Capítulo 5

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Eu estava me sentindo o próprio Jack Bauer, correndo contra o tempo para evitar uma grande catástrofe, já que pelo tom de conversa do Nic era provável que eu encontrasse um verdadeiro cenário apocalíptico naquele hospital.

Meus amigos haviam tido um começo de relação meio louco e continuaram sendo doidos até onde eu sei. Exemplo disso foi o casamento realizado em Las Vegas, com uma cópia do Elvis e tudo o mais, evento que acabou com os recém-casados fazendo uma visitinha ao sistema carcerário gringo. Mas, o importante era que eles se completavam de uma forma só deles, coisa que eu jamais quebrei a cabeça tentando entender.

E como o bom amigo que eu tentava ser, fazia de tudo para dar apoio aos paspalhos, o que incluía me envolver em situações fora do normal.

Depois que eu saí da padaria, corri até a minha casa, apenas para retirar o carro da garagem e dar início a uma viagem cheia de sinais amarelos que foram ignorados. Segui as instruções do GPS e quando aquela voz chata avisou que eu havia chegado ao destino, reparei que se tratava do mesmo hospital de ontem à noite, o mesmo da Drica e da noiva misteriosa.

Assim que eu pisei na recepção, perguntei sobre o Nic e sua esposa e me informaram que eles estavam na sala de espera do andar superior. Obviamente, eu recebi olhares estranhos das pessoas que cruzavam comigo, principalmente daqueles com quem eu compartilhei o elevador, já que eu estava com roupas pouco convencionais para o ambiente, além de estar coberto de suor.

Quando enfim eu encontrei meus amigos, percebi que algo muito grave tinha acontecido, pois a expressão de ambos estava carrancuda. O Nic andava de um lado para o outro, em frente ao pequeno conjunto de cadeiras de plástico onde a Lili estava sentada, ambos quietos e exalando tensão.

— O que foi que aconteceu? — perguntei assim que me aproximei deles.

— Ainda bem que você apareceu, cara, a gente não sabe o que fazer. — o meu amigo disse num tom sério, completamente diferente do seu habitual jeito brincalhão.

A recente esposa dele, Lili, mantinha o olhar no piso cinza do lugar, completamente perdida em pensamentos, e eu rapidamente juntei os pontos, tendo uma ideia do que tudo isso se tratava, e confesso que as minhas primeiras emoções foram um misto de pavor e alegria.

— Ai droga! Ela está grávida?!

— Você fala como se fosse algo ruim. — o Nic sussurrou carrancudo, para si próprio, mas eu consegui ouvir mesmo assim.

No entanto, minha pergunta teve mais impacto nos ouvidos da mulher sentada. E eu rapidamente soube que havia perdido uma ótima oportunidade de ficar calado.

— Qual é o problema de todo mundo com o meu útero?! — ela inesperadamente explodiu com raiva. — Não, eu não estou grávida e não sei se quero ter filhos! Que saco!

— Hum, desculpa Lili, não quis me meter na sua vida...

Eu me senti envergonhado com a situação, mas fiquei ainda mais surpreso com a reação da advogada que sempre foi controlada e impulsiva, mas nunca tão agressiva assim. Por isso, eu automaticamente lancei um olhar de súplica ao meu amigo de infância, em busca de ajuda.

— Lili, se acalma, a sua família um dia vai parar de encher o saco... Nosso problema agora é outro. — ele apertou a mão dela, num gesto de cumplicidade.

— Você tem razão, não é momento para isso. — ela suspirou antes de me olhar pela primeira vez. — Desculpe Sanches, eu pedi para você vir e... por que você está todo suado?

— Eu... hum...

Comecei a me explicar, tentando ignorar todos os olhares que começaram a cair sobre mim depois da pergunta nada discreta da Lilian. A mulher conseguiu chamar a atenção de todos que estavam na sala de espera com a sua voz alta.

Acordo do Destino #4 (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now