Capítulo 7: Minha consciência adoeceu novamente

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Notas da autora:

AVISO DE PRINCIPAIS GATILHOS: esse capítulo contém referências a pensamentos suicidas, transtornos alimentares, ansiedade e depressão. Por favor, esteja ciente.

***

Algumas semanas se passaram desde o incidente com o armário de bebidas. Yuuri passava seus dias perambulando pelo apartamento de Victor ou deitado na cama sem ânimo algum, incapaz de comer. Enquanto Victor estava patinando com Yuri, Yuuri passava algum tempo tentando juntar energias o suficiente para colocar uma máscara de valentia para quando seu namorado retornasse.

A depressão havia agora se instalado na vida de Yuuri. Fazia algum tempo desde que ela havia visitado, sua ansiedade geralmente tomando a maior parte da cena. No entanto, Yuuri conhecia a depressão como uma velha inimiga de infância e ele sabia que a qualquer momento ela podia serpentear de volta para sua vida. Ainda bem que ele sabia fingir estar feliz, ao menos.

Victor parecia cair facilmente por essa farsa, não tomando conhecimento de como Yuuri ficava quando ele não estava por perto. Ele nunca se queixou sobre a bagunça no apartamento, as louças sujas na pia e as roupas espalhadas pelo chão. Yuuri estava tentando, ele realmente estava, mas ele simplesmente não conseguia se levar a realizar as tarefas domésticas no apartamento. Com muito custo, ele conseguia dar conta de levar Makkachin para dar algumas voltas e se certificava de que ele tivesse comida e água, mas ele se sentia esgotado demais para fazer qualquer outra coisa além disso. Ele nem tinha certeza se realmente estava conseguindo enganar o Victor, mas esperava que o seu namorado não estivesse tão preocupado com a sua falta de participação em, bem, na vida.

Ele fez questão de não olhar seu celular ou qualquer computador desde que ele havia tomado conhecimento daqueles artigos. Victor se desculpou imensamente por aquilo, dizendo que ele tinha ficado preocupado de que Yuuri poderia ter se chateado ainda mais se ele tivesse descoberto sobre eles quando ainda estava no hospital. Ele também alertou Yuuri que era bastante provável que repórteres tentariam se comunicar com ele para obter o seu depoimento se ele deixasse seu celular ligado.

Yuuri não podia se importar menos. Ele não estava se importando com muita coisa por esses dias.

Às cinco da tarde de uma quinta-feira, Yuuri percebeu que além de algumas poucas idas à loja de conveniências e caminhadas com Makkachin, ele mal tinha saído do apartamento durante todo o tempo em que estava em São Petersburgo.

Eu sequer vi alguma coisa de São Petersburgo. Victor estará praticando no rinque por mais algumas horas, eu poderia tentar ser um bom namorado e buscar um café pra ele ou alguma coisa de alguma loja próxima.

Sem pensar muito, ele levantou do sofá, colocou um casaco e saiu do apartamento. Ele viu que a cafeteria ao fim da rua que Victor gostava estava fechada.

Bem, eu ainda posso andar por aí. Tem tanta coisa que eu ainda não vi nessa cidade. Talvez eu possa pegar alguma outra coisa para o Victor e surpreendê-lo.

Estava nevando levemente, os flocos fazendo cócegas quando pousavam em seu rosto. As luzes brilhantes dos prédios cintilando no chão coberto pela neve branquinha, seus pés deixando rastros de pegadas frescas na calçada.

Essa cidade é linda. Posso ver porque o Victor ama tanto esse lugar.

Ele continuou caminhando, até que o entardecer se tornou noite, as estrelas brilhando entre os flocos de neve. Não foi até o sol desaparecer que ele foi atingido por uma realização.

Ele estava perdido. Perdido e desaparecido por horas.

Oh, Deus. Eu nem deixei um recado pro Victor. Por favor, diga que eu trouxe o meu celular...

Can't Cover it Up || Yuri!!! on Ice [Tradução]Where stories live. Discover now