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Vocês são Incríveis

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Se ontem me perguntassem qual era a minha cor favorita, eu responderia sem pensar: preto. Se me perguntassem por quê preto? Eu responderia: porque todos conseguem ver preto, do recém nascido ate o mais idoso, do mais doente ao mais saudável. Até mesmo os cegos podem ver o preto. É a cor que todos pensam quando não existe outra. Sem falar que combina com qualquer coisa e esta em praticamente todo o lugar.

Se ainda ontem, me perguntassem qual era a minha segunda cor favorita, eu responderia cinza. E se me perguntassem o por quê? Eu responderia que: cinza é a falta de todas as cores. Existem vários tons se cinza, cinza escuro, fraco, forte, chumbo e tantos outros. Quando se tira uma foto "preto e branco", as coisas não ficam preto e branco, elas ficam cinza. Branco não tem variação de cor, porque se for um pouco mais forte, vira cinza. Preto não tem uma variação de cor, porque se for um pouco mais fraco, vira cinza.

E se hoje, me perguntassem qual era a minha cor favorita, eu sem sombra de duvida responderia: azul.

O azul dos olhos de Taehyung, o azul que eu não esqueci por nenhum segundo, o mesmo azul que me deu vontade de salvar. O azul com medo e assustado, mas ainda sim com um pouco de coragem, o azul que não perdeu a esperança.

Eu não conseguia parar de pensar nisso, de pensar que Taehyung poderia morrer, e que ninguém alem do Dr. Donghae sabia o que havia sido aplicado no garoto. A vontade de ir vê-lo era maior que eu, mas tinha que esperar, era conta as regras.

Estava me sentindo um lixo, porque as vezes a gente só quer alcançar um objetivo e do nada, aparece uma coisa que muda a nossa rota. Só queria ser um bom médico, só queria dar orgulho e uma vida boa para a minha família, só isso. Então Taehyung apareceu, e eu estou confuso.

Na vida precisamos rever nossos conceitos, ver o que realmente vai nos ajudar e fazer feliz, precisamos fazer isso sem pisar em ninguém, de forma limpa e justa. E o que estou fazendo, não é limpo e muito menos justo.

O fato é que eu não paro de pensar em Taehyung, como ele foi maltratado, e quem ele era antes daqui. Se tinha alguma família, filhos talvez? Vai ver ele deixou muitas pessoas atrás dele, ou ate já foi dado como morto.

Esperei - não tão paciente assim - a hora em que poderia ir nas celas. Taehyung estava sentado na cama, e lia um livro, que não sei como arrumou. E ficou assustado quando abri a cela.

— Não vou lhe machucar – eu disse e fechei a cela, entrando.

— O que você quer? – Ele perguntou fechando o livro.

— Procedimento padrão, e algumas perguntas as mais – eu disse e sorri.

— Não vou lhe responder nada que eu não queira – ele disse e eu ri.

— Como você se sente? Algo diferente? — Perguntei.

— Na medida do possível, estou bem, aquela coisa não mudou nada – ele disse dando de ombros.

— Para fazer xixi, tudo bem? Sente algum incômodo? Eu sei que essa pergunta é ruim de mais, mas é necessária – falei olhando diretamente para seu rosto abatido.

— Tudo normal com o meu xixi, 'tá amarelo e tal, se ficar verde eu te aviso – ele disse e riu sem humor.

– Tudo bem, onde foi aplicado, preciso ver por favor – pedi e ele levantou a camisa.

Tirei uma foto do local para anexar na pasta de informações e depois apertei em volta — Isso dói? – Perguntei e ele negou. Estava um pouco roxo, mas nada de tão horrível.

Neophobia | TaekookOnde as histórias ganham vida. Descobre agora