Capítulo 34 | HERÓI

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- Em cada canto da cidade é assim, há sempre uma pessoa sofrendo por outra, que por sua vez também sofre por outra, é uma espiral que não acaba nunca...

- Em cada canto da cidade é assim, há sempre uma pessoa sofrendo por outra, que por sua vez também sofre por outra, é uma espiral que não acaba nunca

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Primeiro ele ri, embasbacado, recusando-se a acreditar em minha afirmação e aguardando que eu revele o real motivo de estarmos aqui. Mas isso não acontece, e logo o sorriso em seu rosto começa a se desfazer, dando lugar a um semblante mais sério e aturdido:

- E-eu... - gaguejo, vendo sua face se apagar e sua postura murchar como uma flor arrancada do arbusto. - Me desculpa...

Ele parece afetado, abatido, ressentido, não há atenuante para isso, já não é o frio da noite que me arrepia a espinha, mas o peso dilacerante da culpa que é só minha:

- Pierre? - tento mais uma vez, e ele me corta a fala no ato:

- O QUÊ?! - vocifera, pegando uma pedra no chão e atirando longe, recusando-se a me olhar nos olhos. - O que você quer que eu diga? Quer que eu abençoe a porra do casamento de vocês?! Casamento esse que pelo visto eu jamais serei convidado, e tudo porquê? Por que o mané do seu namoradinho não confia no próprio pau ao ponto de permitir que outro carinha chegue perto. EU SEI QUE FOI ELE QUEM TE MANDOU FAZER ISSO, BELEZA. E você, como todo viadinho cego e bobo resolveu vir aqui e fazer tudo isso com o rabinho abanando!

Sinto meus olhos marejarem, suas palavras me castigam, esse é o meu flagelo por fazer o que fiz, é tudo minha culpa...

- Olha pra mim! - suplico, e ele o faz, seus olhos não estão marejados como os meus, mas refletem nitidamente sua frustração em relação a mim. - Você acha que estou feliz fazendo isso? Que não estaria fazendo se não fosse realmente necessário? O Tómas tem uma aversão irreparável a você, e agora que ele aceitou a minha proposta de paz apenas com essa condição, é o que farei, eu espero que você entenda que, tudo o que estou fazendo aqui é para acabar de vez com essa...

Ele não espera eu terminar, levantando-se da tora num ímpeto:

- Beleza, não tenho mais o que fazer aqui. - Pontua. - Seja feliz com a sua escolha (ou tente) tanto faz...

O tomo pelo antebraço, fazendo com que fique:

- Espera! - Imploro, temeroso. - Porquê está fazendo isso? Por quê agir dessa forma? Dificultando o processo ainda mais? Eu esperava que você compreendesse. Você tem a inteligência para isso, Pierre!

Seu olhar me castiga, são brasas vivas e ardentes, me implodindo e bagunçando as minhas convicções mais profundas:

- Você não precisa se refazer pelo Tómas se ele próprio não estiver disposto a abrir mão das suas mancadas! - protesta.

Não há o que se possa dizer contra isso... Meu problema é sempre o mesmo; chutar o baldo e depois ir buscar...

- Eu tenho medo que todas as coisas boas em minha vida sejam passageiras. Pela primeira vez em muito tempo eu tenho a possibilidade de algo bom aqui, não me julgue por estar fazendo tudo o que estiver ao meu alcance para que isso dure...

O Capítulo do Pedro (Spin-off Alojamento dos Héteros)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora