Capítulo 30

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Baixo a cabeça tentando dar a entender que minha única preocupação e interesse é devorar o meu delicioso gratinado de camarão, mas que no fundo uma tristeza repentina me assombra e um medo de que seu passado possa de alguma forma interferir de algum modo em nossa relação.

— Quando ouvi seu grito e seu pedido de socorro, o Max estava comigo.

Olho para o Ethan, que me observa de forma examinadora. O Max? Ouviu meu grito e meu pedido de socorro?

— Então foi você quem me ligou?

— Não. Foi ele. Estávamos em minha sala e como sempre ditava o seu joguinho favorito: me provocar. — Não entendo nada e fico atenta a cada palavra sua. — Ele me disse que você havia prometido pensar sobre a proposta de emprego dele.

Droga! Realmente falei, mas foi apenas como uma saída estratégica naquele momento. Nunca aceitaria trabalhar para o Max, mas não quero falar sobre isso agora. Amanhã quem sabe.

— Sem chances, Ethan. Você está descaradamente tentando me enrolar. No momento sou eu quem faço perguntas.

Ele bufou, deixando transparecer sua expressão séria.

— Amanhã, então? Amanhã você acha que eu tenho o direito de saber se existe a menor possibilidade de você aceitar a proposta daquele velhaco?

Velhaco? Reprimi um sorriso levando a mão à boca e mantive os olhos seguramente longe dos seus porque sei que devo estar sendo fuzilada neste momento.

— Ele nem é tão velho assim e você sabe muito bem.

Sei que me olha de soslaio e deixa escapar um forte suspiro.

— Não me provoque, Eleesa. Não me provoque.

— Tá certo. Desculpa. — Olho rapidamente para ele. — Sim, amanhã conversamos sobre isso. Ou hoje, como queira, já que passam da meia noite. Não vamos misturar as coisas, agora temos um outro assunto a tratar. Não me enrole.

Ethan faz uma careta.

— É que é difícil desenterrar toda essa história. Acredite.

Ethan larga seu garfo, me puxa para os seus braços e me abraça com força. Seu nariz no meu cabelo inala o meu cheiro. Adoro quando ele faz isso.

— Tem ideia de como seu cheiro é bom? De como me embriaga? — Ele desliza o nariz por todo o meu pescoço causando um velho arrepio conhecido. — É um perfume irresistível. Seguro firme em seu braço tentando conter minha pulsação desacelerada.

— Você ainda está comigo?

Ele murmura e me afasto olhando bem dentro de seus olhos para responder a mesma pergunta que lhe fiz no Brasil.

— Sim. Ainda estou com você. — Respondo. — E você, ainda está comigo?

— Claro que sim, amor.

Ele responde sério.

— Então estamos juntos. Não precisa temer.

E com uma expressão mais leve e tranquila ele dá início ao relato dos acontecimentos de seu passado.

— Eu estava começando minha carreira empresarial com um amigo/sócio, o Kenny Hiroshi, um japonês legítimo, quando Glenda e eu nos casamos. Concordamos em não ter filhos tão cedo e ela garantiu que não desejava naquele momento. Eu precisava de uma solidez profissional, minhas viagens eram constantes e era muito cedo para me preocupar com filhos. Mas depois de três anos ela engravidou. Culpou a pílula. Eu fiquei furioso..., transtornado..., enlouqueci. Começaram as brigas. Eu a culpava e ela a mim..., bom, por querer sexo todo dia. De fato eu sempre quis mais que ela.

❤ FELICIDADE AO ACASO ®️ - ReescrevendoWhere stories live. Discover now