Capítulo Cinco

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- Eu pedi para que você colocasse os cupcakes de red velvet atrás dos de laranja. Como os de red velvet vão sair de qualquer jeito, chamamos atenção para os de outros sabores, assim temos mais chance de vender os dois. Tudo se trata de estratégia, entendeu?

Assenti devagar, engolindo em seco. Minha chefe era bastante intimidante. Então, em momento como aquele, quando ela me olhava direto nos olhos e falava tudo no mesmo tom gelado, sem qualquer flexão em nenhuma das palavras, eu precisava me controlar para não recuar um passo — ou talvez sair correndo. Já tinha conhecido muitas pessoas aterrorizantes na vida, mas nenhuma delas conseguia ser tão eficiente em suas palavras. A calma fria era apenas na superfície, podia ver toda a inconstância por debaixo.

Era a calma antes da tormenta, precisa e com o conhecimento essencial do que poderia causar com a força de uma tempestade, caso precisasse. Avalon Appleby ia direto para a jugular.

— Ótimo. Poderia reorganizar então, por favor?

Assenti rapidamente repetidas vezes. Percebi que não estava respirando quando ela se afastou e eu soltei o ar pesadamente, aliviada por não estar mais sob escrutínio. Logo me virei para a bandeja, mudando os bolinhos da maneira como ela havia determinado.

— Não leve para o lado pessoal.

O cupcake tremeu em minha mão e fechei os olhos por um segundo para controlar o jeito como meu coração pulou no peito.

— Bruce — virei a cabeça para encarar o adolescente ao meu lado. — Quantas vezes já te pedi para não chegar de fininho?

— Algumas vezes — murmurou, pensativo.

Deus abençoe esse menino. Ele era extremamente gentil e prestativo — quando não estava tentando, na surdina, mandar mensagens para a namorada pelo celular —, mas não era a mais brilhante das mentes.

— De qualquer jeito, — continuou — como estava dizendo, não leve para o lado pessoal. Ava é ótima, mas desconfiada. O primeiro mês que passei aqui, sentia ela me olhando por sobre o ombro o tempo todo, como se estivesse esperando que eu tivesse algum segredo obscuro que explodiria a qualquer momento. Por um tempo acho que ela realmente pensou que eu fosse sair correndo vestido de Batman ou algo do tipo — enquanto recordava, de novo aquele tom pensativo.

— Não acho que Ava acredite que você seja o Batman, Bruce. Nem mesmo acho que ela imagine que seu nome seja em homenagem a ele.

Ele piscou os olhos castanhos.

— Por que não? — franzindo o cenho, confuso. — Você sabe que é por causa dele.

Senti meus olhos se arregalarem levemente.

— Sério?

— Sim — assentiu. — Meu pais adoram a D.C. Meu irmão se chama Arthur.

Sabia que ele esperava algum tipo de reação, mas não conseguia ligar os pontos e entender porque o nome deveria significar alguma coisa.

— Aquaman! — exclamou, incrédulo, depois de alguns segundos. — Arthur Curry. Aquaman!

— Ah, sim. Sim, sim. Sei.

— Bem legal, certo? — felizmente não precisei responder antes que ele continuasse. — Exceto que eu gosto mesmo é da Marvel. Preferia chamar Tony, ou talvez Loki.

— Com certeza essa foi a segunda opção dos seus pais — murmurei, condescendente, voltando ao trabalho. — Loki. Definitivamente a segunda opção.

— Você acha mesmo?

Revirando os olhos, abaixei-me para colocar a bandeja recém-organizada de volta para dentro da vitrine. E, por sorte, fui poupada de responder aquela pergunta quando o som da porta se abrindo interrompeu nossa conversa e Bruce foi se dedicar ao cliente.

Haunted EyesWaar verhalen tot leven komen. Ontdek het nu