Capítulo 12

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Daniel – O sonho parecia ser tão real, mas ao mesmo tempo parecia que eu sabia que era apenas um sonho.

Drª Carla – Daniel, veja bem, sonhos não são premonições, visões do futuro.

Daniel – Eu sei disso, mas não consigo deixar de acreditar, sinto como se ele fosse estar ao meu lado novamente.

Dª Carla – Daniel, os sonhos são reflexos do que esta acontecendo no seu dia a dia e também reflexo de coisas que você esta guardando dentro de si.

Drª Carla – No fundo seu inconsciente trabalha nisso, que você será feliz ao lado dele novamente, mas nós sabemos que isso será impossível.

Nesse momento Daniel sentiu uma tristeza em seu peito, não sabia interpretar o sonho que tivera mas a realidade bateu novamente em sua cabeça. Thiago estava morto e nessa vida seria impossível os dois serem felizes novamente.

Drª Carla – Daniel eu fico preocupada apenas com isso, que você crie ilusões e que elas impeçam seu desenvolvimento.

Drª Carla – Não digo para você esquecer tudo que viveu com esse rapaz, apenas aceite sua realidade.

Drª Carla – E eu acredito que você continuara a se recuperar. Quando você chegou aqui, você estava péssimo e ao longo dos anos você conseguiu superar tudo sozinho, a terapia lhe ajudou mas o maior responsável foi você mesmo.

Daniel – Eu sei disso, mas me faz bem pensar nele, que ele esta ao meu lado, mesmo que eu não possa vê-lo, toca-lo.

Drª Carla – Continue assim, apenas saiba dosar o que é real e o que você gostaria que fosse real, aprenda a delimitar até onde esses pensamentos são saudáveis para seu desenvolvimento.

Daniel – Eu vou tentar.

Drª Carla – Eu sei, e tenho certeza que conseguirá.

Daniel deixou aquele consultório e foi para casa. No caminho ficou pensando em tudo que falou para sua psicóloga, mas não conseguia entender a mensagem do sonho, se é que esse sonho deveria ter alguma mensagem.

Daniel – Boa noite.

Ângela – Você demorou Daniel, já estamos jantando. Não vem comer?

Daniel – Tive que ir resolver umas coisas ai, mas estou sem fome, depois faço um lanche.

Daniel tomou um banho, foi para a cama e ligou a TV, assistindo a novela, mas no fundo mesmo estava apenas deixando o tempo passar.

Seus pensamentos estavam longe, lembrou-se quando chegou ao fundo do posso há 10 anos atrás, quando num ato de loucura, cogitou acabar com a própria vida.

Lembrou-se da noite que brigou com a mãe e saiu caminhando sem rumo pela rua. Já fazia alguns meses que Thiago tinha partido e a proximidade de seu aniversário tinha agravado ainda mais sua dor.

Daniel caminhou sem rumo pela cidade e ao de dar conta que estava em cima de um viaduto, olhou para os carros passando lá em baixo e cogitou acabar com a própria vida.

Em passos lentos aproximou-se do parapeito e segurou fortemente na barra de ferro, fechando os olhos em seguida, sentindo apenas o vento frio em seu rosto. Soltou bruscamente suas mãos sentindo o vento balançar seu corpo e em seguida se jogou com tudo para traz, caindo no chão.

Daniel – Covarde, covarde. Daniel se xingava enquanto chorava.

Daniel – Você não tem coragem de acabar com tudo, covarde.

Daniel – Você é um fraco, covarde.

Daniel ainda ficou um tempo sentando no meio fio se lamentando, mesmo sentindo uma dor implacável, ainda assim não teria coragem de acabar com a própria vida.

Além da Vida (Romance gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora