Capítulo 2: A falha no plano

10.2K 666 652
                                    


       A medida em que vou correndo pelos corredores eu me sinto cada vez mais sem ter para onde ir. É como se todas as paredes a minha volta estivessem se fechando me aprisionando em um lugar de onde eu não tenho nenhuma chance de escapar. É incrível como esse castelo gigante se tornou tão claustrofóbico de repente. Paro esbaforida no meio de um corredor qualquer do terceiro andar e me apoio na parede tentando recuperar um pouco do meu ar. Eu deveria estar indo para a aula de Defesa Contra a Arte das Trevas agora, mas a última coisa que quero é entrar numa sala de aula cheia de pessoas que, com certeza, vão perceber que tem algo errado comigo.

       Como isso pode acontecer? Eu fiz tudo certinho a minha vida toda. Eu fui uma boa filha, uma boa aluna, uma boa amiga e até tentei ser uma boa irmã. Então, na única vez que eu faço alguma coisa ligeiramente louca eu tenho que sofrer com as consequências disso para o resto da minha vida. Sinto minhas pernas amolecerem e me sento no chão com as costas apoiadas na parede e seguro minhas pernas junto ao meu peito. Quando a primeira lágrima escorre involuntariamente eu encosto a cabeça nos meus braços e me deixo desabar.

       Sinto meu sangue gelar ao lembrar do olhar de pena que a Madame Pomfrey me lançou antes de dizer as palavras fatais que virariam meu mundo de cabeça pra baixo. "Você está grávida, Senhorita Evans". Grávida. Eu, Lílian Evans estou grávida. E não é de qualquer pessoa. Eu estou esperando um filho de ninguém menos que James Potter. Como eu pude ser tão burra? Eu estava tão preocupada que ninguém descobrisse que eu tinha transado com o Potter que nem pensei que nós dois estávamos bêbados demais para lembrar de usar o feitiço de proteção. E como fazem meses que eu terminei com o meu último, e único, namorado obviamente eu não estou tomando nenhuma poção preventiva. Então é claro que eu devia ter tomado uma poção do dia seguinte! Mas a idiota aqui não pensou em nada disso.

       A quantidade de lágrimas aumenta consideravelmente e eu me abraço ainda mais já soluçando e sentindo o meu corpo tremer. Por que isso foi acontecer? Tudo estava indo tão bem. Meu plano de fingir que não houve nada entre eu e o Potter estava saindo melhor do que encomenda. Nessas últimas três semanas todas as vezes em que nós dois nos esbarrávamos por aí ele simplesmente ficava me encarando com um olhar estranho a distância. Sem piadinhas, sem comentários inconvenientes, sem convites para sair seguidos de uma piscadinha marota. Nada. Sem falar que, com certeza, ele não contou para ninguém sobre a gente porque eu já teria ouvido algum burburinho pelos corredores se tivesse feito. Estava tudo perfeito!

       Pelo menos até os enjoos começarem aparecer. Eles começaram discretamente, um leve mal-estar quando eu acordava. Então eles começaram a ficar mais fortes e o cheiro de torta quentinha no café da manhã, que antes eu amava, começou a me incomodar. Na semana passada levantar da cama e ir direto para o banheiro vomitar passou a fazer parte da minha rotina. Mas foi só hoje, quando eu decidi pular de vez o café da manhã para não correr o risco de sair correndo para o banheiro que eu segui o conselho da Lene e fui até a enfermaria. Eu esperava que a Madame Pomfrey dissesse que eu estava com uma virose ou até mesmo algo mais sério como uma gripe dos duendes, mas não grávida. Gravidez não tinha sido uma opção.

       O barulho de vozes distantes faz com que eu me levante de supetão. Olho para o relógio no meu pulso e vejo que acabou de dar 17 horas. Daqui a pouco esse corredor vai estar cheio de alunos animados pelo fim das aulas e eu definitivamente não quero cruzar com nenhum deles. Faço então a única coisa que me parece lógica. Volto a correr, mas dessa vez com um destino bem definido: o meu quarto, mais especificamente a minha cama. Me enrolo na minha coberta e fecho as cortinas em volta da minha cama lançando um abaffiato (obrigada, Snape por isso!) nelas para não ser ouvida caso a minha crise de choro volte, o que eu não duvido nada. As meninas sabem que eu não estava me sentindo bem então tenho certeza que elas não vão estranhar eu estar deitada tão cedo, e nem eu não ter aparecido na aula.

Um bebê a caminho (Fanfic)Onde histórias criam vida. Descubra agora