Capítulo Onze

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Savannah Hunter

Demorou um tempo, mas finalmente conseguimos nos controlar.

Bom... Em partes.

Não acho que respirações descompassadas, roupas amarrotadas e rostos corados podiam ser chamados de controle.

Completamente sem fôlego, passei a mão pelo cabelo. Notei que Caleb também estava meio trôpego ao se afastar.

Não fizemos qualquer tentativa de nos explicar ou racionalizar a situação. Tudo parecia desfocado, borrado, como se a realidade estivesse fora de eixo.

Tudo surreal demais.

Nos sentamos de frente um para o outro nos sofás, a pequena mesa de centro entre nós.

Acho que nenhum dos dois sabia por onde começar.

Talvez fosse meio covarde de minha parte, porém fiquei bastante aliviada quando foi Caleb quem deu o primeiro passo:

— Nós precisamos...— Coçou a nuca. — Precisamos ser mais convincentes.

— Como? — consegui sussurrar.

— Eu não sei. Não tenho nem ideia. — Passou a mão pelo rosto, claramente frustrado. — Isso é uma merda. Chase com certeza saberia o que fazer, teria uma ideia genial que consertaria tudo em cinco minutos.

Senti meu peito ficar ainda mais pesado. Se não tivesse nos metido em tamanha enrascada, se meu marido não estivesse tentando proteger meu orgulho, poderia pedir ajuda ao amigo.

— Nós... nós vamos conseguir pensar em algo.

— Você acha que eles sabem? — Queria dizer que minha pergunta não soara tão apavorada quanto me sentia, mas isso seria mentira.

— Eles estão desconfiados. Mas tenho certeza que não podem provar nada. — Levantou o olhar que estava mantendo no chão, parecendo ter uma ideia. — Vou falar com a dra. Lisbon. Ela deve entender do assunto, a mulher é um gênio.

Assenti, apesar de não saber quem a tal Lisbon era ou como ela poderia nos ajudar.

— Nós vamos conseguir sua cidadania, Saara.

E havia tanta certeza em sua voz e no jeito como me olhava que, pela primeira vez naquela noite, não foi como se o chão estivesse desaparecendo debaixo de meus pés.

Exaustos, cada um seguiu para seu canto, mas duvido que ele tenha pregado o olho por um minuto que fosse. Quase podia ouvir seus pensamentos, mesmo em outro cômodo e com uma porta fechada entre nós. Pensamentos tão pesados quanto a minha culpa. Pensamentos que, como os meus, trariam exaustão no dia seguinte. Pensamentos e conjecturas que pareciam assombrar a madrugada e não me deixaram em paz na manhã seguinte.

E nem no momento presente.

Distraída que estava, precisei piscar algumas vezes e pedir que minha chefe repetisse o que tinha dito.

— Savannah, você está bem?

— Foi isso que você perguntou antes? — franzi o cenho.

— Não. Eu perguntei se você tinha abastecido a cafeteira, mas então você continuou me encarando com essa expressão perdida, aí, só então, chegamos a este momento.

— Eu... eu estou bem.

Murmurei depois de alguns segundos, ainda pensativa, e abaixei o olhar. Talvez devesse passar um pano pelo balcão...

Haunted EyesWhere stories live. Discover now