can you make a coffee?

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   Eu a observava limpar o suéter com um pano molhado que o funcionário da sorveteria havia nos emprestado. Suspirei tranquila quando percebi que nem tinha manchado tanto.

   — Então... me desculpe de novo.

   — Ah esquece isso, ninguém vai notar – ela respondeu enquanto se sentava na cadeira. Seu olhar subiu até o meu rosto, com uma expressão estranha. – Me desculpe pela pergunta estranha, mas nos conhecemos?

   Não esperava ser reconhecida, até porque ela nem olhou para mim naquele dia e apenas puxou sua amiga para longe do hospital.

   — É... sim – respondi, um pouco envergonhada. – Eu estava no hospital aquele dia.

   — Hum... a garota ruiva de franja. Eu e Momo ficamos curiosas para saber o que você foi fazer lá dentro –  ela disse, suspirando em seguida. – Eu sou Jennie. Prazer.

   — Lalisa – sorri educadamente. – Você quer me dizer o que aconteceu aquele dia?

   — Chaeyoung sempre foi muito difícil de lidar, ainda mais depois que...

   — Ela ficou doente? – Continuei quando percebi que Jennie não tinha coragem de continuar. Levei a mão a boca um pouco arrependida. – Me desculpe.

   — Mas... Afinal, o que vocês duas são? – Ela perguntou, ignorando o que eu disse. Não sabia o que lhe responder, afinal, eu havia conhecido Chaeyoung apenas a dois dias atrás. Acho que ainda não poderia dizer que somos amigas, certo?

   — A minha mãe trabalha lá, por isso acabei conhecendo ela.

   — Certo, deixe-me te contar uma coisa – disse se aproximando de mim, para que mais ninguém escutasse. – Chaeyoung não costumava ser uma pessoa muito agradável antes disso... tudo. Mas mesmo com os seus defeitos, eu e Momo sempre estávamos com ela, e agora que ela está doente é claro que nós não iríamos a abandonar. Mas sabe o que ela faz? Nos manda embora como se não fossemos nada para ela, entende o que eu digo?

   Ela não parecia brava ao dizer aquilo, talvez só um pouco chateada e com a intenção de me alertar sobre algo.

   — Eu entendo que você queira ser amiga dela, mas já te deixo avisada. Chaeyoung é impossível às vezes, e mesmo que eu entenda a tristeza que ela sente por estar internada, nunca esquecerei como ela nos tratou.

   — Vocês deveriam tentar de novo, talvez ela possa mudar – falei em um tom de voz baixo, em resposta escutei uma risada.

   — Já fizemos muito por ela, agora só posso desejar melhoras – se levantou pegando a bolsa – passar bem.

   Foi saindo em passos rápidos da sorveteria, pensei em lhe chamar de volta assim que vi algo em cima da mesa – que provavelmente esqueceu. Me estiquei vendo que era um polaroid, mais especificamente das três juntas. Jennie e Momo sorriam abertamente enquanto Chaeyoung – com seu cabelo anteriormente ruivo, um pouco mais claro que o meu – mandava um beijo.

   Guardei dentro da minha bolsa, e fui para a cafeteria.

[...]

   — Olha a roupa que essa aqui está usando... Incrível – Jisoo olhava o polaroid, porém estava mais interessada na roupa em que elas usavam. Suspirei frustrada com seus comentários medianos para uma situação tão complicada. – Qual dessas é a do hospital?

   Acabei por contar tudo para Jisoo. Desde meu primeiro encontro com Chaeyoung, até meu encontro com Jennie. Eu sabia que não era capaz de guardar todas aquelas coisas para mim, mas ao contar para Jisoo, só parecia que eu estava compartilhando com uma parte mais confusa ainda de mim.

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