Trevor abriu os olhos e voltou a ver a copa das árvores.
Se levantou depressa e levou um pequeno susto ao ser dar conta de que a garota ainda estava desacordada.
Ele girou no mesmo lugar, procurando ouvir a música, mas ela não estava mais lá.
Trevor foi até a garota e a pegou no colo, saindo dali em seguida.Alissa na varanda do quarto, e olhava o céu de muitas cores, admirada com sua beleza.
No entanto, ela baixou sua vista e franziu o cenho para o que via lá em baixo.
Em meio ao campo de rosas brancas, estava a Lebre que antes conheceu, e ela falava com o gato Chershire, como se estivesse irritada com ele.
Alissa desejou poder ouvir o que diziam, mas não sabia como encontrar a saída em meio à tantos corredores naquele castelo de gelo.- Lebre. - Ela sussurrou o nome da Lebre, querendo falar com ela.
E como resposta, a Lebre voltou seus olhos para Alissa, como se tivesse ouvido seu nome ser chamado.
Alissa arqueou as sobrancelhas e se animou com aquilo.- Quero falar com você. - Alissa continuou.
A Lebre assentiu animada e apontando para as grandes orelhas, dando a entender que ouvia muito bem.
Chershire surgiu diante dos olhos de Alissa, lhe pregando um susto.- Chershire! - Alissa deu um passo para trás, levando a mão ao peito palpitante. - Não apareça assim!
- Perdoe, alteza. - Chershire se acomodou na mureta da varanda, e passou a olhar o céu que começava a escurecer. - A Escuridão já vai chegar.
- Quero falar com a Lebre. - Alissa passou a vista pelo campo, encontrando a Lebre indo embora por entre as flores. - Preciso falar com você! - Alissa exclamou, mas a Lebre não se virou para ela.
- Eu disse que a Escuridão já está vindo. Você não vai me perguntar o que é a Escuridão?
- Depois. - Alissa se apoiou na varanda, procurando a Lebre que estava longe do seu campo de visão agora. - Eu quero falar com a Lebre. Mas para onde ela foi?!
- Ela é louca. - Chershire desdenhou. - Você não conseguiria aturá-la por muito tempo.
- Você estava muito envolvido em uma conversa com ela agora há pouco. - Alissa retrucou.
Chershire se remexeu no mesmo lugar, incomodado.
- Talvez eu também seja louco, e por isso, me entendo muito bem com ela.
Alissa enrugou o nariz em uma careta descrete.
- Então eu também sou louca, pois tenho uma enorme necessidade de falar com ela!
- Você não é louca. - Chershire riu sombriamente. - E tenho certeza de que você não gostaria de ser.
- Sabe o que eu acho, Chershire? - Alissa pôs as mãos na cintura, evidentemente irritada. - Acho que você está tomando o meu tempo propositalmente com esta conversa fiada. Você não quer que eu fale com a Lebre?
- Oh, não. - Chershire começou a andar de um lado à outro da mureta. - Não fui eu quem mandei a Lebre embora. Se ela decidiu ir, é porque não queria conversar com você.
E que culpa tenho eu nisto?Alissa engoliu em seco e pensou no que responder à ele, mas se viu sem palavras.
- Descanse. - Chershire concluiu. - Não é bom andar por aí quando a escuridão chega. Há muitos perigos no País das Maravilhas.
Alissa bufou intrigada, mas entrou no quarto e se rendeu à situação.
A Lebre parecia querer falar com Alissa, e ela sabia disso.
Mas então, por que ela foi embora?Trevor chegou na margem de um rio cristalino, deitou a garota na grama fofa, e suspirou exausto.
Olhou para o céu e viu que ele escurecia depressa, ganhando milhares de estrelas extremamente brilhantes e coloridas.
O queixo de Trevor caiu, e ele sentou no chão, envolvendo as pernas com os braços.
Um movimento ao seu lado evidenciou que a garota estava acordando.
Seus olhos castanhos se fixaram nos olhos azuis dela, e ele viu o medo que ela sentia.- Pesadelos. - Trevor explicou. - Você caiu em um encanto e teve pesadelos.
- Sim. - Ela sentou e levou a mão à cabeça, ainda confusa. - Foi horrível.
- Eu sei. - Trevor se encolheu mais ainda, lembrando de seu passado. - Mas acabou. Está tudo bem agora.
- Eu me chamo Wendy. - Ela disse, tentando voltar a olhar nos olhos dele. Mas Trevor estava perdido em pensamentos, olhando a água correr pelo rio. - Tem certeza de que seu pesadelo acabou?
- Sim. - Trevor voltou a si e olhou para ela. - Desculpe. Eu me chamo Trevor.
- Oh, você me tirou de lá. - Ela enfim compreendeu. - Você me ajudou a sair do meu pesadelo. Mas como você acordou? Eu não conseguia acordar de maneira nenhuma.
- Não sei. - Trevor suspirou. - Acho que acabei lembrando de uma coisa muito boa, e então tive esperanças de que tudo iria dar certo. Aí eu acordei e não ouvia mais a música.
Wendy segurou a mão dele com ansiedade.
- Esperança? - Ela engoliu em seco. - Eu não encontrei a Esperança em lugar algum. E bem, eu a procurei bastante.
- Sinto muito. - Trevor se solidarizou com a dor dela. - Como você veio parar aqui?
- Peter. - Ela soltou a mão dele e passou a olhar o rio. - Ele me trouxe para cá já tem um tempo. Fiquei feliz no começo, mas ele esquecia de mim. E isso me deixava triste, quer dizer, ainda me deixa triste.
- Ele esquece de você? - Trevor arqueou as sobrancelhas. - Como assim?
- Peter é muito independente. - Wendy ficou cabisbaixa. - De vez em quando ele demonstra que se importa e quer me manter por perto. Mas na maioria das vezes ele sai por aí para voar e ter grandes aventuras, e simplesmente esquece que eu existo.
- E você ainda espera por ele? Por quê?
Wendy encarou Trevor e deu de ombros.- Eu sempre espero por Peter, afinal, eu o amo.
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Alice e o Chapeleiro 2 (Em Revisão)
FantasyQuando Alice fez uma escolha, seu destino foi posto diante dos seus olhos. Agora, nesta nova época e com uma filha adolescente, Alice se vê em uma situação difícil, pois seu tempo é curto e o Chapeleiro não está sabendo lidar com isso. No País das...