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DANIEL PARKER

    Ela explicava detalhadamente tudo aquilo que achava essencial que eu aprendesse. Foram longas horas de estudos, todas as noites. Como não queria que ela voltasse para casa sozinha no escuro eu a levava no carro de minha mãe. O clima estranhamente era bem agradável. Seria mentira dizer que ela parou de me dar patadas, ela sempre me dá.

Mas tinha algo a mais. Alguma coisa mudou, e essa coisa favoreceu a forma como agimos um com o outro.

Se passou uma semana.

Uma semana que ela ia na minha casa, jantava lá, e subia comigo para meu quarto me explicar. Por sorte o filho da mãe do meu tio não estava jantando mais lá e sim saindo com os amigos. Achei estúpido a forma como ele estava olhando e falava de Elizabeth na outra noite, minha estranha vontade era de socar a cara dele.

Mas não toquei no assunto com Elizabeth. E nem troquei muitas palavras com ele desde então.

Nos estudos, começou fácil, comecei a me concentrar como ela havia dito. Levei de fato a sério. No outro dia de manhã no colégio, jogávamos o jogo das perguntas que ela inventou. E posso admitir que Elizabeth tinha uma ótima tática de estudos, eu estava de fato aprendendo tudo aquilo que eu não aprendia nas aulas porque vergonhosamente não prestava atenção.

Obviamente o que contribuiu pra isso foi ela ter tirado o celular de mim sempre que íamosestudar. No começo não gostei, mas depois me vi eu mesmo dando o celular a ela.

Notei vagarosamente que se tornou difícil me concentrar. Alguma merda estava acontecendo porque de repente, quando ela falava lá eu estava eu, observando os movimentos de seus lábios.

Me permiti reparar nela mais do que eu queria. Notei que ela coça a nuca quando está com dificuldade em algo. No caso, ela coçava a nuca sempre que tentava formular um jeito mais fácil de eu entender.

Mas eu não estava entendendo mais a matéria.

Eu estava entendendo ela.

Ela mordia o canto do lábio inferior toda vez que estava lendo silenciosamente.

Suas unhas um pouco grandes e sem esmaltes eram cutucadas por ela mesma sempre que estava pensando.

Ela passava a língua nos lábios sempre que estava entendiada.

E aquele movimento que eu já havia notado uma vez em sala de aula, pegava um lápis e sem notar passava-o na curva de seu pescoço, ela nem notava o quanto se arrepiava com aquilo.

Incrivelmente interessante.

Eu sei ler Elizabeth quando ela estava concentrada em algo. Porque quando ela esta com a atenção em você, parece que muros sobem a sua volta e você não entende nada do que se passa em sua mente.

Elizabeth é interessante, e isso está fodendo minha cabeça.

De fato eu gostava de provoca-la, mas ultimamente minhas provações pareciam mais verdadeiras para mim do que meras brincadeiras.


De fato eu gostava de provoca-la, mas ultimamente minhas provações pareciam mais verdadeiras para mim do que meras brincadeiras

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QUERO QUE VOCÊ SE APAIXONE POR MIMWhere stories live. Discover now