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Neophobia: ou neofobia, s.f. Aversão às novidades, a tudo que é novo ou moderno; misoneísmo. Medo de testes.

 Realmente é um pouco cruel o que eles fazem, na verdade o que eu também faço

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Realmente é um pouco cruel o que eles fazem, na verdade o que eu também faço. Meu real trabalho é anotar algumas coisas e levar algum tipo de alimento para os nossos "pacientes". Estamos na CTE-2345. Eu chamo só de CTE, aqui estão cerca de 12 cientistas, 10 médicos, 15 enfermeiros, 6 estudantes de medicina e cerca de 15 funcionários.

Não é uma opção estar aqui e fazer o que eu faço. Meu curso na faculdade é muito caro, muito mesmo. Todos sabemos que medicina é um dos mais concorridos e que mais custam. Então, recebi a proposta de um professor meu, se eu trabalhasse aqui e ajudasse, eu ganharia o curso grátis.

Para as finanças lá em casa seria ótimo. Mamãe não sabe o que eu faço, é melhor mesmo, nem eu gosto desse lugar. Aqui na CTE, os médicos fazem testes nas pessoas, é um sistema muito complexo.

Uma equipe que fica fora, tem contato com a central de polícia, muitos dos bandidos que são mais perigosos somem do nada não é? Eles estão aqui. Fora as pessoas comuns que fazem algum tipo de cadastro nos hospitais "parceiros".

As pessoas são trazidas para cá, guardadas em celas, e depois sofrem vários testes. Cada dia morre gente, e entra mais gente. A primeira coisa que acontece é uma lavagem cerebral, as pessoas só lembram do que eles querem.

Depois dividem por grupos, idades, estado de saúde e alguns outros itens. Aqui eles testam de um simples remédio para dor até a troca algum órgão por outro mecânico. Não importa se é criança, idoso, adolescente, com saúde boa ou ruim, mulheres grávidas, nada faz diferença para eles.

É realmente muito horrível, mas eu quero um futuro para minha família, quero ser alguém e ajudar eles a terem uma vida melhor. A pessoa que se nega a fazer os testes, praticamente todos, são espancadas até aceitarem.

Hoje eu entrei na CTE e fui para minha sala, e comecei a anotar as coisas, fazer as fichas e arrumar alguns documentos. O pessoal do governo tem total consciência e manda gente para cá, assim como milhões de reais para investimentos.

Hoje chegou uma carga nova de gente, cerca de trinta pessoas. Cadastrei todas e fui levar os uniformes e alimentos para cada um. Hwasa me ajudou, ela passava pela mesma situação que eu. Hwasa era uma menina legal, tinha uma namorada nova a cada semana, era bonita.

— Fique com esse lado – ela disse apontando para a direita — E eu com esse – disse apontando para a esquerda.

Estávamos no corredor C, da sela 30 até a 60. Uma pessoa por sela, uma cama e uma mesa. Todos eles gritam, ameaçam, eu me sinto culpado, mas não posso fazer nada.

O objetivo principal da CTE-2345 é criar novos produtos para o governo e testar os antigos. Mas você pensa "se um produto está no mercado, ele já foi testado" já foi, mas para a função que é vendido. Alvejante não é para roupa? Sim, mas você sabia que ele pode abortar um feto em até seis semanas?

Dr. Donghae pediu para eu levar um material até a sala de testes AB-33, eu não gostos das salas, mas andei até lá, bati na porta e encontrei um paciente amarrado na mesa. Dr. Donghae estava segurando uma seringa com um liquido verde.

— Desculpe Dr. eu só vim trazer isso – eu disse e olhei o paciente. Era bonito, cabelos castanhos que caiam em uma franja, olhos azuis escuros, tão azulado que chegava a ser preto, esferas assustadas e o corpo era pequeno.

— Qual o teste?– Perguntei e Dr. Donghae riu.

— Isso é um produto novo, chegue mais perto jovem – andei até lá. — Se ele sobreviver a isso, já esta de bom tamanho – Dr. Donghae riu. E eu disfarcei, e andei até a mesa onde estava ficha. O numero dele era 196, cela B-33, nunca havia visto ele por aqui.

— Será que ele sobrevive? - perguntei para o Dr.

— É o que vamos ver – ele disse e aplicou o liquido.

O garoto tentou gritar, mas sua boca estava amarrada. Segundos depois debateu-se na mesa, abriu e fechou os olhos com força, abriu-os novamente, debateu-se um pouco mais e olhou para onde eu estava.

O garoto parou de se mexer, eu não conseguia o ver respirando. Dr. Donghae disse para todos sairem da sala, assim como ele e toda a equipe, esperar meia hora e voltar para ver se ele estava vivo.

O engraçado, que em vez de qualquer um fazer isso, eu tenho que fazer, coisa que não é minha obrigação, mas não posso reclamar e correr o risco de ser demitido.

Passei a meia hora de espera conversando com Hwasa, e depois me arrastei até a sala, me senti triste o garoto era bonito de mais para morrer, mas do jeito que estava quando eu sai, era impossível ele estar vivo.

Entrei na sala e olhei para a mesa, o garoto estava com os olhos abertos e tentava se soltar. Quando me viu parou e tentava falar alguma coisa. Andei até lá e tirei a fita de sua boca e ele começou a gritar por socorro.

— Não adianta gritar, é a prova de som – eu falei.

— Cale a boca – ele respondeu e continuou gritando.

— Você pode parar, por favor – eu pedi — Está sentindo dor? — Ele negou — Alguma coisa diferente? – Perguntei.

— Não, e nem vou me transformar no Hulk – ele disse e riu sem humor.

— Vou leva-lo para sua cela – comecei a solta-lo e ele se debatia muito — Se não parar, vou ter que sedar você – eu disse.

— Eu achei que vocês batiam em vez de
sedar – ele disse.

— Na verdade, eles não podem bater. Mas batem porque são idiotas, e eu não sou eles – eu disse.

Ele parou e foi até a cela sem tentar nada, o coloquei lá dentro e registrei tudo. Deixei água e um pouco de comida.

— Se você sentir algo diferente, por favor, aperte esse botão – disse mostrando para ele.

— Tudo bem...– ele respondeu.

Eu estava com pena, ele era tão bonito e parecia estar tão quebrado. Eu não queria que nada prejudicasse ele, e eu sei que o pessoal daqui é muito cruel. Virei-me para sair da cela, quando terminei de trancar a porta ele perguntou:

— Qual seu nome?

— Jungkook, e o seu? – Eu disse.

— Taehyung.

Neophobia | TaekookWhere stories live. Discover now