q u i n z e

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"Se a resposta é amor, você poderia reformular a pergunta?"

Lily Tomlin

Acordo com uma pontada na cabeça e procuro por Jade ao meu lado, mas não a encontro, ela já foi embora, sem a mínima vontade possível me levanto e fragmentos da noite passada rondam na minha cabeça.

Eu não deveria ter bebido tanto!

Tomo um remédio para dor de cabeça e troco de roupa, só então me lembro de Eneko me chamando ontem.

Ultimamente não vejo muito Eneko, desde o acontecimento com Jade nunca mais falei com ele para explicar, ouço um barulho na cozinha e encontro Eneko bebendo café enquanto lê um jornal.

- Eneko. - ele tira os olhos do jornal se concentrando em mim. - Sobre aquele dia, eu...

- Esquece aquele dia, eu só queria seu bem mas agora vejo que você não quer o mesmo que eu. - bebe um gole de café. - Ela não presta, se você soubesse o quanto ela é ruim não ficaria nem mais um minuto perto dela.

- Ela não é ruim! - explodo.

- Quer dizer que ela já fez uma lavagem cerebral em você, por acaso se apaixonou pela vadiazinha? Que foi? Ela te deu não foi? Por isso essa revolta. - ele ri com deboche.

Tento me controlar mas meu autocontrole parece ter ido para bem longe fazendo com que minha mão se fechasse em punho e quando percebi meu punho acertou o rosto de Eneko com todas as minhas forças. Ele cai no chão com o impacto do meu soco e levanta me olhando surpreso.

- Nunca mais... diga isso dela. - solto meu ar e ele se afasta de mim.

- Já percebi quem você está se tornando, mas saiba que falo isso para te proteger. - me olha por um tempo. - Nossos pais estariam decepcionados.

- Eles nos deixaram! - grito.

Eneko me olha e balança a cabeça como se não aprovasse nada do que disse, ele seca o sangue que saiu de seu nariz e sai pela porta sem dizer mais nada.

Pego o jornal que Eneko estava lendo e me deparo com uma coisa que surpreendeu.

ASSALTANTES ROUBAM O BANCO CENTRAL DE ATLANTA E JUNTO COM ELES LEVAM 4 MILHÕES.

NÃO SE SABE AO CERTO MAS A POLÍCIA DESCONFIA DE QUE SEJA UMA QUADRILHA LIDERADA POR UMA MULHER.

Leio o resto da matéria e parece que o roubo foi nessa noite, justo nessa noite que Jade não veio "fumar" no meu quintal.

Jade teria roubado mesmo esse banco? Por isso Eneko estava falando aquelas coisas? Eu sei que Jade não é a pessoa mais indicada para roubar um banco, mas não posso deixar de ter essa hipótese, aliás, ela tem uma arma. Largo o jornal na mesa e entro em meu carro indo para a faculdade.

Chego a faculdade minutos depois e encontro Lissa e Mikael sentados na mesa que somos acostumados a sentar. Vou a encontro deles e Mikael me olha curioso.

- O que aconteceu? - ele pergunta.

- Sim, você está horrível. - completa Lissa.

- Briguei com Eneko porque ele falou da Jade. - falo tudo de uma vez e os dois me olham boquiabertos.

- Não acredito! Você está apaixonado por ela.

- Não estou, não. - negar é mais fácil que admitir a eles.

- Tá sim, vejo isso nos seus olhos. - Lissa aponta para meus olhos.

Conto a eles sobre Brian e depois sobre o roubo ao banco e quando termino de falar os dois me olham com uma expressão nada boa.

- Espera, é muita coisa para absorver...

- É simples, Emerson lidera uma quadrilha que rouba bancos e esse tal de Brian pode ser algum homem com quem ela ficou por mais tempo que o normal e deve estar achando que ainda ela é dele. - Mikael intervém.

- Ela não é dele! - grito. - Ela não é de ninguém.

- Calma, só estava tentando ajudar. - responde Mikael.

- Vou embora. - levanto e vou para meu carro.

Não vou assistir a aula hoje, preciso vê-la, dirijo até a casa de Jade e a encontro vazia, ela não está.

Como fui burro assim? É claro que ela não está, porque ela está na faculdade.

Sem vontade de voltar para a faculdade pego meu caderno de desenho e começo a usar meu lápis com destreza, vou ficar desenhando até ela chegar.

Passo o dia todo no mesmo lugar até que o sol comece a descer me dando uma visão privilegiada do céu, não comi nada e ainda não sinto fome, só preciso vê-la.

Olho para o desenho que passei toda a tarde fazendo e o rosto de Jade está no papel com os contornos bem perfeitos, me lembro perfeitamente de seu rosto e poderia desenhá-lo várias vezes que ainda assim iria me lembrar.

Uma hora da manhã e Jade ainda não apareceu, onde ela se meteu? Cansado de esperar o dia todo desço do carro e tento abrir sua porta que por sorte não está trancada.

Abro a porta de Jade esperando que ela tenha entrado nos minutos em que dormi, mas quando abro encontro uma coisa completamente diferente.

Prendo meu ar, isso é demais para mim.

A casa de Jade está toda vazia, não tem nem um móvel sequer, esfrego meus olhos tentando não chorar mas isso não adianta muito, um nó se forma em minha garganta e uma lágrima escapa do meu olho.

Minha Jade se foi, é eu nem sei o porquê.

Juro (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now