t r i n t a e t r ê s

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Estou a caminho, ainda me lembro 

destas velhas estradas do interior

quando não tínhamos as respostas

e sinto falta de como você me faz sentir, e é real.

Ed Sheeran - Castle on the hill

Saímos da cabana de onde achei Jade e dirijo até sua casa com Lissa e Mikael no banco detrás. Meus olhos percorrem a estrada com os seguintes pensamentos: para onde vou? O que farei? É o mais importante; o que será de Eneko e Brian?

– Uau, isso que é uma casa! – exclama Lissa quando atravesso os portões da casa de Jade. – Path, por que sua casa não é assim também? – pergunta e mostro o dedo do meio para ela.

– Na verdade, a casa dele é assim sim. – Jade responde por mim e olho para ela intrigado.

– Minha casa é assim? – pergunto e ouço um risinho de Mikael do banco detrás.

Jade balança a cabeça em divertimento e pelos seus olhos ela me passa o que eu precisava saber: ela quer que eu more com ela.

Mas ela mal sabe que isso é tudo que eu sempre quis.

– Bom saber. – respondo e olho para ela pelo canto do olho.

Descemos do carro e adentramos sua casa, quando Clementina vem em nossa direção Lissa e Mikael abrem a boca em admiração.

– Nossa, que casa maneira. – fala Mikael encantado.

–Jade! – Clementina chama Jade e vem até ela lhe acertando um abraço caloroso.

As lágrimas de Clementina brotam e suas palavras saem em soluços que eu não soube identificar o que eram. Ela levanta a cabeça ainda sem soltar Jade e olha para mim com os olhos brilhando.

– Garoto, você a trouxe de volta. – ela me abraça e Jade se junta. – Obrigada, não tenho nem palavras para expressar minha gratidão.

Por um instante não sei o que dizer e deixo com ele as duas me abracem e logo Lissa e Mikael se juntam fazendo com que eu me sinta em casa como nunca senti antes.

Onze anos vivendo uma mentira que quando descubro a verdade até parece meio surreal, ainda mais uma verdade dessas vindo de Eneko, a pessoa que eu mais confiei.

Ele devia me proteger por ser o irmão mais velho e não nos deixar sem pais e ainda tentar me matar, ou melhor, tentar matar a garota que amo.

Com o abraço que dei com a minha nova "família" refleti por um momento como seria se tudo fosse diferente, se meus pais ainda tivessem vivos, se Eneko não os tivessem matado e sido o irmão normal que ele deveria ser.

Meus pais teriam gostado dela, com certeza, dai nós namoraríamos como pessoas normais e seriámos felizes para sempre – sim, ainda sou aquele garotinho que sonha com o "felizes para sempre". 

Mesmo que aconteça de um jeito diferente com ela tudo fica perfeito.

Depois que meus amigos foram embora decido que eu deveria voltar para casa, por mais que eu queira ficar na casa dela, devo voltar e ter uma conversa de irmão para irmão com Eneko, e ainda tem Corey que pode estar em casa com aquele monstro.

– Jade. – chamo e ela tira os olhos do celular para me olhar. – Vou voltar para casa. – termino de falar e sua expressão muda rapidamente de Jade calma para Jade super estressada, a mesma Jade que ela era quando nos conhecemos.

– Ah, mas não vai mesmo. – ela levanta e fica de frente para mim que ainda estou sentado. – Para ele tentar fazer-não-sei-o-quê com você.

– Eu preciso ir, e além do mais tem Corey que ainda está em casa. – levanto. – Não vou demorar.

Vou até a porta e sinto os passos de Jade atrás de mim, saio de sua casa e quando estou abrindo a porta do meu carro ela segura em meu braço.

– Eu vou com você. – fala. – E não adianta dizer não porque eu vou de moto.

Solto meu ar e por fim cedo, sei que não adiantará discutir com ela agora, preciso me manter o mais calmo possível para quando for conversar com Eneko.

Determinado a dizer a ele tudo o que não disse começo a dirigir e em alguns minutos estou parado de frente a minha casa que parece mais vazia que nunca.

– Fique aqui. – peço e Jade me lança um olhar repreendedor. – Por favor, eu volto logo.

Jade abre a boca para protestar, mas nada sai, como sei que ela irá ficar no carro saio do mesmo e quando estou do lado de fora ela diz.

– Tá, mas leve isso. – e me entrega uma arma.

Pego a arma e a guardo na cintura, com passos firmes e decididos entro dentro de casa e a encontro vazia.

Fofo. – chamo do jeito que ele costumava me chamar.

Mas ninguém responde, como a casa continua vazia subo as escadas e entro em meu quarto, mas quando entro me arrependo na mesma hora porque encontro Corey, meu Golden Retiver deitado no chão com os dois olhos de fora e ao lado dele um bilhete.

Pego o bilhete e escuto um barulho vindo da porta, aponto minha arma para porta e Jade me olha assustada.

– Droga! Eu falei para ficar no quarto. – resmungo pegando o bilhete.

– Eu sei, mas você estava demorando e vim ver o que aconteceu. – se justifica.

– Eu não demorei nem três minutos. – rebato mas ela toma o bilhete da minha mão e fico atrás dela para ler.

No bilhete estava escrito:

Fofo,

Quis te deixar um presente igual ao que você me deu

Espero que goste.

Com amor, seu irmão preferido.   

Cretino, como ele teve coragem de fazer isso com meu cachorro?

Amasso o papel e o jogo com força no chão, quando vejo a imagem dele não me arrependo nem um pouco, agora estou vendo o verdadeiro irmão que eu tenho, ou que pelo menos eu tinha, além de ser maléfico é um sem coração.

- Vamos embora daqui. – Jade segura em meu braço. – Acho que por hoje já deu.

Dou uma última olhada no meu cachorro e com o coração quebrado abraço Jade que me aperta cada vez mais contra si.

- Vem, vamos para casa. – cochicha e dou uma última olhada no meu cachorro.

Voltamos para meu carro e vou para a casa de Jade, ou melhor, ou para minha nova casa.

Juro (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now