A solução

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Pouca iluminação. Mal cheiro. Apenas dois pares de olhos castanhos brilhantes se encarando. E uma fumaça roxa por toda a volta. Regina não conseguia raciocinar direito.

- Me. Solta. - foi tudo o que Regina conseguiu falar

- Uau, depois desses anos todos você deu uma ordem para sua filha! Qual a sensação, hein?

- Eu. Disse. Para. Me. Soltar. Aonde estamos?

- Isso não interessa, até porque sua trupe maravilha não vai poder vir te resgatar.

- Katherine, pra que isso tudo? Porque você simplesmente voltou para mim? Você é minha filha!

- Fácil dizer isso quando você esta entre a vida e a morte! Você acha que eu não te observei por todos esses anos? Na esperança de ver a minha mãe se lembrar de mim. Mas não, isso nunca aconteceu. NUNCA! Nem uma simples lembrança de mim. E depois que esse muleque chegou na sua vida, você simplesmente esqueceu que tinha me parido! Você me esqueceu, simplesmente me esqueceu. - seus olhos começaram a lacrimejar imediatamente

- Você veio de um momento muito difícil da minha vida. Te criar seria um desafio imenso, toda vez que te olho logo lembro do seu pai e... Não seria fácil...

- Não me venha com esse tipo de desculpas! Você poderia muito bem ter me deixado com alguém de sua confiança mas não preferiu me largar recém nascida no meio daquela floresta escura e fria! Se nao fosse pelo Merlin eu nem quero imaginar o que poderia ter acontecido.

Esse dia vinha se repetindo na mente de Regina desde o momento em que recebeu sua primeira carta e não estava mais aguentando essa tortura

- Bom, acho que você esqueceu quem é sua mãe... - Com um movimento ligeiro de suas mãos ela conseguiu se livrar daquelas algemas. Um certo calafrio passou por Katherine nesse momento. Algo como medo. Mas nada que superasse seu desejo de se vingar. - Sim, esse foi com certeza uma das maiores maldades que eu ja fiz e olha que não foram poucas. Você realmente acha que eu te esqueci? Você é o principal motivo de toda a minha tristeza. Te perder e logo depois perder seu pai... Tudo que havia de bom dentro de mim tinha ido embora. E foi assim que me tornei essa pessoa.

- NÃO! De jeito nenhum isso vai me convencer! Você podia ter voltado pra mim! Preferiu ser uma megera ingrata e que só pensava em si mesma! - Com os olhos cheios de lagrima e suas maos sendo iluminadas por uma luz roxa, Katherine arremessou sua mãe élo vidro do principal ponto turisco da cidade até que chegasse no meio da rua.

Mesmo abalada com a queda, Regina conseguiu se mexer e ao ver que sua filha ja estava de prontidão em sua frente com aqueles saltos pretos cintilantes pisando em sua barriga ela viu que precisava jogar na mesma moeda pois acabava de perceber o quão parecidas elas eram.

- Você pode até ser minha filha... mas preto é a minha cor!

Com o mesmo golpe, a Rainha Má joga sua filha longe até que se escore numa parede da padaria ja fechada. Com passos largos e furiosos, Regina se aproxima daquele rosto tao jovem segurando-a pelo pescoço. Elas eram tão parecidas, até mesmo a cicatriz na boca amabas tinham no mesmo lado.  Ao mesmo tempo que apertava Katherine ela tentava não se abalar pelo misto de emoções daquele momento e então, a jovem feiticeira quebra o silêncio falando com pouco fôlego.

- Você pode até ser minha mãe... mas não sabe os mesmos feitiços que eu!

"E aqui tem todos os feitiços que você pode usar para.. hmm... meio que "infernizar" o dia de alguém."

A fala de Alex logo veio na sua cabeça como um companheiro de luta lhe jogando uma arma como ajuda. Katherine levantou suas mãos por detras da cabeça de Regina e mexendo seus dedos levemente a hipnotizou. Conseguiu fazer com que a mente de sua mãe reunisse todos os momentos de arrependimento e dor que a mesma tivesse vivido. Ela cai. Lágrimas escorrem pelo seu rosto e começa a implorar para que parem.

