Capítulo 2.

11.1K 1.3K 3.9K
                                    


Louis


No segundo dia de aula, era uma Terça-feira digna de um dia de praia. O sol tinha dado as caras novamente, o vento não estava frio e haviam poucas nuvens no céu. No interior da Inglaterra (principalmente no norte), um dia de sol era um dia de ouro, e todos nós ali, no campo de Futebol da Lemington Centre, nos sentíamos dourados.

Eu tinha treino todas Terças e Sextas, e depois de uma temporada inteira de férias, o treinador Richie estava pegando fogo. A cobrança era gigantesca para o próximo campeonato, fora que nosso time ainda estava desfalcado. Às vezes eu tinha a impressão que ele gritava tanto que em qualquer hora dessas ele iria inchar e explodir de raiva. Nós jogávamos bem, mas as férias haviam sido longas. Eu precisava melhorar os meus passes e tinha quase certeza que havia engordado uns 2 quilos. Niall só sabia fazer piadas fora de hora e mexer no celular em vez de treinar a defesa, enquanto Carter e Henry Bowers se distraíam olhando as líderes de torcida e fazendo gestos inapropriados enquanto elas caíam na gargalhada. O treinador Richie chamou a atenção dos dois, e eu achei graça. Todos treinando da sua própria maneira, e olhando de fora, aquilo parecia um circo. E é quando eu escuto:

-TOMLINSON!

Me disperso do transe e corro até ele. Richie era um homem de meia idade, rabugento, estressado e ex-astro do Futebol que não teve um futuro muito promissor. Divorciado e amargurado, descontava cada ato de raiva em seus jogadores. Por mais que ele aparentasse gostar de mim, sentia que hoje era capaz dele me puxar pelo cabelo e chutar o meu traseiro com força.

-Você, por algum acaso, sabe que número está escrito nas suas costas?

Eu fico confuso mas uma resposta automática sai da minha boca.

-10, senhor.

-Isso mesmo. 10. Você é o capitão desse time. E sabe o que você parece?

Engoli a seco e abaixei a cabeça.

-E-Eu...

-A porra de uma gazela preguiçosa e distraída correndo nesse campo! -Ele gritou e eu gelei.

-Você precisa agir como um capitão! Então vê se reúne o time e faz o seu trabalho, antes que eu peça demissão, volte pro meu apartamento e me enforque por treinar um time tão ruim! 

Eu assenti, duvidando da sua sanidade mental, e corri em direção ao centro do campo. 

-CENTRO! -Eu gritei pela primeira vez naquele treino desastroso, e logo os outros jogadores estavam correndo em direção a linha branca central do gramado verde. Tinha esquecido do quanto é bom ter esse poder.

Eu respirei fundo, e quando todos fizeram uma roda ao meu redor, comecei a falar usando o tom de voz mais sério possível.

-Escutem aqui. Não é porque ganhamos o campeonato no ano passado que esse ano vai ser a mesma coisa. A gente tem que treinar, bolar estratégias, sermos bons e suficientes para aquela merda de taça ser nossa outra vez. -Eles olhavam para mim com atenção, e quase que com devoção. Eu achava engraçado, e no começo não acreditava que aquilo fosse sério, mas era. Eu era o capitão. O cabeça. Tinha a autoridade e a calma que fazia com que todos soubessem que eu estava certo. E isso é algo que nunca vou entender.

Porque eu?

-Carter, você é o atacante. Mantenha a bola na porra da chuteira e tente finalizar direito, com força. Perdemos três gols no campeonato passado por que você errou o gol. -Eu disse, e Carter me olhou duro, mas com respeito. Acho que eu era a única pessoa doida o suficiente para falar com ele daquela forma. A única pessoa que de fato fazia isso e não levava uma surra.

You flower, you feast ♦ [l.s] [finalizada]Where stories live. Discover now