Halloween- O Disfarce

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Não te vou contar todos os dias que passei neste novo corpo, mas sim posso reduzi-los a um par de situações que possas achar engraçadas ou interessantes e é por isso que vou-te contar o que me passou no dia de Halloween.

Mas primeiro, bora situar-nos; era 30 de Outubro e o Pedro apareceu com a chamativa noticia de que a Câmara Municipal tinha organizado uma festa de Halloween no Polidesportivo da nossa cidade. Posso gostar de estar sossegado e retraído do mundo, mas disfarçar-me é uma das melhores coisas que posso fazer como Otaku.

No meio da aula de Biologia virei-me pra Liliana e perguntai-lhe:

-Li, vais à festa de amanhã à noite?

-Obviamente, achas mesmo que eu iria perder uma oportunidade dessas?

A Liliana também sempre gostou de se disfarçar. Mas enquanto eu me disfarço para me sentir diferente, ela disfarça-se para: ou pregar partidas com os mais bizarros fatos ou então para provocar os rapazes com os mais insinuantes fatos. Para seja o que for que estejas a pensar, ela não é nenhuma vadia que anda com um e com outro. Desde bastante novita que ela tinha começado a desenvolver bastantes mais curvas, comparativamente com o resto das nossas colegas, e ela sempre achou engraçado usar essas suas características para pôr-se a provocar os rapazes, sabendo ela que os deixava com a vontade e que não tinham a mais mínima oportunidade com ela.

E eu esperava que continuasse assim na festa e perguntei:

-Já sabes do que vais ir vestida?

-Estou indecisa entre Freddy Krueger ou Secretária Sexy. Tu vais ir de quê?

-Pois... não sei se vais acreditar, mas... Esqueci-me completamente de todos os meus anteriores disfarces. Podias-mos relembrar?- Acho que foi uma maneira de saber o que é que tinha vestido durante os 17 anos como rapariga que eu não vivi mas que todos aqui viram.

-De todos não me lembro mas... fostes: um tigre, uma gata sexy, a Celty Sturluson, o Joker, a Misa Amane, a X-23... Desculpa, mas por agora só me lembro desses. Gostei da gata sexy- piscou-me o olho e ficou a conversa ao devolver-lhe eu um sorriso igualmente perverso.

Com isto fiquei a saber que mesmo com estrogênio e não testosterona, continuava a gostar do Cosplay e disfarce de Comics. Teria de ir a casa, procurara esses disfarces todos, escolher uma personagem para Cosplay original e prontos.

Assim o fiz, mas ao momento de escolher a personagem, a minha mente bloqueou por completo. Deveria realmente fazer cosplay feminino? Ou tentava passar com uma caracterização masculina? Pensei, então, em pedir conselho femenino.

-Sara, o que achas que podia usar para ir disfarçado?... Disfarçada! Vou disfarçada de mulher ou de homem?

-Nunca me tinhas perguntado por isso, costumas saber perfeitamente de o que te disfarçar- Nisso ela estava no correto, eu costumava decidir isto com muita facilidade

-Bem, os testes do 12º mantêm-me mentalmente exausta como pensar bem este tipo de coisas

-Sendo assim... Podias-te vestir de Zombie, é só uma roupa velha um pouco rasgada e depois a caracterização. Perfeito para quando não te podes preocupar com o disfarce porque já te preocupas com os testes.

-Bem... Ok, pode ser. Obrigada

Estava à espera de acabar com aquele dilema de outra forma, mas assim servia. Agora só faltava preparar o disfarce, pedir a alguém que me maquilhasse e passar uma noite em grande lá na festa com os meus melhores amigos.


Acordei ao dia a seguir, bastante mais cedo do costume. Tinha de procurar essa roupa que poderia dar-me um bom aspeto cadavérico. Como sabia que a minha mãe juntava incansavelmente a nossa roupa velha, fui direitinha à caixa cinzenta do tamanho de um forno de padeiro que continha as mais variadas peças de vestir.

Abri a caixa e as lágrimas começaram a cair sozinhas. As minhas calças e calções velhos tinham-se tornado saias e vestidinhos. "Voltarei algum dia a ser eu próprio?", pensei, desesperado. Mas tinha de ser forte, para poder suportar o shock no caso de não voltar ao meu corpo.

Procurei um camisola branca e umas calças de ganga que fossem do meu tamanho mas que já estivessem estragadas de alguma maneira. Não me costou muito encontrá-las e fui à cozinha buscar uma faca para fazer um cortes o mais aleatórios possíveis, três diagonais nas costelas direitas, um na diagonal contaria no abdómen, varias pelas pernas. Não é para me gabar, mas ficou bastante bem; tenho talento para estragar roupa, provavelmente essa seja a razão de que tenha a maior caixa de roupa descartada.

Parecia um SonhoWhere stories live. Discover now