FAIXA 16 - another one bites the dust

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FAIXA 16 - another one bites the dust

Odessa era a pérola do Mar Negro.

Conforme eles passavam pela orla de uma das praias, a água salgada congelada no raso, o sol se pondo no horizonte, gaivotas ao redor, e viam a beleza se erguer diante dos seus olhos, era fácil entender porque a cidade costeira foi a terceira mais importante do império russo no século XX.

O clima mediterranio se dava pela influência francesa e italiana em relação a arquitetura de suas construções mais antigas.

Kiev poderia ser capital do país, mas era Odessa a jóia turística.

Mas Erik sabia que as coisas estavam tensas na cidade desde 2014, e lamentou que um lugar tão bonito e esplêndido, estivesse passando novamente por um conflito violento, com uma crise entre pró-russos e pró-ucranianosos dada a anexação da Crimeia pela Rússia.

O carro seguiu um caminho para longe do mar, o azul frio ficando ao fundo até sumir em um ponto pequeno, e então ele viu colinas brilharem acima, a vegetação coberta por um denso manto branco, se arrastando por cada pedaço de terra.

O alemão reparou em Blissova no seu lado, em como suas mãos seguravam o volante, seus olhos pareciam conhecer cada milímetro do lugar, na leveza e felicidade que seu semblante carregava.

Ela era tão bonita, tanto por dentro quanto por fora, que o fazia questionar a sanidade das pessoas que diziam o contrário.

Seus olhos se arrastaram preguiçosamente para longe dela, quase que se negando a fazê-lo, e quando mirou para a janela à sua direita, com o declínio de uma colina e a subida da rua, uma casa se fez aparecer em contraste com o ambiente.

Durm não tinha grandes conhecimentos em arquitetura, mas se pudesse chutar, diria que a casa era estilo gótico e muito antiga; tão antiga que poderia ter uns cem anos.

Era bonita e estonteante, imponente e não se dobrando ao tempo. A pintura era de um tom avermelhado como mogno, dois andares, duas torres em cada lado e, pelo menos, dez janelas amplas com vidro mosaico.

Ele imaginou que uma grande quantidade de luz se infiltrava, que deveria ter um escada caracol de madeira e ferro conectando as torres com o andar inferior, e uma grande lareira para todos ficarem juntos à noite. Era uma imagem bonita, e se viu ansiando para confirmar suas suspeitas.

- Fascinante, não é? - Odessa perguntou, encarando com respeito a construção. - A casa existe desde 1915. Sobreviveu a Segunda Guerra Mundial. É um legado que agora minha avó está cuidando com a nossa ajuda e da minha tia.

102 anos de uma fundação que viu um dos piores momentos da humanidade.

- É muito bonita - respondeu com honestidade, impressionado, a casa ficando cada vez mais perto, maior e brilhante; tão mais perto que pode ver uma senhora na varanda, uma garota rodopiando no ar sob seus patins escuros e uma mulher rindo de algo que a mais velha falou.

Rowan surgiu através da porta de vidro, correndo em direção a garota na pista de gelo, tomando cuidado para não cair na neve e escorregar no gelo. Depois outro rapaz saiu pela mesma porta, se sentando ao lado da mulher velha.

Erik olhou novamente para Odessa e viu um sorriso se formando em seus lábios, e percebeu a importância daquele momento.

Estava ali para conhecer a família dela. Conhecer o mundo particular no qual viveu, ver rostos que se assemelhavam ao do dela e ouvir histórias constrangedoras de infância. Iria conhecer um pedaço que não revelava para qualquer pessoa.

The Yellow and Black PlaylistOnde histórias criam vida. Descubra agora