Capítulo 9: O medo entre nós

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Chloe

Quando saí da casa de Melissa, o relógio marcava três e meia da tarde. Emma e Melissa insistiram para que eu ficasse até o almoço e, quando terminamos a refeição, Melissa puxou-me para vermos filme. Eu sabia que ela só queria me distrair e, realmente, eu era grata a ela por isso.

Desde pequena eu tenho uma timidez fora do normal. Às vezes, eu penso que, talvez, na infância fosse mais sociável do que depois que cresci. Na escola, eu só falava com alguém quando vinham até mim, afinal, eu tinha medo de ser rejeitada ou de fazer amizade com pessoas que não eram tão verdadeiras. Sempre fui só eu. Bem, Deus e eu, já que nunca estamos sozinhos.

Aos treze anos, quando conheci Lucas, ele passou a ser um motivo a mais para eu ir à escola. Não que estudar fosse um sacrifício, mas conviver em um local com pessoas da mesma idade que você e não ter alguém para conversar, era extremamente difícil para mim. Só que ele foi um motivo para eu querer que as quartas, quintas e sextas chegassem logo, para vê-lo na aula de ciência ou matemática. Ele parecia não me notar - assim como a maioria das pessoas na escola -, mas eu o notava. Com o passar do tempo, após ver Lucas conversando com tantas garotas, eu desisti de idealizar uma possível amizade ou, talvez, romance com ele. Lucas não era cristão e nem parecia se importar em ir para a igreja. Quando eu já estava conseguindo o esquecer e, de fato, não me machucava tanto vê-lo com outra, surge o trabalho de Química e, curiosamente, Lucas é do mesmo grupo que eu. Tentei ignorar aquilo e disfarçar o que eu sentia, porém a amizade entre ele e eu nasceu e, logo, não tinha mais escapatória. De repente Lucas tornou-se o meu melhor amigo e, novamente, as minhas antigas ilusões voltaram.

Eu era uma boba. Acreditei cegamente nas palavras de Lucas e no que ele dizia sentir por mim. Mas será que era verdade? Bem, isso eu não sei. Só que o meu coração, por mais machucado que ele estivesse, ainda queria acreditar que ele gostava de mim.

A tarde estava ensolarada e eu queria ficar sozinha. Decidi ir à praça, que ficava perto do colégio, e sentei, encostada em uma árvore. Sempre pensei que eu era forte o suficiente para não chorar por um garoto, mas os meus conceitos sobre isso não estavam totalmente certos. Eu era forte, mas isso não me impedia de querer chorar.

- Você está bem? - limpei meu rosto rapidamente e, ao levantar o olhar, revirei os olhos.

- Estou. - respondi.

- Sei que estava chorando, posso ajudar se quiser.

- Confiar em um amigo da Alyssa? Não, obrigada. - murmurei.

Alex ignorou minha resposta e sentou-se ao meu lado, deixando o seu skate.

- Ah, então sou amigo da Alyssa? As conversas espalham-se rápido.

- Pois é. Sua amiga é popular, se você não sabe.

- E você também é. - revirei os olhos. - Você é uma das líderes daquele Cremos que as pessoas tanto falam, não é? - apenas assenti. - Maneiro.

- Olha, se não se importa, eu quero ficar sozinha. - pedi e ele suspirou.

- Não, você não quer. Ficarei aqui, em silêncio, mas sozinha você não vai ficar. Às vezes precisamos de uma companhia. - respondeu e eu apenas suspirei, sabendo que ele não iria embora.

Passou alguns minutos e um silêncio instaurou-se entre nós.

- Então... Estava chorando por conta daquele garoto? - perguntou, quebrando o silêncio.

- Você disse que ia ficar calado. - retruquei e ele sorriu.

- Perdão, mas eu não consigo. - respondeu. - Ele é um idiota.

Confiaremos | Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora