Capítulo 9 | DESLIZES

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- Aceitamos o amor que julgamos merecer.

Minha contagem regressiva tem início no momento em que o Tomás deixa o banheiro furtivamente, e tenho que aguardar alguns minutos antes de fazer o mesmo (só por garantia)

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Minha contagem regressiva tem início no momento em que o Tomás deixa o banheiro furtivamente, e tenho que aguardar alguns minutos antes de fazer o mesmo (só por garantia). Durante todo o percurso pelo corredor, tento pôr as engrenagens da minha mente para funcionar, maquinando uma possível ideia para tirar o carinha do dormitório mais tarde, porém, tudo o que consigo pensar é no quanto eu estive perto de descobrir a grande 'mina do tesouro' do Tomás, e essa frustração eminente acaba bagunçando ainda mais minhas ideias, fazendo de tudo um grande borrão, todo caso, não deixo de me sentir satisfeito, eu tive o Tomás em mãos, eu senti e guardei a sensação de cada toque, e poder desbravar (ainda que parcialmente) o seu corpo, por hora me basta.
Num certo ponto do corredor meu caminho acaba se cruzando com o do Pierre, ele vem na direção contrária e tem a companhia de um outro garoto (que é pelo menos duas vezes mais robusto que ele), e embora algo em mim esteja desconfortável com a situação estabelecida pelo Tomás, o olhar visivelmente ressentido que ele lança sobre mim impiedosamente, acaba sendo o suficiente para que eu siga distante. Uma vez no 107, percebo que o garoto já se acomodou e organizou boa parte das suas coisas, e ver que ele não restringiu o espaço delimitado entre nós já é um pouquinho mais confortável, meu primeiro impulso é de seguir até o banheiro, mas este já está ocupado por ele, de modo que tenho que aguardar até a sua saída (ciente de que essa será a nova regra daqui em diante), não espero mais do que seis minutos, e no instante em que a porta se abre, meus olhos e minha atenção acabam indo de encontro a um único ponto; seu corpo envolto por uma toalha azul que lhe pende na cintura...
Ele deve ter achado que ainda estava sozinho, ou quem sabe (assim como eu) levará um certo tempo até se acostumar com a ideia de ter um companheiro de quarto, o fato é que não leva mais de uns segundos até ele notar a minha presença e voltar para dentro num sobressalto, segurando a toalha com firmeza e batendo a porta estrondosamente, é tudo muito rápido, e contudo não acabo vendo mais do que a sua barriga 'saliente' e seus grandes membros, eu já penso em me desculpar pelo transtorno quando ele novamente saí (agora vestido) e se adianta:

- Foi mal, não ouvi você chegar.

- Eu quem não anunciei minha chegada... - Tento justificar. - Não vai acontecer de novo.

Ele segue até sua cama, debruçando-se, o que causa um leve ranger nas taliscas de sustentação, e enquanto fita o teto, diz:

- Não foi a coisa mais bonita que você viu hoje...

De certo modo tem razão, apesar de tudo, talvez vá levar algum tempo até meus olhos captarem coisa mais bonita que o abdômen do Tomás, do mesmo modo que leva um bom tempo até eu perceber que não é só um simples comentário, vai mais além, eu posso sentir a frustração com seu corpo sendo externada através dessa frase ao acaso, e dá pra ver o quanto essa questão parece incomodá-lo intimamente, ainda que ele tente fazer disso algo cômico:

O Capítulo do Pedro (Spin-off Alojamento dos Héteros)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora