Capítulo 2

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Hoje era só mais um dia como qualquer outro, fiz a minha rotina de exercícios físicos, voltei para casa e tomei um banho.
O céu estava claro e limpo Então escolhi uma blusa de alça fina de cetim azul Royal, calça preta social, e um scarpim preto, para mais um dia rotineiro de trabalho.
Depois de terminar de me arrumar, peguei meus pertences e fui para a garagem pegar o carro, logo entrei no mesmo e liguei o ar condicionado pois o dia estava bastante quente, segui para a empresa que trabalho já há 2 anos. O trânsito estava tranquilo, então cheguei pontualmente no meu horário. Hoje meu chefe teria três reuniões importantes, e eu como seu braço direito, não poderia estar de fora.
Passo pelo corredor e cumprimento algumas pessoas, apenas com um leve aceno de mão. Vou direto para o elevador aperto o 7° andar e espero, quando finalmente chega vou direto para minha sala organizar o necessário para a primeira reunião do dia, que será daqui a 30 minutos, e depois levo um cappuccino  para o meu chefe, é claro que faço por que o tenho como um pai, e não por obrigação.
Bato suavemente na porta e ouço um entre! e lá está o senhor Ronald Mccby com seu terno Armani impecável.

—Bom dia Sr. Mccby! digo entregando-lhe alguns papéis para assinar, e também o seu cappuccino.

—Bom dia filha, sabe que não é seu trabalho trazer café para esse velho folgado não é? brinca.

—Não faço por obrigação senhor, é um prazer digo com um sorriso sincero.

Ele sorri com carinho e começa a assinar os papéis.
E eu deixo o mesmo em sua sala, e volto com os papéis assinados, entrego para a outra secretária peço para ela fazer uma mesa com café da manhã para os futuros clientes e acionistas que virão para a reunião, arrumo as pautas preparo o projetor e o notebook, pois faltava apenas 5 minutos, após conferir tudo volto a sala do senhor Reynald e o chamo para a reunião, quando estamos a caminho da sala encontramos os convidados, logo o lugar está cheio de homens bem vestidos com seus ternos três peças feito sobre medida.
Todos se sentam em seus lugares, e a reunião começa, duas horas e meia depois acaba, e apesar de tudo ter saído perfeitamente bem, eu me sentia totalmente insatisfeita, mas sabia que isso se devia a minha vida particular e não a profissional. Não importava o quão boa eu fosse no meu trabalho eu nunca estava satisfeita, minha vida era vazia sem cores e sem graça, eu não lembro a última vez que senti meu coração bater forte por qualquer motivo, é quase como se eu nem tivesse um.

Tivemos mais uma reunião antes do almoço e honestamente eu me sentia sufocada, hoje estava sendo mais difícil do que costuma ser, talvez isso se devesse ao fato de que hoje era o aniversário da morte dos meus pais, e era o suficiente pra me lembrar o quanto minha vida era vaga e infeliz.
Mas eu precisava manter o controle, eu odiava me sentir fraca mas diante dessa situação não havia nada no mundo que pudesse me ajudar.
Fiquei grata por essa reunião ter acabado e eu poder sair dali para fazer meu tempo de almoço.
Fui direto para a floricultura, comprei dois vasos com flores e entrei no cemitério que ficava ao lado, eu odiava aquele lugar mas não tinha outro jeito. Caminhei lentamente até o túmulo dos meus pais, que ficava um ao lado do outro e tirei as flores velhas e coloquei as novas, sentei no chão e me permitir chorar como sempre fazia quando vinha aqui. O único lugar onde eu deixava minha dor transparecer, a sensação de perda, a dor e a saudade nunca saíam de mim, nunca houve conforto, eu odiava ter perdido meu tempo com eles, era injusto.
Eu nem tive a chance de dizer o quanto os amava, e no entanto os perdi para sempre.
Mas a frente de onde eu estava, acontecia um enterro vi pessoas chorando por seus entes queridos, enquanto um pastor falava baboseiras bíblicas, e sobre o poder de Deus, e logo me vieram lembranças do passado.

Flashback on.

Estava em uma praça sentada chorando pensando onde iria dormir aquela noite, já que agora com 18 anos não poderia mais ficar no orfanato.
E pra piorar não tinha um centavo sequer no bolso.
Depois que tiraram meus pais de mim tudo na minha vida foi trágico parecia um filme de terror.
Eu estava tão pensativa que nem notei quando um grupo de mulheres se aproximava de mim.

—Por que está chorando filha? ela pergunta preocupada.

—Estou sem saber para onde ir, acabei de sair do orfanato, e não tenho ninguém para me ajudar digo envergonhada.

—Fique calma meu bem, tenho certeza que Deus vai preparar um lugar maravilhoso para você diz.

Imediatamente ao ouvir a menção da palavra Deus, tive uma crise de riso e pela cara delas estavam espantadas com minha reação.

—É mesmo? eu disse desafiadoramente. E onde estava esse seu Deus quando me deixou assistir a morte dos meus pais ?

—Onde ele estava que me deixou sozinha todos esses anos ?

—Não, não melhor onde ele estava quando deixou o segurança do orfanato, me estuprar aos 12 anos?

—Alguém pode me dizer? que "Deus" maravilhoso é esse? Que vocês tanto falam por que eu sinceramente não conheço. Agora façam me o favor, me poupem.

—Estou cheia dessas baboseiras. Eu não acredito em Deus, Jesus ou seja lá o que vocês acreditem.

Querem saber, meus pais oravam todos os dias antes de comer, ou dormir, e no entanto foram brutalmente assassinados, então eu não quero saber de Deus nenhum. digo furiosa deixando todas para trás assustadas e perplexas.
Ando mais algumas ruas ainda irritada, com a insistência das pessoas em falar de Deus. Fico um pouco pensativa, e um tempo depois começa a chover, fico na porta de um comércio esperando a chuva passar. E meu estômago ronca pois já faz horas desde a minha última refeição.
Fico ali por 15 minutos, quando a chuva para volto a caminhar com sorte eu consigo algum lugar pra dormir hoje.
Estava prestes a atravessar a rua quando um carro quase me atropelou fiquei assustada mas não me machuquei, logo saiu um senhor muito gentil que me ajudou e até me pagou uma refeição ao ouvir meu estômago roncar, e foi assim que conheci o senhor Reynald Mccby esse senhor bondoso que me deu um emprego, um lar e atenção que só tive com meus pais.

Flashback off.

Depois de me recompor, volto para o trabalho acompanho o senhor Reynald em sua última reunião, faço o protocolo necessário e encerro meu expediente. Na volta pra casa passo no mercado e compro umas besteiras para comer, entro no carro e vou para casa, tomo um banho e depois ligo a Netflix, assisto a maratona de 13 Reasons why enquanto começo a comer e quando percebo já são 22:00 horas subo para meu quarto, deito em minha cama e durmo.

MariaWhere stories live. Discover now