Alissa estava sentada próximo à janela, e admirava o País das Maravilhas. Seus olhos verdes brilhavam ao ver as cores, os animais que conversavam entre si, e um lago congelado mais à frente.
- Eu queria tanto sair. - Alissa falou para si mesma, cabisbaixa. - Mas... - Ela se animou e ficou de pé. - ... ninguém me disse que não posso!
Alissa olhou para as grandes portas de gelo no salão e foi até lá, ansiosa para sair e conversar com os animais e flores.
Nos portões estavam dois ursos-polar, usando gravata borboleta vermelha.- Abram os portões. - Ela foi firme.
- A Rainha Branca não nos deu essa ordem. - O urso da esquerda respondeu.
Alissa franziu o cenho, irritada por estar presa.
- Ela mandou que vocês me deixassem presa aqui?
Os ursos trocaram olhares e não responderam nada.
Alissa bufou de frustração e bateu o pé.- Exijo que abram estes portões agora mesmo. - Ela insistiu, ficando vermelha de raiva.
Alissa não achou que eles abririam, mas se surpreendeu quando eles se movimentaram.
Ambos abriram os portões e ela admirou o caminho de tijolos de gelo mais à frente.- Obrigada, senhores. - Ela saiu feliz da vida, sem se dar conta de que havia dado uma ordem de soberania. - Que bom que eles entenderam.
Alissa andou pelo campo de rosas brancas e ouviu a música que elas cantavam. Sorriu para elas e brincou com as fadas que se prendiam em seus longos cabelos ruivos.
Correu o mais rápido que pôde unicamente para sentir o coração acelerado pela adrenalina, e parou sorridente quando chegou em um alto muro de tijolos cinza e velhos.- Este é o meu limite. - Ela pôs as mãos na cintura. - Mas o que há do outro lado?
Alissa analisou os tijolos em busca de buracos para que pudesse por os pés, e sorriu quando os encontrou.
- Vou dar uma espiada.
Ela pôs o pé no primeiro buraco e ergueu seu corpo para cima.
E assim Alissa continuou a subir, arfando pelo esforço, mas determinada a continuar sua subida.
Depois de algum tempo ela finalmente alcançou o ponto mais alto do muro, e sorriu para o que viu à diante.- Minha nossa! - Ela exclamou e se apressou à sentar no muro para descansar.
Alissa descobriu que estava este castelo estava no alto de um monte, e ela podia ver a floresta e um rio lá em baixo.
Apurando a vista, lá ao longe se via uma floresta densa com uma clareira no centro, e mais além havia um grande rio de água cristalina.- Mas... - Alissa engasgou.
Naquele rio distante e cristalino, Alissa viu uma forma marrom e grande navegando por ele.
Ela viu também uma coisa estranha, algo como um urso, mas não tinha certeza, pois não conseguia ver direito.
Algo mais inusitado chamou a atenção de Alissa, e este "algo", era um ser pequeno perto do "urso", que andava pela forma marrom com ansiedade.
Alissa apertou os olhos para ver melhor, e naquele momento ela reconheceu a camisa branca, a calça marrom e os cabelos rebeldes de um garoto.- TREVOR! É O TREVOR! - Alissa se desequilibrou e quase caiu, mas se aprumou, ainda surpresa por vê-lo. - Trevor... - Ela arfou. - ... você não me deixou aqui.
Alissa riu de si mesma, feliz por vê-lo de novo e desejou pular o muro e sair correndo para ele.
Ela olhou para baixo com ansiedade, e teve uma breve tontura ao se dar conta de que estava alto de mais.
Quando Alissa voltou a olhar para onde Trevor estava, não o viu mais.
O rio cristalino desaparecia, coberto por árvores densas e muito altas.- Aonde você está indo?! - Ela virou o seu corpo para o outro lado do muro, decidida a descê-lo e procurar por Trevor.
- Eu não faria isso se fosse você. - A voz de Chershire ecoou na mente de Alissa.
Ela olhou para o lado e viu o gato sentado no muro.
- Trevor está aqui. - Alissa falou, as lágrimas de felicidade estavam à ponto de cair. - Eu acabei de vê-lo, Chershire. Por que você me disse que ele foi embora?
- Foi o que pensei. - Chershire respondeu indiferente. - Mas você tem grandes responsabilidades agora. Não deve para sair por aí atrás de um rapaz que escolheu não ficar ao seu lado.
Alissa refletiu sobre as palavras de Chershire, e franziu o cenho, magoada.
Ela voltou para onde estava, ficando sentada no muro. Uma brisa frequente balançava seus cabelos ruivos, e Alissa se viu triste mais uma vez.- Eu nunca disse que aceitaria ficar e comandar este mundo.
- Então você vai deixar a sua mãe morrer? - Chershire a encarou e teve certeza de que ela choraria a qualquer momento. - Por que você chora, Alissa?
Alissa deixou as lágrimas rolarem, não se importando em limpá-las.
- Choro porque o que eu quero não condiz com o que eu posso ter.
Chershire se manteve quieto, e passou a olhar o horizonte.
- Você quer coisas de mais. Um mundo inteiro não lhe basta?
Alissa soluçou e controlou seu choro desesperado. Ela só queria falar com Trevor novamente, nada mais.
- Eu não quero ficar sozinha.
Chershire se remexeu no mesmo lugar, fazendo com que pedrinhas do muro rolassem para fora dele.
- A Rainha Branca estará com você. Todos nós estamos com você.
- Mas eu quero o... - Alissa mordeu a língua, e corou com o que ia dizendo em alto e bom tom. - Digo, eu quero saber o porquê de ele ainda estar aqui, e se vai demorar por muito tempo. Quero saber para onde ele está indo, e o que vai fazer. Você não entende?! - Alissa se voltou contra a indiferença evidente de Chershire. - Trevor ainda está aqui, acabei de vê-lo! Ele é a única ligação que eu ainda tenho com o mundo de onde vim.
- Bobagem. - Chershire respondeu e começou a se banhar.
Alissa pegou Chershire pelo rabo e o sacudiu de cabeça para baixo.
- Bobagem é não se importar com os seus amigos. Bobagem é ser frio como uma pedra com as pessoas que só lhe desejam o bem! Bobagem é ficar usando de palavras pensadas para manipular os outros à fazer o que você quer!
Chershire desapareceu das mãos dela, tonto das vistas, e voltou a aparecer, voando agora mais à cima.
Ele deu duas pancadinhas na cabeça para que voltasse ao normal, acabando com as tonturas, e perguntou à Alissa:- Está falando de mim ou de você?
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Alice e o Chapeleiro 2 (Em Revisão)
FantasyQuando Alice fez uma escolha, seu destino foi posto diante dos seus olhos. Agora, nesta nova época e com uma filha adolescente, Alice se vê em uma situação difícil, pois seu tempo é curto e o Chapeleiro não está sabendo lidar com isso. No País das...