Capítulo 12

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TRÊS MESES DEPOIS

Benedict me encarava pensativo. Ele claramente procurava a melhor forma de responder a minha crise de insegurança em relação a Jackelina.
— Mas ela te explicou o que eles tinham? Se era só uma amizade colorida ou algo a mais? – Benedict quis saber.

— Na verdade, eu não quis saber. Acho que não quero saber. Não é melhor cada um deixar o passado de lado?

— Mas você está inseguro, Tom. Depois de meses com a Jackie, você me vem com essa conversa de que a Jackelina gosta do Jon. Vocês não estão namorando? Não teria porque ela estar contigo se fosse apaixonada por outro. – Benedict parecia não, mas eu acreditava!

Sábado. Já passava das dez da noite. Voltávamos de um jantar na casa de Martin Freeman, pois era setembro e ele estava aniversariando. Eu, Jackie e outros amigos de Martin nos juntamos com Amanda, esposa dele, e organizamos um pequeno jantar surpresa. Tudo correu bem, alegre e festivo, como acontece em todo aniversário sem precisar de detalhes. Eu e Jackie saímos antes do fim da comemoração, porque o voo de Jackelina estava marcado para bem cedo no outro dia e queríamos ficar um pouco sozinhos. Aproveitar um tempo juntos. Nosso namoro, mesmo que, de certa forma, à distância estava dando certo. Eu a admirava como nunca admirei nenhuma mulher e me sentia feliz por estar com ela. Bom, nesse sábado, mesmo com os meus protestos, decidimos caminhar um pouco antes de pegar um taxi. Ela gostava de Londres e achava relaxante caminhar pela cidade. Instantes antes, uma fina chuva tinha caído e isso deixou as ruas molhadas e quase desertas.

— Podia chover de novo – Jackie falou, sorrindo para o céu.

— Chegaríamos em casa encharcados.

— Não tem problema, eu sempre quis dançar na chuva.

— Chuva não temos. Mas podemos dançar – e a posicionei como para iniciar um tango.

— Não, não, não – gargalhou. – Vamos logo andando, tenho que saber da Jenny.

— O bebê está para chegar, não é?

— Por esses dias – e caminhávamos de mãos dadas. – O humor dela está horrível e George não se segura de tanta ansiedade. O sonho dele sempre foi ser pai.

O silêncio nos rodeou.

— É o sonho de muitos homens – respirei fundo, e perguntei meio que casualmente – Jackie, você passou tanto tempo casada – sei que deveria ficar quieto, mas foi automático – nunca pensou em...

— Ter filhos? – Seu rosto assumiu uma expressão pensativa. – Não sei. Acho que não. No fundo, sempre tive a certeza que Matthew não seria o pai dos meus filhos. Ou talvez eu não tenha nascido para ser mãe. Minha família é muito grande, sabe? Tenho muitos irmãos, muito sobrinhos e meio que crescemos no meio de muita gente. Saí cedo de casa pra viver a minha vida e tentar ser diferente. Não sei, talvez não tenha nascido para ser mãe. – Não foi bem a resposta que eu esperava, mas assenti com a divertida lembrança dos Vicenza. Era uma família genuína e de que guardo boas lembranças. Ela continuou – meus irmãos casaram muito cedo e logo tiveram seus filhos. Pra falar a verdade, acho que o normal na minha família é todo mundo casar cedo. Minha mãe sempre me perturbou por um neto e isso até irritava o Matthew, ele também não queria. Nossa vida, nos Estados Unidos, não nos permitia ter filhos. Pensar em sermos pais, então nunca me pareceu uma ideia real.

— Entendi.

Resolvi encerrar o assunto. Não precisava daquele tipo de conversa, precisava? Estávamos a poucos meses juntos e aquela conversa não era necessária, pelo menos ainda. Mas ela continuou.

Thomas - Tom Hiddleston (em revisão)Where stories live. Discover now