CAPÍTULO 21

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CLÉO

Voltar para o Rio não minha primeira opção, mas pelo menos eu não estava mais com uma mão na frente e outra atrás.

Estava com uma dívida a menos e um coração partido, mas eu iria me reerguer. Iria juntar todos os cacos do meu coração partido e cobrir de gelo, para que ficasse fortalecido contra qualquer outro safado mentiroso por ai.

Amargurada, eu sei, mas eu podia me permitir isso, não é? Eu precisava deixar escorrer de mim todos esses sentimentos ruins.

Suspirei e encarei o pequeno quarto de hotel onde eu estava. Não era grande coisa, mas eu não conseguia pensar em quais direções seguir, a não ser ficar sozinha e respirar por um momento.

Seu João me deixou no aeroporto com um abraço apertado, esperando me ver e me lançando um olhar conhecedor das coisas.

Eu odiava esse tipo de olhar, mas ignorei e o abracei de volta, jurando que o visitaria.

Me despedir da Dona Lúcia, foi tão difícil quanto eu imaginei que seria, mas ambas engolimos o choro bem.

Eu era tão idiota, que também pensava em me despedir do João Augusto. Meu coração masoquista implorava para ver o seu rosto pelo última vez, sentir os lábios dele nos meus, seu corpo quente e aquele cheiro incrível que só ele tinha.

Porém, eu tentei me fazer de forte e sai dali o mais rápido possível, antes que ele chegasse e eu fraquejasse diante do seu olhar.

Aquele cowboy safado.

Eu chorando por ele e ele lá, com aquela vaca.

Como ele pode?

A raiva voltou a povoar minha mente e antes que eu tentasse fazer algo idiota como socar a parede, eu pedi um pote de sorvete de chocolate com calda de chocolate.

Não me importava.

O telefone do hotel que estava na mesa de cabeceira começou a tocar.

- Alô? – Perguntei.

- Senhorita Cléo? Sou da recepção.

- Ah sim, no que posso ajudar?

- Tem um Senhor aqui, chamado João Augusto e ele queria... – A interrompo.

- Não. Ele não pode subir, ele não pode falar comigo e ele... – A minha fala foi interrompida por uma breve discussão do outro lado da linha e logo a voz potente daquele cowboy safado.

- Cléo, eu vou subir ou por mal, então se eu fosse você vinha aqui agora, antes que eu faça um escândalo.

Fiquei possessa com a ousadia daquele safado.

- Eu espero que os seguranças tirem você dai em um minuto, João Augusto, e eu espero que você suma da minha vida, entendeu bem? SUMA! – grito a última parte.

- Eu não vou sumir e você vai me ouvir sim... – Ele tentar dizer mais alguma coisa, mas eu volto a ouvir aquela comoção toda e me preocupo por um instante com ele.

Não queria que ele fosse expulso e jogado na rua como se fosse nada.

Ai, que droga. Quis me chutar mentalmente pela minha fraqueza.

Eu peguei o elevador torcendo os meus dedos de nervoso.

Meu coração era fraco em relação ao João Augusto, mas eu me faria de forte e daria um ponto final aquela história de uma vez por todas.

Quando o elevador abriu as portas no térreo, eu dei de cara com um João Augusto muito bravo, com direito a chapéu de cowboy na cabeça, botas e tudo, discutindo com os seguranças que estavam tentando tirá-lo dali.

Antes que eu ficasse mais lesada ainda com a força dele, resolvi intervir.

- Eu vou falar com ele, me desculpem o tumulto.

- Tem certeza, senhorita? – Perguntou a recepcionista.

- Sim. – Disse acenando.

Ela então fez um gesto em direção aos seguranças e eles liberaram João Augusto, que veio como um furacão em minha direção.

- Você não vai fugir de mim, Cléo.

- Eu disse que iria falar com você agorinha pouco, não disse? Então, vamos. – E fiz menção para que ele me seguisse em direção ao jardim do hotel. Lá era aberto e arejado. O ar fresco e a paisagem bonita talvez me ajudassem nesse momento.

Ou talvez não.

O jardim parecia mais cena de filme romântico do que um local calmo e relaxante.

Mas não dava mais para mudar de local, né?

Respirei fundo e me virei para encarar o motivo do meu coração bater descompensado e estar em caquinhos.

- O que você quer, João Augusto? Diz e depois vai embora.

Ele tenta chegar até mim, mas eu me afasto e ignoro a dor que mostra no rosto dele ao ver isso.

- Eu sinto muito, Cléo. Eu fui um idiota, eu agi mal com você, mas por favor, me perdoa. Eu juro que jamais dormiria com ela em sã consciência, eu estava mal e ainda bêbado e...

- Isso não justifica! Isso não justifica nada! Eu estava na sua casa me acabando de chorar e você na cama com uma vaca qualquer. Qualquer não, era a sua ex, a ex que você amava perdidamente. – Eu aponto pra ele.

- Eu não a amo perdidamente, eu amo VOCÊ perdidamente!

- Eu não acredito, afinal, você pisou no meu amor, por que eu deveria acreditar no seu?

- Você me ama? – Ele me olha com um olhar esperançoso.

Bufo alto.

- É só isso que você ouviu de tudo o que eu disse, seu bruto?

Ele tenta se aproximar novamente de mim e eu recuo mais uma vez.

- Eu estou ignorando as sandices, porque eu sei que você me ama, me ama como eu te amo e por baixo de todo esse gelo e palavras ofensivas, você sente a minha falta como eu sinto a sua.

- De que adianta sentir sua falta se eu nem confio em você? Não consigo olhar direito para você sem imaginar que esteve com ela a pouco tempo.

- Por favor, Cléo. – Ele implora, e eu juro que posso sentir a dor em suas palavras.

A mesma dor que reflete em mim.

Mas, como?

Como perdoar uma traição?

Uma mentira equivale uma traição?

Um coração partido equivale a outra coração partido?

- Eu preciso de tempo, João Augusto.

- Se eu te der esse tempo, você vai voltar pra mim?

- Eu não sei, eu preciso pensar. – E com isso, eu me afasto e ele sabiamente não vem atrás de mim.

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obs1: Domingo teremos o último capítulo + epílogo.

Eu sei que algumas vão pensar, "mas já?". 
E vou explicar como já falei antes que quando a minha mente forma uma ideia e da luz a isso, eu não empurro muito, eu tento ir e ver onde vai dar e quando acabar, deixar como está e não prolongar até ficar chato ou desconexo.

obs2: Essa semana tem a sinopse da nova história <3

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UM ENORME ABRAÇO,

Dands

AMARRANDO O COWBOY (COWBOYS #1)Where stories live. Discover now