32- Que Merda, O Que É Isso°

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Nicole Samantha

   Adentrei a porta de vidro do hospital, e fui até a recepção

- Olá, no que posso lhe ajudar?- A recepcionista disse simpaticamente.

- Vim fazer uma visita- Falei.

- Qual seria o nome do paciente?- Ela disse enquanto movia o mouse na tela do computar que estava a sua frente.

- Miguel, Miguel Silva - Ela levantou o olhar para mim e em seguida baixou a cabeça e voltou a digitar. 

- Miguel, quinto andar, quarto trezentos e trinta- Ela disse enquanto me estendia um adesivo escrito visitante e em baixo o nome Miguel.

- Só colar na blusa, em local visível e pode subir - Ela finaliza e eu concordo.

  Caminhei lentamente até o elevador, assim que entrei apertei o botão "5" e esperei subir, cinco andares nunca passaram tão devagar, eu fiquei me perguntando como pude ter ido embora, antes que eu possa finalizar meus pensamentos uma voz soa no elevador "quinto andar" a voz robótica fala e então dou passos largos até a porta do quarto aonde o pequeno estava. A porta estava entreaberta então a empurrei e entrei, seus pequenos olhos estavam dilatados, assim que me viu pude ver seu semblante mudar e ele começa a chorar.

- Não chora pequeno, agora eu estou aqui- Falei indo em direção a ele e sentando ao seu lado na cama, ele me abraçou firme.

- promete que não vai mais embora- Sua voz baixa parece implorar.

- Eu nunca mais vou pra longe de você pequeno, eu prometo. - Conclui.  

(...)

    Eu prestava atenção em cada movimento que a professora fazia em frente ao quadro negro, ela explicava algo sobre a história da cidade, minha mente ia longe em vários pensamentos, enquanto a Milena trocava mensagem com alguém que tinha o nome marcado por um ícone de coração, Brunna estava sentada ao meu lado e ria de algo que a Raissa havia falado

- Nicole - A professora Cecilia chama minha atenção com sua voz séria.

- Oi? - Eu disse confusa e ela continuou me encarando.

- Nossa escola fica em um local de periferia, mas nem por isso aceitaremos certas atitudes, e muito menos porte de tais coisas- Ela disse brava, neste momento percebi que eu era o centro das atenções dentro daquela sala de aula.

- Eu não estou te entendendo professora -Falei meio sem jeito enquanto arrumei minha postura na cadeira.

- Você faltou aula por semanas, voltou com o cabelo colorido e agora também acha que pode trazer armas para a escola? - Ela disse mantendo o tom.

   Olhei ao redor aonde todos estavam me encarando, corri os olhos também pelas minhas coisas, quando ao olhar para meus pés vi, minha mochila estava jogada no chão como eu tinha costume de deixas, mas diferente de outras vezes, desta vez havia para fora o cabo de uma calibre 38 para fora da mochila, e como se não bastasse a mesma estava suja, e ao que tudo indicava, aquela sujeira era sangue, sangue seco.

- Que merda, o que é isso -Falei alto com espanto, juntei a mochila do chão coloquei meus materiais dentro e sai da sala apressada.

   Falei para o segurança da portaria, que eu havia ficado menstruada então tinha que sair antes, ele não questionou somente destravou o portão, eu sai andando pela rua, ao chegar na esquina sentei escorada no muro e peguei meu  celular, disquei o número do Henrique, tocou algumas vezes antes de cair na caixa postal, tentei mais algumas vezes, mas como não obtive respostas decidi ligar para o Matheus.

- Oi gatinha- Ele disse assim que atendeu, meu rosto corou ao ouvir sua voz

- Math, tem uma arma com sangue seco na minha mochila, e eu não faço ideia da onde é- Falei cautelosa e ele ficou em silêncio.

- Aonde você está?- Perguntou

- Na esquina da escola, sentada no chão.

- Me espera ai, que eu já vou descendo ai - Ele diz e em seguida desliga

(...) 

  Cerca de dez minutos depois Math chega com sua moto, ele encosta no meio fio e tira o capacete da cabeça.

- Vem- Ele disse me estendendo a mão

  Levantei e caminhei até ele

- Me dá - Ele disse e eu assenti

  Tirei uma das alças da mochila do ombro e a puxei para frente, abri o bolso e peguei a arma em seguida entregando para ele.

- Eu resolvo de agora em diante, pode voltar para a aula- Ele disse e eu concordei enquanto o encarava.

- Mais tarde a gente se vê- Ele disse logo arrancando coma moto e me deixando para trás, voltei para dentro da escola e indo direto para a próxima aula.

(...)

 Eu e Brunna seguimos para a casa dela, depois que a aula terminou.

- Vou fazer brigadeiro - Falei jogando minha mochila no chão  da sala e corri para a cozinha.

       Ao adentrar na cozinha travei ao ver que Carla estava lá, a vi colocando um pozinho dentro da xícara de café que estava servida, ela me olhou e arregalou os olhos completamente abismada por me ver, fingi que ela não estava ali, e fui até os armários, peguei o leite condensado e continuei procurando o achocolatado por entre as prateleiras.

- Oi de novo - Disse o Matheus entrando na cozinha e sentando no banquinho da bancada.

  Ele pegou a xícara que Carla estava batizando nas mãos, e antes que ele levasse na boca falei,

- Ao menos que queira morrer, não beba esse copo de café - Falei enquanto colocava a panela no fogo com todos os ingredientes.

- O que você quer dizer com isso- Ele diz, largando a xícara de café sobre a bancada.

- Quando eu entrei, Carla estava aqui, e colocando algo ai dentro - Falei apontando para a caneca a sua frente

    Matheus ficou parado me olhando durante alguns minutos, depois se levantou e jogou o conteúdo da caneca no ralo da pia, em seguida lavando a mesma. Terminei o brigadeiro, peguei uma colher e assoprei antes de levar até minha boca. Matheus ficou ali parado na pia da cozinha me olhando até que eu organizei tudo e subi para o quarto com o brigadeiro, e alguns pacotes de salgadinhos, entrando no quarto, passei o resto do dia comendo e olhando televisão com a Brunna, lá pelas três e meia a Milena e Raissa vieram e ficaram com  a gente.

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O Dono Do Morro- 1° e 2° TemporadaМесто, где живут истории. Откройте их для себя