Festa escolar

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Chegando a casa eu contei aos meus pais o da festa e eles disseram que podia ser. Até aqui, tudo bem; o problema foi quando a Sara, que tinha estado a ouvir, puxou-me para dentro do quarto dela para poder falar comigo do que eu realmente não esperava ter de ouvir. Eu tinha estado todo este tempo a usar a roupa mais masculina dentro do que tinha no armário, e tinha-me desenrascado para comprar roupa nova que ainda que tivesse de ser feminina, era bastante mais unisex que o resto. Mas aparentemente, todo este trabalho foi inútil porque a minha irmã tinha-se lembrado de que na minha escola também faziam uma festa de Natal e ela queria, pedia, exigia, obrigava que eu fosse vestido com o vestido que ela me tinha comprado. Ela tinha-me comprado um vestido verde-esmeralda com um corte enorme que imaginei que iria deixar uma perna à mostra se tentasse andar com aquilo vestido. Não me importava ver uma rapariga jeitosa com esse vestido, mas estar eu a vesti-lo... Mas se alguma coisa tinha aprendido nos últimos 17 anos era que discutir com a minha irmã não era bom pra saúde e tive de aceitar. Podes pensar: "se não queres usar o vestido, vais á festa e não usas"; teria gostado de que fosse tão simples, mas por desgraça a Sara era uma das organizadoras da festa da escola e ela iria-me ver lá. Tive de usar.

E foi assim como na noite da festa escolar, lá estava eu com aquele vestido esmeralda bem justo à minha cintura e que deixava a minha perna direita à mostra a cada passo que dava. O Pedro tinha-me convidado para irmos juntos como um par e obviamente eu disse que não queria par, que nos encontrávamos os três lá na festa; e assim foi. Viemos cada um pelo seu lado e logo nos juntámos. A Liliana vinha com vestido de festa curto e roxo, a condizer com o cabelo. O Pedro estava vestido com um fato azul-escuro e com uma camisa branca com os três últimos botões abertos. Dos três eu era quem estava a destacar mais e por isso, a morrer de vergonha. Ainda estou a pensar numa maneira de me vingar da minha irmã.

Durante a festa houveram umas poucas performances preparadas e algumas improvidas. Obviamente eu não tinha pensado sequer em chegar perto do palco mas os meus amigos insistiram em que fosse cantar qualquer coisa. Dato importante: desde os 5 anos que eu tinha estado a assistir a aulas de piano e canto e tinha desenvolvido uma grande facilidade em decorar letras de canções em diversas linguagens. Os meus amigos sabem todos disto e foi por isso que insistiram tanto, só tinha de escolher uma canção qualquer, sentar-me à frente do piano e começar a cantar.

Escolhi cantar o Opening do anime Charlotte e fiquei tão contente por eles terem gostado da minha capacidade em cantar em japonês que aceitei o pedido do publico de que cantasse outra. Desta vez pedi que a Liliana viesse cantar comigo a única que eu sabia que ela tinha aprendido, Paper Moon o segundo Opening do anime Soul Eater que foi um dos primeiros animes que eu tinha visto. Sei que jurar é de mentirosos, mas juro que vi algumas lágrimas saltar com a nossa performance, estavamos as duas radiantes. Tinhas de ter visto a Li a cantar com a força com a que o fez, foi lindo; mas eu também não fiquei atrás, o vestido era um pouco demasiado de gala pra uma festa de Natal, mas encaixava perfeitamente com uma pianista tão boa como eu.

Tenho de reconhecer que até foi uma boa noite, ainda que ao princípio não tivesse querido ir. Todos gostámos de como foi e até ganhei o primeiro premio no concurso de talentos com a Li. Não estava á espera, tinha visto um vídeo no YouTube de uma rapariga do 8º Ano a cantar uma música em Japonês e que tinham gozado bué com ela. Estava assustado de que isso pudesse acontecer-me e nunca tinha ido eu próprio fazer aquilo; mas como sempre, podemos ser facilmente influenciados por outros e eu tinha feito bem em deixar-me influenciar por saqueles dois, tinha visto a minha irmã entre o publico e até ela que não percebia o porque de eu interessar-me por essa coisas, tinha adorado as músicas asiáticas.

A noite tinha acabado bem e era suficiente, voltámos todos às nossas casas sabendo que em pouco teríamos outra festa, mas desta vez seria na casa do Pedro. Uma festa que eu esperava com ansia, adorava jogar no Just Dance dele, mesmo assim... esperava não ter de dançar coreografias muito femininas pelo facto de agora ser uma rapariga. Com este pensamento e com o vestido verde já arrumado, fui dormir, fechando assim mais um capitulo desta minha curiosa historia que te conto só a ti.

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