Capítulo 30: Ponto fraco

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Lucas

Enquanto voltava para casa, pensei na tarde que havia passado ao lado de Chloe e um sorriso dançava em meus lábios. Ela sempre conseguia me deixar sorrindo feito bobo. Quando finalmente cheguei em casa, percebi que minha mãe ainda não tinha chegado do trabalho, então fui para o meu quarto tomar um banho. Vesti uma bermuda jeans com um moletom preto, já que o tempo estava frio.

Ouvi a campainha tocar e por um momento imaginei que minha mãe poderia ter esquecido sua chave quando saiu, então fui abrir. Mas não era ela.

- Pai? - indaguei e ele me olhou, com os olhos marejados.

- Eu recebi alta. - explicou e, sem delongas, o abracei.

Não me importei em chorar em seu ombro, sequer limpei minhas lágrimas. Meu choro era de agradecimento a Deus por ter salvo o meu pai e, principalmente, ter o curado. Deus ouviu as minhas orações, Ele não tarda e não falha!

- Por que não me contou?

- Eu queria te fazer uma surpresa! - contou e eu sorri, em meio às lágrimas.

- Eu sempre acreditei que você seria curado!

- Eu sei. - falou e algumas lágrimas desceram pelo seu rosto. - Eu te ouvia desde o primeiro dia que você foi me visitar na clínica. Eu me perguntava como você era capaz de perdoar alguém como eu, que tinha te magoado tanto e feito coisas tão ruins com você e sua mãe, mas ao mesmo tempo, saber que você havia me perdoado foi algo pelo qual me fez lutar pela vida. Mesmo com obstáculos, eu lutei para voltar e ser um pai de verdade para você, Lucas! Mesmo que você já tenha me perdoado, eu ainda preciso pedir perdão por tudo que fiz.

"Me perdoe, filho. Me perdoe por nunca ter sido um pai de verdade para você. Me perdoe por não ter consolado o seu choro, durante as madrugadas que você não conseguia dormir, me perdoe por ter afastado a sua mãe de você, me perdoe por ter dito tantas coisas horríveis, como dizer para você que sua mãe não te amava, me perdoe por nunca ter ido para alguma festa da sua escola de dia dos pais, me perdoe por ter sido tão ausente e por não ter sido o pai herói que você deveria ter... Perdão por tudo! Eu prometo que, de agora em diante, eu serei o pai que nunca fui para você!"

Ele disse todas essas palavras olhando em meus olhos e eu não pude ter dúvidas que aquelas palavras eram sinceras.

- Eu te perdoo, pai! E Deus já te perdoou também! - afirmei e ele me abraçou.

Ficamos um tempo abraçados e eu ainda chorava. Ouvi o barulho do carro de minha mãe e meu pai pareceu ficar apreensivo com a presença dela.

- É melhor eu ir. - disse e eu o impedi.

- Espera, pai. Para onde você vai? Onde vai ficar?

- Eu tinha um dinheiro em minha conta do meu antigo trabalho, então aluguei um pequeno apartamento para ficar, não precisa se preocupar! - alegou.

- Mas e o seu trabalho?

- Bom, é bem claro que eu fui demitido, mas eu já estou procurando emprego na minha área e creio que Deus irá me ajudar! - respondeu e eu suspirei.

- Sem dúvidas! - afirmei.

Minha mãe abriu a porta de casa e, quando viu o meu pai, seu rosto pareceu tenso.

- Walter, que surpresa! - comentou ainda sem reação e meu pai pigarreou.

- Annelise. É um prazer revê-la. - respondeu. Era nítido em seu rosto que ele não sabia o que dizer.

- Não sei se posso dizer o mesmo! - disse minha mãe, em um tom rude.

- Mãe... - iniciei, mas meu pai me cortou.

Confiaremos | Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora