Banheiro dos Funcionários

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Exatamente sete horas, Joe percebeu que marcava o redondo relógio de borda amadeirada pendurado na parede a certa altura no centro daquele vasto balcão. Mal havia começado a noite e o estabelecimento já estava cheio. A expectativa para as próximas horas era a superlotação. O ambiente estava animado e o bom rock já soava pelas potentes caixas do salão. Andy havia dobrado o turno e estaria ali para ajudar durante toda a madrugada. Aquele sábado seria um dos dias em que as portas não fechariam antes das cinco da manhã.

Joe notava que Patrick estava sorridente e luminoso. O patrão estava feliz, e o atrapalhado funcionário já sabia o porquê da alegria. O motivo estava bem a frente dele, sentado ao amado lugar de sempre, com uma forma surpreendente. Gerard estava sóbrio. Fazia duas horas que estava ali e ainda não havia posto uma gota sequer de álcool na boca.

Way trajava uma roupa diferente e embora os cabelos continuassem um tanto grandes, era visível o quanto estavam limpos. A adorável essência da Black Season que há muito tempo não era notado nele, agora exalava naquela pequena área. Joe não entendia a mudança repentina de Gerard, pela catástrofe que ele havia se tornado nos últimos dez meses, esta aparição renovada era de certa forma assustadora. Mas o importante para Joe era que isto fazia bem ao Patrick. Fazia muito tempo que não o presenciava tão satisfeito.

— Joe! Não achei gelo no estoque. Você sabe se o cara veio entregar mais cedo? — Andy o despertava das observações ao retornar do almoxarifado localizado a uma pequena distância, a ponta esquerda do balcão.

— Não! — A resposta de Joe capturou a atenção de Patrick que logo se viu obrigado a interromper a extrovertida conversa que tinha com Gerard:

— O entregador não veio? — Ele se prostrava assustado.

— Não. — Respondeu ambos os funcionários ao que se entreolharam.

— Não acredito! Quanto de gelo ainda temos?

— Não vai dar para a noite toda. Não temos muito. — Dizia Andy.

— Meu Deus! — Patrick se preocupava. — Preciso ir comprar! Tomem conta para mim. Economize o gelo que ainda temos até eu voltar! — Ele fitava Gerard. — Não irei demorar. Você quer vir?

— Não, pode ir! Eu te espero aqui mesmo. Sem problemas!

— Tá ok! Não demoro! — Patrick reforçava desaparecendo em seguida pela pequena porta abaixo das prateleiras, o qual dava para sua casa.

Gerard se sentia tranquilo. Após passar horas planejando uma forma de não se esbarrar com Frank, ele preferiu confiar na tese de que Iero não daria as caras ali nem tão cedo, pois assim como ele também não teria coragem de encará-lo. Aquele argumento poderia ser válido se seus ouvidos não tivessem captado o alvoroço de vozes masculinas vindas de uma das mesas a certa distância, atrás de si. O som das vozes soava alto em comemoração – sobre o barulho da música do local –, despertando não só em Gerard, mas em muitas pessoas ao redor, a curiosidade. Por conta disso, os olhos bisbilhoteiros automaticamente procuravam pelos causadores de tanto espalhafato. E lá estava o coração de Gerard falhando uma batida, seu ar desaparecendo como se seu pulmão tivesse congelado e suas pupilas se dilatando por uma fração de segundos ao que o via sorridente, sendo recebido pelos amigos. Frank Iero em carne e osso! Ele parecia alegre ao ver os colegas. Estava tão distraído que nem fazia questão de reparar ao redor. Não observava nada além de seus companheiros ao que se aproximava da mesa onde eles estavam.

Diferente de Frank, Gerard virou-se para frente mantendo sua postura congelada e os olhos ainda arregalados. Então ele suspirou sentindo o ar voltar um tanto afobado ao mesmo tempo em que seu coração disparava feito um trem desgovernado.

TLIAC (Frerard)Where stories live. Discover now