Clara Narrando
Quando ele volta pra sala eu ainda não tenho tocado na comida. Estou constrangida demais. Na verdade não é constrangimento , é a aquele sentimento que faz a gente perder até a fome. É medo. É culpa. É um misto das duas coisas.
Ele senta no sofá em frente ao que estou sentada. Está vestido, obrigada Deus. Mas está muito cheiroso, eu que lute!— Posso comer um pouco? — perguntou.— Com você? — Faço que sim com a cabeça. — Você não tocou na comida. — diz. E soa meio ríspido.
Nossa não sei como ele consegue agir como se nada tivesse acontecido. Apesar que seu tom de voz mostra certa irritação.
— Clara, me desculpa . De verdade. — seu tom de voz é mais calmo agora. E percebo que ele está sendo sincero.
— Tudo bem. Eu também sou tão culpada quanto você. E também estou arrependida. — Confesso.
— Eu pedi desculpas, mas não disse que me arrependi. — Agora ele me encara profundamente. — Sinto algo por você, Guria. Maldito seja eu, mas sinto.
— Eu só estou aqui a algumas semanas, não seja ridículo. E ainda assim, isso não deveria ter acontece, Heitor. Estou me sentindo péssima, mal cheguei e estou traindo minha própria mãe! Meu Deus, isso soa tão absurdo. — Faço uma pausa para ouvir o que ele tem a dizer mas ele permanece calado, então prossigo: — Eu acho melhor eu ir embora antes que aconteça algo pior, antes que eu destrua o casamento de vocês. Vou sair da fazenda antes que eu acabe destruindo o casamento de vocês.
— Primeiro: Você não vai sair da fazenda. E segundo: Você não pode destruir o que já está destruído.
— O que você quer dizer com isso?
— Que nem tudo que aparenta ser é real. Eu e sua mãe quase nos separarmos há um ano, ela te contou? — balanço a cabeça negando. — Pois é verdade. Eu dei entrada na papelada e tudo mais...
— E o que aconteceu depois? — Pergunto curiosa. Minha mãe nunca mencionou uma possível separação.
— Eu meio que fui obrigado a voltar atrás. Acabamos não nos divorciando, como você pode ver.
— Foi obrigado? Fala sério! Ela por acaso apontou uma arma em sua cabeça e te forçou? — Falo ironicamente.
— Na minha cabeça, não. Na dela.
Um arrepio percorre todo o meu corpo.
— Ela não fez isso...— Um soluço escapa.
— Eu Não deveria ter falado isso para você. Mas foi exatamente o que aconteceu, me lembro como se fosse hoje. Estávamos tendo uma discussão no nosso quarto por causa do divórcio, ela não aceitou muito bem é óbvio. Ela sabia onde eu guardava minha arma, foi até lá e apontou para a própria cabeça. Por uma fração de segundos eu achei que ela fosse atirar. Foi aterrorizante.
Eu estou chorando. Imaginando a cena. Imaginando o que ela faria se soubesse o que aconteceu entre eu e Heitor. Entre a filha dela e o marido.
— Só depois que falei que não iria mais me separar dela que ela se acalmou. Consegui pegar a arma da mão dela. Foi isso, demoramos quatro meses para nos reaproximarmos.
— Posso saber qual foi o motivo do pedido de divórcio? — Pergunto secando as lágrimas.
— Traição. Ela me traía com um de seus clientes da agência. Descobri através de uma mensagem no celular dela. Ela negou no começo, é claro, mas por fim acabou confessando.
Fico calada pois não sei o que dizer, ele Também. E justo nesse instante minha barriga faz um barulho muito alto. Ele abre um sorrisinho de canto.
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Meu Padrasto Sedutor
RomanceTudo Começa Quando Clara Mendes Uma Jovem de 19 anos Vai morar com sua Mãe Suzanne, e com seu padrasto Heitor D'leon. Sua mãe Suzanne casou com Heitor quando Clara tinha 10 anos, após o seu pai morrer, quando ela tinha 15 anos, viajou para Europa po...