A sua Força

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Aragon apontou seu tabaco para Alissa, iria falar, não falava, sim, agora falaria, não, não falava nada.
E ela aguardava pacientemente por ele, sem sequer piscar os cílios.
Quando Aragon finalmente falou, ele foi sucinto.

- Você não poderia estar mais errada, minha pequena jovenzinha burra.

Alissa grunhiu de raiva e suas mãos foram para o rosto, tentando controlar seu nervosismo.

- Eu odeio esse lugar.

- Pense. - Aragon respondeu. - Você é a filha de Alice, a escolhida para reinar sobre os outros dois reinos. Seu pai é o Chapeleiro, a bondade em forma de homem. O que faz você achar que será uma Rainha Vermelha?
Se você não acredita que pode tomar o caminho certo, só lhe restará o caminho errado.

Alissa bufou e deu um soquinho na almofada em seu colo.

- Eu sou perversa, Aragon! Sei que sou! Será que você não vê que eu sou egoísta, mesquinha e mal agradecida?! Aquela rata tinha razão quando insinuou que eu levaria esse mundo à ruína se por acaso eu reinasse. Eu não nasci para ser uma boa rainha!

- Lebre. - Aragon chamou por ela, e a Lebre veio até eles.

Seus olhos aflitos estavam petrificados e encaravam Aragon.

- Muito bem. - Aragon soltou a fumaça e se direcionou a Alissa. - A Lebre estava agora mesmo devorando as ameixas que estão armazenadas na sua dispensa, e roubar é algo imperdoável no País das Maravilhas.

A Lebre se encolheu chorosa e começou a se tremer de medo.
Alissa franziu o cenho e engoliu em seco.

- Alissa. - Aragon apontou seu tabaco para a Lebre. - Ordene que a Lebre morra.

Alissa sobressaltou os olhos verdes e sua respiração se tornou entrecortada.
A Lebre chorou desesperadamente e se lançou no chão, pedindo perdão.

- Ordene que ela morra. - Aragon insistiu.

- EU IMPLORO! POSSO VOMITAR TUDO DE VOLTA! ME DEIXE VOMITAR! ME DEIXE!

- Pare com isso! - Alissa arfou e puxou as orelhas da Lebre para que ela levantasse. - Pare!

- Ordene que ela morra! - Aragon ralhou com Alissa, mas ela se voltou contra ele.

- Eu ordeno que você cale esta boca, Aragon! Cale-se!

E então Aragon se calou.
Mas o que surpreendeu Alissa, foi ver que a lagarta/borboleta tentava falar, e falhava ao emitir apenas sons abafados com a boca.

- Aragon? - Alissa cutucou ele com o dedo indicador. Suas sobrancelhas arquearam quando ela entendeu tudo. - Ordeno que você volte a falar.

- Ah.. - Aragon arfou. - Isto foi tão desagradável.

- Mas... - Ela gaguejou e apontou para a Lebre que ainda chorava. -.. você sabia que posso controlar as pessoas. Eu pensei que precisasse ser uma Rainha de verdade para isso! Como você manda que eu mate a Lebre?! Está louco?! Ela estava com fome!

- Ah não. - Aragon respondeu. - A Lebre não comeu suas ameixas. Eu apenas precisava que você se desse conta de que não é capaz de matá-la.

Alissa direcionou seu olhar frio para a Lebre, que começou a rir desenfreadamente.

- Então você é uma farsante?! - Alissa se irritou com ela.

A Lebre continuava a rir e assentia diversas vezes, mas foi parando gradativamente até ficar muito séria.

- Posso comer suas ameixas?

Alissa ameaçou avançar contra a Lebre, que saiu em disparada para longe dela.

Alice e o Chapeleiro 2 (Em Revisão)Onde histórias criam vida. Descubra agora