Meu Juiz

Três

Charles

- Bom dia, querido. - Recebo um afago de mamãe quando me sento.

- Bom dia. - Respondo mau humorado.

- Qual o motiva dessa carranca, Charles? - Charlotte pergunta rindo.

- O papai quer que eu comece a faculdade, e o acompanhe nas audiências. - Respondo partindo um pão ao meio.

- Essa eu quero ver. - Zomba de mim e jogo um guardanapo em sua cara.

- Eu e seu pai queremos apenas o melhor para você. - Mamãe diz amável.

- E a Charlotte? - Pergunto, e ouço a voz de papai atrás de mim.

- O assunto por enquanto é você. - Responde.

Após passar a manhã em meu quarto desço procurando por todos, mas só encontro a casa vazia e silenciosa.

- Onde está todo mundo? -pergunto para Helena, que limpa algo na sala.

- Foram almoçar  fora. - Responde sem olhar para mim. 

- E não  me chamaram? - Me sinto excluído e ela ri.

- Tentaram te chamar inúmeras vezes, mas você não respondia. - Malditos fones.

- Então  somos só eu e você. - Sorrio sacana e  ela cora instantaneamente.

- Calma, estava apenas brincando. - Digo tentando aliviar, e ela sai na direção da cozinha rapidamente.

A sigo e no meio do caminho Helena acaba se desequilibrando e eu a amparo com meus braços.

- Eu....- Tentar falar algo ainda apoiada em meu corpo. Não resisto toda essa proximidade e acabo cedendo a vontade imensa de beija-la.

Seus lábios tocam os meus timidamente e com evidente inexperiência, mas logo pega o ritmo, deixando-me guia-la.

- Não, isso não devia ter acontecido. - Empurra meu peito, se afastando.

- É apenas um beijo, Helena. - Sorrio de sua reação medrosa.

- Você não de...- Começa mas é interrompida pelo barulho da porta sendo aberta, e praticamente corre do cômodo.

Saio dali com seu cheiro grudado em mim e seu beijo guardado em meu melhor pensamento.

Charlotte

Saio do meu cursinho conversando animadamente com uma de minhas melhores amigas, logo me despeço e vou em direção a rua.

Nem percebo quando um carro para praticamente em cima de mim, ouço o som alto da freada e me assusto, levando a mão no peito.

- Você não presta atenção na porra da rua? - Fala, ou melhor grita um homem para mim descendo do carro, que por pouco não me atingiu. E uau, é uma bela visão.

- Eu? Talvez o motorista que seja um imprudente babaca. - Revido gritando também e ele levanta as sobrancelhas.

- Eu sou o babaca agora? - Ri sem acreditar no que escutou.

- Não, fui eu que quase acabo de atropelar uma pessoa aqui. - Pego minha bolsa que caiu no chão durante tudo isso e me viro, saindo dali.

Caminho calmamente enquanto o escuto me chamar mas simplesmente ignoro, mandando um beijo por cima do ombro e seguindo meu caminho.

Eu realmente não estou com meu espírito de barraco hoje, uma pena.

PLÁGIO É CRIME!!