Capítulo 55

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Roberto – Isso mesmo que a senhora acabou de ouvir. Esse rapaz é uma marginal da pior espécie e vai acabar com a vida do seu filho, como fez com o meu.

Inês olhava para Roberto, com a expressão de choque, sem saber o que pensar.

Inês – Não, não Seu Roberto, o senhor esta totalmente enganado, o Daniel é um rapaz integro, ele jamais seria capaz de cometer esses atos.

Roberto – Meu Deus, a senhora também esta enfeitiçada, ele só pode estar armando um plano, algo contra mim, é a única explicação.

Inês – Seu Roberto, não estou enfeitiçada, pelo contrário, estou muito lúcida e pode ter certeza que eu jamais aprovaria esse rapaz se eu notasse qualquer coisa que o desabonasse.

Roberto – O meu filho morreu, será que isso não basta pra senhora?

Inês – Eu entendo sua dor, mas é outra situação, temos que deixar o passado pra traz e impedir que o rancor corroa nossas almas.

Inês – Também não foi a coisa mais tranquila pra mim, aceitar um filho homossexual, mas eu quase perdi o Alexandre com aquela doença e pra mim o que importa é a felicidade dele.

Roberto – A senhora esta dizendo que eu não me importava com a felicidade do meu filho?

Inês – Não, o senhor que esta dizendo isso, o que quero dizer é que o seu ódio impede de ver o Daniel com outros olhos.

Inês – Ele trabalha, esta sempre estudando, é dedicado, cuida muito bem do Alexandre, cuida de uma sobrinha linda que ele tem, só vejo qualidades.

Inês – Essas calunias que o senhor esta dizendo....

Roberto – A senhora que não esta entendendo, não estou cego de ódio, estou sendo sincero, tudo que falei sobre ele é a pura verdade.

Inês – Eu entendo que o senhor tenha um pouco de preconceito, que não aceitava a condição do seu filho, mas daí...

Roberto – Dona Inês, a condição do meu filho era o que menos importava.

Inês – O Senhor esta dizendo que...

Roberto – Eu amaria meu filho de qualquer maneira, mesmo ele sendo gay. Lógico que num primeiro momento eu o rejeitei, briguei, fui contra mas depois eu vi que a única coisa que eu poderia fazer era apoiar meu filho.

Inês – Eu nunca pensei que o senhor fosse capaz de uma atitude assim.

Roberto – A senhora acha mesmo que eu sou um monstro que acabou com a vida do próprio filho?

Inês – Claro que não, só nunca imaginei que o senhor tivesse um gesto tão nobre assim.

Roberto – Eu amava meu garoto. Por ele eu era capaz de passar por cima de qualquer preconceito, eu fazia tudo pra vê-lo feliz.

Inês estava perplexa com aquelas revelações. Roberto, que se tornou um homem duro após a morte do filho, estava ali, abrindo seu coração, falando todas aquelas palavras com a voz embargada, como se segurasse para não chorar.

Roberto – Eu nunca perdoaria se acontecesse algo ruim com o Alexandre, não vou ficar de braços cruzados vendo a história se repetir.

Inês – Mas o que o senhor disse do Daniel não faz o menor sentido.

Roberto – Meu filho se envolveu com drogas por influencia dele, drogas pesadas.

Inês – Seu Roberto, alguém deve ter inventado algo.

Roberto – Ninguém inventou nada, eu encontrei, eu vi.

Roberto – Não bastando isso, eles me roubavam. Pra que me roubar? Tudo ia ser dele um dia. Esse marginal conseguiu destruir o caráter do meu filho.

Além da Vida (Romance gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora