t r i n t a e s e i s

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Somos eu e você

ou apenas este mundo em que nós vivemos?

Eu falo que estamos vivendo em amor

eles falam que estamos vivendo em pecado.

Bon Jovi - Living in sin

Depois de fazer amor com Jade na piscina entramos para dentro de casa e tomamos banho juntos, depois de terminarmos de banhar, descemos as escadas e Jade saiu da cozinha com um pote de sorvete nas mãos – achei aquilo exagero, mas não disse nada.

Ela senta ao meu lado e coloca um filme onde encontram uma mulher morta enterrada sob uma casa e depois a levam para um médico legista e seu filho fazerem uma autópsia nela, os dois cortam a mulher e sai sangue dela.

Porra!

Morto não sangra.

Olho para Jade, mas ela parece não se incomodar pelo fato de que mortos não sangram, ao invés disso ela termina sua última colherada e concentra sua atenção no filme.

Começa a acontecer várias coisas estranhas e as luzes no filme se apagam, estou prestes a fechar os olhos quando o corpo de Jade fica mole e ela dorme encostada em meu ombro.

Agradeço internamente por isso e abaixo o som do filme para que eu não tenha que ver o resto – sou um tremendo bundão e tenho medo até de uma barata voadora, quem dirá de uma bruxa morta que pode fazer coisas absurdas.

Parecendo ler minha mente a campainha toca me dando um susto medonho, Jade por outro lado continua dormindo como se não tivesse ouvido nada – e de fato não ouviu.

Como Clementina não está trabalhando hoje tive de ir abrir a maldita porta, no caminho até a porta fiz várias orações para não ser a bruxa do filme que resolveu se enterrar sob minha casa. Abro a porta meio receoso de ser ela, mas ao invés da morta do filme uma mulher com longos cabelos loiros e olhos claros me olhava intrigada.

Por que diabos as pessoas estão entrando aqui com tanta facilidade?

Assim Eneko poderia entrar aqui facilmente e matar a mim e Jade assim como fez com Corey – o meu cachorro.

- Sou Jasmim, mãe de Jade. – fala devagar.

Fico sem saber o que dizer, quantos anos essa mulher deve ter? Porque se ela me dissesse ter 20 eu acreditaria com facilidade.

- Ela está dormindo. – repondo depois de um tempo e a mulher me olha confusa. – Eu não me atreveria a acordá-la agora, ela pode estar com bipolaridade e querer me matar, então, se a senhora...

- Ah não, me chame de Jasmim. – interrompe. – Não precisa acordá-la, querido.

- Mas eu não ia mesmo. – minha língua descontrolada fala. – Quero dizer... vamos conversar lá fora, assim não acordamos ela.

A mulher sorri e concorda com a cabeça, fecho a porta atrás de mim e vou com Jasmim até o banco que eu estava com Jade horas atrás.

- Eu não vou demorar muito, só queria ver se ela está bem. – diz Jasmim me olhando. – Mas me diz, quem é você, afinal?

- Path... Pathiel. – o que sou de Jade mesmo? – Bom, eu sou e... sou amigo dela.

Jasmim me olha diferente e só então percebo que estou sem camisa, droga, como não percebi antes. Lhe dou um sorriso discreto e ela assente com a cabeça.

- Fico feliz em saber que Jade tem um amigo.

Sorrio sem graça e fico imaginando porque Jade não me disse antes que tinha uma mãe.

- A senhora... Jasmim, quer esperar para quando ela acordar? – pergunto e coço meu queixo.

- Ah não, eu já estou de saída. – se levanta. – Foi bom te conhecer, Pathiel.

- Digo o mesmo. – respondo e a mulher me dá um abraço rápido e sai com pressa.

Caminho de volta para a casa de Jade com várias perguntas em mente, encontro-a dormindo e me sento do seu lado. Jade se mexe e abre seu olho devagar.

- Sua mãe esteve aqui. – digo e ela se senta na mesma hora.

- O que ela disse?

- Nada de mais, só queria ver se você estava bem, mas eu disse que a Jade estava dormindo e que não iria arriscar te acordar porque...

- Ela já foi?

Quantas perguntas.

- Pathiel! – me da um tapa no braço.

- Ai! Sim, ela já foi.- respondo e ela solta o ar deitando no sofá. – Algum problema? – pergunto.

- Nenhum.

- Quer falar sobre isso?

- Na verdade, não.

Fico em silêncio e Jade também, desde que a conheci quis saber tudo sobre ela, mas ela nunca diz e quando pergunto fica inventando desculpas sem fim. Lembro-me do que li no diário dela no dia em que invadi sua casa e as palavras que ela escreveu me atingem como grandes ondas do mar.

- Sinto muito pelos seus pais. – ela diz antes que eu possa perguntar qualquer coisa. – Sei como deve estar se sentindo.

- Bom, eles já estão, mortos há onze anos que eu meio que me acostumei, o que mais me deixou triste, foi saber que o irmão que cuidou de mim todos esses anos foi quem causou a minha dor por vários anos sem me dizer nada. – falo tudo de uma vez e me sinto mais leve por falar tudo o que estava preso dentro de mim. – Mas, eu acho que ainda estou esperando ele vir me pedir desculpas para começarmos do zero.

Jade acaricia minha bochecha e passa a mão por todo o meu rosto.

- Esse é um dos motivos pelo qual eu te amo, você acredita no bem das pessoas. – diz e me dá um beijo rápido.

- Acho que não consigo evitar isso. – respondo. – Mas, Jade, me diz o que aconteceu com o seu pai, pode confiar em mim, eu só quero ajudá-la.

Jade se levanta no mesmo instante e me olha furiosa.

- Eu já disse para não me perguntar sobre o meu passado! – fala a plenos pulmões.

- Eu sei, mas...

- Não diga nada, Pathiel. – ela segura em cada lado da minha bochecha. – Eu não me sinto bem para falar isso agora, mas eu juro que, eu ainda vou te dizer tudo, mas não agora.

Balanço a cabeça concordando e abraço ela.

- Desculpa – fala em meu ouvido. -, eu não queria gritar com você.

- Shh, eu entendo.

E como entendo, quando meus pais morreram as pessoas ficavam insistindo para que eu falasse o que estava sentindo, mas eu sempre ficava meio que pressionado e sempre me estressava.

Mas Jade é diferente, não sei o que aconteceu para ela ficar assim, e enquanto não descubro vou me certificar que ela esteja bem.

E de preferência ao meu lado.

Juro (CONCLUÍDO)Where stories live. Discover now