- Tudo isso foi o que você mereceu. Por não ter me amado, por ter me trocado, por ter me esquecido...

Katherine se aproximava a cada palavra até chegar com sua mão ao peito de Regina e arrancar seu coração.

- Katherine... 

Ela apertava o coraçao negro em suas mãos e via que tudo aquilo que ela sempre planejou estava acontecendo logo em sua frente. Levantou sua cabeça devagar e direcionou o seu olhar para sua mãe de forma serena.

- Últimas palavras, mamãe?

Regina respirou fundo, mesmo com a dor que sentia com o aperto em seu coração e começou a cantarolar com poucas forças.

- Bad dreams, bad dreams, go away. Good dreams, good dreams..

- Here to stay.

Assim que Regina avistou sua filha, aparentemente com seus 3 anos de idade, brincando com aquele senhor pelo portal ela nao se conteve. Esperou por algumas horas e o abriu novamente mas dessa vez ela entrou. Viu que a criança estava acordada chorando baixo e que o idoso estava dormindo pesado. Nesse momento, ela saiu da árvore onde estava escondida e sentou ao lado dela e cochichou:

- Ei Kat, por que esta chorando? Pesadelos?

- Sim... mas quem é você?

- Hmmm... sou como uma fada madrinha e tento ajudar criançinhas que choram muito a noite. Me chamam de Má... apelido de Mama, é claro

- Entendi. Nome estranho mas você é legal - disse a criança fungando

- Olhe só, sempre que tiver pesadelos assim lembre-se da minha voz cantando para você - Regina abraçou a pequena Katherine de lado e começou a melodia - Bad dreams, bad dreams, go away. Good dreams, good dreams, here to stay. Agora repita comigo!

Depois de falarem mais duas vezes, a criança caiu no sono. Regina a ajeitou na cama e deu um beijo em sua testa, o que fez escorrer uma lagrima de seu rosto e saiu dali antes que pudesse estragar tudo novamente.

- Você... era a fada madrinha? Não, não, eu teria lembrado do seu rosto. Você só está me enganando. - Ela aperta com força o coração, um movimento mais brusco e tudo terminará bem ali.

- Usei um feitiço... para que nao reconhecesse mais meu rosto. Viu só? Você sempre foi o meu primeiro amor. Tudo que fiz até aqui foi para preencher o vazio de não te ter. Fui covarde em não voltar mas era para o seu bem. Você não merecia uma mãe como eu. Mas, por favor, sei que posso ser essa boa mãe agora. Me perdoe!

Silênio. Katherine ainda está mexida que foi sua mãe que a ajudou a dormir em noites assustadores. A música que a consolou na terra do nunca. Quando sentia saudades de Merlin. Quando se sentia sozinha. Ela nunca esteve sozinha. Sempre esteve com sua mãe ao seu lado.

"Escrevi várias histórias para contar a Katherine para que o ela soubesse que sendo uma boa pessoa e fazendo o bem para alguém, você terá seu final feliz."

A voz de Merlin surgiu em sua cabeça. Sempre sendo um bom conselheiro, é claro. Foi ali que ela percebeu como seu bom velho tio sempre soube que esse dia poderia chegar, que todo o seu poder misturado com a raiva se tonaria algo maligno. Merlin estava ali, vendo que cada passo seu se tornaria vingança mas também sabia do quão puro era o coração de Katherine. Que aquela menina, que dormia sempre depois de ouvir "e viveram felizes para sempre" poderia ter o que merecia. Nada daquilo era sobre ter o que lhe tiraram, mas sim de recomeçar. Erros sempre são cometidos e muitos deles não podem ser resolvidos de imediato. Mas o perdão é uma virtude que anda ao lado da bondade e isso... é maior que qualquer deslize ou truques de mágica. Essa citação de seu velho mago veio como uma luz para que respondesse sua mãe com apenas três passos e três palavras.

Ela colocou o coração de Regina em seu devido lugar. A abraçou e disse: 

- Eu te perdoo.















The Evil PrincessWhere stories live. Discover now