Capítulo 6 | OBEDIÊNCIA CEGA

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- Gosto da verdade, alguém tem que se certificar que ela seja dita.

   Me deixo deslizar sobre a mesa, com o corpo vacilante e entorpecido pelo espanto repentino, até mesmo o ar me falta e sinto algo arder em meu peito como brasa , sou incapaz de juntar as sílabas e formar uma palavra sequer, o mundo a minha volta...

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Me deixo deslizar sobre a mesa, com o corpo vacilante e entorpecido pelo espanto repentino, até mesmo o ar me falta e sinto algo arder em meu peito como brasa , sou incapaz de juntar as sílabas e formar uma palavra sequer, o mundo a minha volta gira e minha mente parece rodopiar junto num loop infinito de várias dúvidas e apenas uma certeza; o meu amor me corresponde, por mais inegavelmente inacreditável que isso possa parecer.
Por esse breve momento ignoro totalmente a presença do Pierre, ele que me observa atentamente e, mais uma vez, numa tentativa meio falha de conter o riso, retribuo o olhar com o semblante mudando de visivelmente feliz para levemente intrigado, então ele confessa:

- Não me leve à mal cara, é só que, você tá aí rindo feito um bobo, e seu 'príncipe de araque' ali te deixou à própria sorte na primeira chance que teve...

Ele aponta o indicador para a filmagem que ainda corre, exatamente no ponto em que o Tomás percebe a aproximação do grupinho e bate em retirada. E ele tem lá sua razão, reconheço, mais prefiro optar pela segunda alternativa:

- Não o culpo, não totalmente. - Contra argumento, criando minha própria visão da situação toda. - Imagine você no lugar dele, aposto que faria o mesmo, estamos falando de imagem, coisa que muitos aqui até matariam para manter intacta!

- Tá enganado meu parceiro. - ele prossegue, levemente incomodado. - Primeiro que eu sou homem suficiente para carregar minhas coisas nas costas, segundo que você tá me comparando ao cara mais babaca do São Vicente (o que é uma baita ofensa), e terceiro que de onde eu venho isso tem outro nome; covardia.

Engulo em seco, dando a discussão por encerrada, mas ainda disposto a manter minhas convicções firmes e intactas, mesmo que o custo por isso seja aturar a cara amarrada do Pierre, que está nitidamente zangado e disposto a contrariar minhas certezas:

- Faz como quiser cara... - ele quebra o silêncio, talvez um pouco rígido. - E fica tranquilo, não vou fazer nada que ameace o caso de vocês ou a imagem dele, agradeça por isso.

- Como assim? - indago, voltando minha atenção rapidamente para o anjinho dorminhoco, que se mexe no colchão enquanto coça os olhos ainda pregados e volta a dormir:

- É que o seu namoradinho declarou guerra contra nós quando recusamos o convite para entrar no 'clube dos fodidos', e a coisa só piorou depois que pus o túnel em prática, essa bendita gravação seria o suficiente para tirar a marra que ele anda exibindo por aí, mas sou um homem de palavra, e não ache que estou fazendo isso por ele.

- Eu não sabia disso... - Admito, feliz demais para me aprofundar em 'conflitos de bando' sem aparente motivo. - Mas obrigado, obrigado de verdade, ele pode até não ser o mocinho como você faz questão de lembrar, mas é o único nesse colégio capaz de arrancar meu suspiro e me tirar os sentidos toda vez que passa pelo corredor, esse tipo de coisa a gente não escolhe, e agora eu realmente preciso ir, preciso saber todas as respostas, não por uma filmagem, não através de você, mas por ele, quero que o Tomás me diga tudo.

O Capítulo do Pedro (Spin-off Alojamento dos Héteros)Where stories live. Discover now