4: Maldade.

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"Querido diário, acho que minha vizinha viu o meu presente.

Hoje não tenho aula, graças a Deus,

mas hoje é dia de ir a igreja com meu pais como uma família feliz.

Hora de descer e ver o que houve com a vizinha."

Desci, as portas estavam abertas, meus pais estavam lá fora na casa da vizinha,

sai e fui ver o que estava acontecendo,

se bem que eu já sabia muito bem.

A vizinha estava com os olhos encharcados e assustados,

eu estava querendo rir, me segurei.

- Filha entre! Não pode ver isso. Minha mãe avisou.

E então eu vi, Heros estava com a boca e os olhos costurados.

"Eu sou uma artista, vai que ele tentasse latir depois da morte? Costurei os olhos

dele para que ele não olhasse mais ninguém com aqueles olhinhos.

Como ele me olhou pedindo para não morrer, aquilo não me deu pena nenhuma,

só mais vontade de matá-lo." Eu pensei comigo mesma.

Meus pais entraram, falando da crueldade imensa da pessoa que fez aquilo com o pobre cão.

- Monstro! Uma pessoa sem coração.

  Doente. Falava minha mãe e meu pai concordava com a cabeça.

"Ei! Olha só o que falam!

Não precisam falar muito." Precisam moderar as palavras aqui viu!

Hora de tomar café, depois igreja.

Estávamos todos prontos, eu estava só escovando meu cabelo, peguei minha boneca que sempre levava comigo,

era uma boneca que minha mãe me deu quando tinha  4 anos, era uma linda boneca de pano com lindos cabelos loiros e olhos azuis, minha mãe dizia

que era eu, eu a chamava de Annabelle.

Enfim, peguei Annabelle e fui até o carro...

Chegamos na igreja, era bem pequena

e aconchegante, todo mundo estava sentados no seu lugar, outras de joelhos orando, tinha uma cruz de ouro no centro da igreja, a gente sempre sentava na frente, todos achavam que éramos a família perfeita.

O culto acabou, todos se despediam educadamente e trocavam palavras

de paz, eu ficava calada e quieta.

Todos nós estávamos no carro quando o telefone do meu pai tocou, ele viu

e desligou, eu também vi.

Melissa Collins, minha tia.

A vadia e irmã da minha mãe.

Minha mãe não percebeu, e eu não poderia deixar barato.

- Pai, a titia estava ligando.

- Filha, não foi ela quem ligou,

eu não falo com ela a muito tempo, foi meu amigo do trabalho.

- Mas eu juro que vi o nome dela. estava destilando veneno.

Minha mãe olhou para ele com uma expressão de reprovação.

- Filha já disse que não foi ela.

Você se enganou! Ele falou nervoso.

Deixei de insistir, já sabia que isso seria

o suficiente para criar um conflito.

Chegamos em casa, tudo estava calmo,

minha mãe entrou calada, meu pai estava cismado, subi até o meu quarto

para deixá-los a sós e a coisa pegar fogo.

Estava entendiada, devo assumir que matar animais é bem divertido...

"Bem que o Heros poderia estar vivo agora para eu matá-lo de novo." Eu pensei.

Pude ouvir meus pai conversando,

ele tentava explicar, não brigaram como eu esperava. Peguei meu diário.

"Querido diário, hoje o dia passou bem rápido, a igreja foi legal e a volta melhor ainda, agora está bem entendiante,

eu não tenho nada para fazer, então vou colocar em dias os meus planos para

que a professora Julia denunciasse meu pai por estrupo, eu tinha que me machucar. Escrevo depois o que aconteceu amanhã na escola,

por hoje é só, boa noite." Fechei e guardei

meu diário, sempre escondendo a chave.

Coloquei a Annabelle deitada na cama,

e me levantei, logo menos eu teria que

descer para o jantar.

Me coloquei em frente ao espelho,

estava com pedaço de madeira,

amordaçei a boca para não gritar

e comecei a me bater nas pernas,

bati uma, duas, três, estava machucando.

Bati duas vezes na outra perna e parei.

- Merda! Merda! Eu falei.

Minha mãe me chamou para o jantar,

tinha que disfarçar a dor, coloquei um vestido longo para esconder as manchas,

desci devagar as escadas.

Me sentei na mesa, minha mãe colocou

um lindo prato de macarrão com queijo.

Quando sentamos na mesa a companhia

tocou, minha mãe colocou uma expressão de surpresa, e foi atender a porta.

- Boa noite! Posso entrar? Disse a voz!

- O que porra você está fazendo aqui?

Respondeu minha mãe ríspida.

Era a minha tia! Não podia acreditar.

Inocência.Where stories live. Discover now