Procura-se

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Procura-se menina desaparecida desde o início de fevereiro. Ela completou mais um ano de vida e depois sumiu. Parece que a maturidade levou a pobre coitada embora. Procura-se um coração que fugiu do peito dela. Ela diz que não é nada sem ele. Parte incondicional, diz ela. Se por acaso encontrar o tal coração por aí, por favor, agarre-o e o prenda para que não fuja mais uma vez.

Procuro por todos os lados aquela menina que vivia dentro desse peito. Procuro por onde possa estar caminhando. Até mesmo olhei dentro do peito para ver se ela não estava escondida, mas só encontrei escuridão e puro vazio.

Então escrevo tentando me encontrar nesse vazio. Os meus olhos procuram o caminho e tentam achar alguma solução, mas por mais que eu as procure e que faça o que as pessoas dizem dar certo para elas, parece que não funciona, parece que não são as mesmas oportunidades para mim.

É que as vezes a gente está tão cansada de simplesmente sentir toda essa pressão, que a gente chora e deixa as lágrimas caírem sem medo, sem receios ou restrições. É que as vezes o mundo parece pesar muito nas nossas costas e então a gente chora com a dor de ter que carregar todos esses sentimentos.

É um conflito entre a paz e a agitação. É uma batalha entre os melhores sentimentos e aqueles que não queremos nem ao menos imaginar. É que a gente tem medo de não ser capaz e de não encontrar o que realmente cabe a nós. É que a gente está desvendando caminhos, abrindo estradas e explorando as trilhas mais obscuros do coração.

É que a gente está enfrentando todos os pesadelos que acreditou que teria anos para enfrentar. É que a gente está se entregando a luta, deixando que a dor consuma tudo e que os ferimentos nos façam cair. Mas a gente precisa lutar. Precisamos nos esforçar para não ter que fazer outras pessoas lutarem por nós. A gente precisa se garantir para não arriscar a vida daqueles que já estão cansados da batalha.

É que a batalha de hoje foi tensa e a lágrimas ainda estão quentes no rosto. É que a gente lutou mais um dia e conseguimos permanecer no jogo. É que mexer no coração e fazer a faxina não é fácil. É que a gente precisa de muita força para se redescobrir, aprender novos movimentos, desviar dos golpes e saber a hora certa para atacar os nossos próprios sentimentos. Uma luta diária com as nossas próprias emoções. 

ALMA PURAWhere stories live. Discover now