro ato que fizeste surpreender-me, fora sua mão sendo estendida para que apertasse-mos em cumprimento.

— Minha pele está banhada em sujeira, Majestade. Não sujarei a sua límpida. — falei, ainda com as mãos escondidas.

— Não me importo quanto a isso, Sir. Choi. — respondeste-me com divertimento e a humildade que sempre ouvi tanto falar.

Este príncipe ganhará meu respeito naquele mesmo momento.

Suas aparições se tornavam mais frequentes e minhas teorias eram que estavas me testando, avaliando para poder demitir-me no final. Pois eu sabia que o jardim não estava sendo bem cuidado e a culpa era totalmente de minhas mãos, que faziam cúmplice com meus olhos no crime de não ver beleza em coisa alguma, transformando também tudo que tocava em deformidade.

Em um dia, por pura surpresa você se ajoelhou ao meu lado, sujando sua roupa de seda e puxando seu cabelo longo para prender-lhe em um penteado mal feito. Ignorou todas minhas suplicas para que saístes do chão, até mesmo quando aleguei que aquilo seria tamanha humilhação para um príncipe no seu porte, e ajudou-me a fazer aquelas plantas tomarem cores vívidas.

— Está vendo, Seungcheol? Orquídeas são magníficas sob o sol. Observe essas cores, tão lindas.

E foi exatamente isso que enxerguei; beleza.

As orquídeas roxas, cuidadas por suas mãos à exata uma semana atrás, ficavam deslumbrante expostas à luz solar. Seu sorriso cresceu mais ainda quando percebeu o brilho escarlate em meus olhos.

— Está certíssimo, Majestade! O lilás as deixam ainda mais prazeirosas aos olhos.

Lembro-me que seu humor cintilava felicidade pelo resto dos três últimos dias da semana.

E aquele palácio era traiçoeiro, haviam boatos por toda parte e todos os tipos, como também crueldades. Porém, sabíamos que o príncipe recusar todas as ofertas de namoro, prazeres íntimos e casamentos era uma das poucas verdades que saíam da boca daquele povo.

Minha curiosidade era absurda quanto a isso, pois meu conhecimento era de que a quantidade de mulheres babando sobre tu era absurda. O que me fez concluir que, supostamente, não era só sua posição que tinha influência sobre isso, mas também seu físico.

Decidi observa-lhe com mais atenção, apenas para descobrir se sua aparência era como as orquídeas roxas à luz do sol.

Não era atoa que carregavas o nome da realeza, não era atoa que as mulheres se jogavam em seus pés e os homens se mordiam de inveja. Sua beleza é estonteante, Yoon Jeonghan, tão bela quanto todas as estrelas em conjunto com o luar minguante da meia-noite. Tão cheia de metáforas com os inúmeros poemas que lias.

Tão lindo.

Naquela mesma noite, ponderei sobre meus pensamentos pecadores de mais cedo ao olhar-te. Um homem não poderia admirar outro daquela maneira, mas não havia mais como meu ser negar que você era uma beldade.

Todos os empregados faziam suas refeições no refeitório, comendo os pães e fofocando sobre a vida dos seus superiores. Apenas eu comia em silêncio, em uma mesa sozinho, ouvindo sem escolhas as vozes adultas tagarelarem feito crianças.

— Vi com meus próprios olhos, Vossa Majestade negando aquelas mulheres abundantes. Nem sequer bisbilhotou os decotes extravagantes.

— Talvez a alteza prefira algo mais discreto.

— Ou talvez, peitos alguns sejam seu interesse sexual.

Todos ficaram em silêncio, pensando na hipótese enquanto meu talher de madeira era maltratado pela força de meus dedos.

— Está insinuando?

— Que Vossa Alteza não goste de mulheres? Certíssimo.

Naquele dia, fui preso na masmorra por agredir um dos seus funcionários.

Me desculpe, meu bem, mas não tinha como controlar meu ódio naquele momento. Ora, onde já se viu? Pensastes na hipótese do boato se espalhar e cair nos ouvidos dos católicos? Se te pegassem, o que seria do nosso jardim? Morreria ao fogo como sua pele? De jeito algum!

Porém, você foi me visitar e quando dispensou o guarda que cuidava minha cela, pensei que me puniria ali mesmo. Mas sua postura superior suavizou e seu semblante parecia banhado em tristeza.

— Chegou ao meu conhecimento o ocorrido, tive que vir ver com meus próprios olhos parar crer. — tu distes, abrindo minha cela com uma chave extra, para que conversássemos melhor. Era surpreendente sua confiabilidade quanto à mim.

— Me desculparei com você, Majestade, mas jamais com aquele bastardo. — disse com firmeza. — Já pensou no perigo que correrias? Dizer-lhe que pecas com homens é de tamanho desrespeito, Alteza.

Seu olhar caiu ainda mais.

— Achas que isso é pecar? — vi quando sua respiração desregulou quando não respondi. — Deixe-me mostrar que não.

E tu me mostrou.

Me mostrou ali mesmo, como o ato que tanto chamavam de pecado, era na verdade a cria dos deuses. Vi sua expressão angelical quando te tomei em meus braços e te fiz meu. Senti a textura da seda do paraíso quando seus lábios tocaram nos meus. Você repetia meu nome com informalidade, assim como Jeonghan saía sôfrego dos meus lábios. Dizia como os calos de minhas mãos faziam uma fricção gostosa em sua pele macia, e quando chegamos ao ápice juntos, descobri o amor que todos falavam quando pregavam a palavra sagrada.

Eu pregava sua beleza, Majestade.

Os jardins se tornaram os mais lindos da Ásia. Suas orquídeas foram plantadas próximas à janela do seu quarto, para que em todas as manhãs você pudesse ver o sol bater nelas.

Tínhamos a chave um do dormitório do outro, que usávamos quando sentíamos saudades um do outro, o que era todas as noites.

Nunca reclamastes de minha cama desconfortável, assim como insististe para que eu dormisse ao seu lado todas as noite, abraçando sua cintura e mostrando para aquelas paredes azuis que você era meu.

Era doloroso demais ter que fingir não amar-te exageradamente no dia-a-dia, mas tudo valia a pena quando a noite caía.

— Eu poderia ficar a noite inteira ditando suas inúmeras belezas, meu príncipe. — falava, sentindo nossos corpos nus encostando-se no meio do meu dormitório mal cuidado.

— Por qual razão eis tão galanteador, meu amor. Sinto minhas forças acabarem com isso.

— Apenas prezo o que me ensinaste. — confessei, beijando seu sorriso.

Em meio à todas as belezas que você, Yoon Jeonghan, me mostrou, você é a que mais me orgulho de enxergar.

little shot | oneshotsWhere stories live. Discover now