You flower, you feast ♦ [l.s] [finalizada]

Capítulo 6.

Harry 

(Who's gonna pick you up when you fall? Who's gonna drive you home... ) 

Acordo, pego meu celular de abrupto e desligo a música, que é o meu despertador. Odeio The Cars. Isso faz com que eu me levante o mais rápido possível todas as manhãs para desligá-lo. É uma jogada de mestre, eu sei. Meus olhos estão inchados de sono, e tenho um vislumbre mágico do meu corpo cansado voltando para os lençóis macios, mas sei que não posso. Sei que tenho aula, e que não posso me atrasar.

Além do mais, hoje será diferente. Nada de selvagens no ônibus. Nada de histeria juvenil. Não, nada disso.

Me levanto com um sorriso irritante no rosto, pois não consigo tirá-lo de lá por alguma razão. Tomo um banho rápido e escolho uma roupa. Aproveitando o bom tempo, decido ir com shorts jeans midi, que batiam um pouco acima do joelho e que tinham as barras largas. Escolhi uma camiseta cinza e a pus para dentro do short, caso contrário ficaria enorme. Decidi deixar meu cabelo solto, e logo desci as escadas com pressa. O cheiro do café de Robin estava se alastrando pela casa.

-Bom dia. -Ele diz, me olhando através do jornal, com seus óculos embaçados.

-Bom dia, Rob. -Digo e me sento a sua frente.

-Acordou mais tarde hoje. Não vai se atrasar pra pegar o ônibus, filho?

-Hum, sobre isso...

-O que? Haz, já são quase oito e meia. Vamos, eu te levo. -Ele diz encarando o relógio preocupado, e deixando o jornal de lado.

Eu bebo um gole do café. Tem gosto de grãos e de canela. É delicioso, mas nunca igual ao da mamãe. É meio egoísta falar isso, mas Robin e vovó não chegam nem perto. Nunca mais tomei um café tão gostoso quanto o dela.

-Na verdade, eu já tenho carona.

Ele franze o cenho e arqueia uma sobrancelha. Quase me sinto ofendido, mas sei que não foi a sua intenção. Só que de fato era algo incomum, e isso não era segredo pra ninguém.

-Posso saber quem?

-Um amigo. Ele é do segundo ano, já dirige. Nunca mais vou me atrasar! Incrível, não? Agora...

-Harry, que amigo é esse? Não lembro de você ter me contado sobre amigo nenhum.

Eu bufei.

Lá vamos nós.

-Então...se lembra da detenção de Terça?

-VOCÊS SE CONHECERAM NA DETENÇÃO?

Sinto vontade de rir porque era verdade. Não cem por cento, nos conhecemos um pouco antes. Mas era quase isso.

-Bem, é. Mais ou menos.

-Deus do céu, você vai com um delinquente pro colégio?

Não me aguento. Solto uma risada alta e bebo mais um gole do café.

-Não, não, pode ficar tranquilo. Ele é o contrário, pra falar a verdade. -Digo, e arqueio as sobrancelhas. -Ele é do time da escola.

-De futebol?

-É.

-E vocês são amigos?

É, eu sei. Me sinto ofendido mais uma vez, mas de novo não posso culpá-lo. O gay autêntico com o capitão do time. Pois é. Improvável? Inusitado? Talvez. Mas aconteceu. E nenhum de nós dois pediu por isso. Nenhum de nós teve culpa. Talvez Louis por não ter fechado a porta, ou eu, que poderia ter procurado um banheiro no andar de baixo. Mas agora era tarde. Eu só precisava de uma carona ao colégio, e Louis de seu segredo guardado. Só.