a little talk

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2 Meses Depois

   — Hey, me dê isso aqui – falei assim que vi Jisoo vindo em minha direção com três xícaras em seus braços, temi que ela deixasse cair.

   — Obrigada Lisa, você é um anjo.

   Sorri balançando a cabeça, colocando as xícaras sobre a mesa para que pudéssemos lavar depois.

   Acabei por lembrar de quando preparei um café pela primeira vez, Chaeyoung estava aqui. Em falar nela, faz realmente muito tempo que não tenho uma notícia sequer da mesma. Já pensei em ir no hospital a ver, mas sem deixar que ela me vesse, pois eu não saberia como agir. Além da cafeteria, agora eu também ajudava a cuidar das crianças em uma creche. Estar perto delas é quase como estar perto de Chaeyoung, até porque elas também são meio birrentas.

   — Vai ficar aí parada?

   — Ah, me desculpe – saí ao ouvir Jisoo, sabendo que não podíamos deixar os clientes esperando por muito tempo.

   — Calma, era só brincadeira. Mas aconteceu alguma coisa? Você só pede desculpas quando está distraída ou quando tem algo te incomodando.

   Às vezes eu queria não ser tão próxima de Jisoo, ela me lê de um jeito tão fácil até quando eu evito.

   — Você sabe... Mesmo que tenha passado esse tempo eu ainda queria saber como Chaeyoung está.

   — Nunca tentou perguntar sua mãe?

   — Acho que se algo de ruim tivesse acontecido, ela iria me falar – na verdade, eu não tinha certeza daquilo. – Talvez ela tenha feito as pazes com os pais.

   — Ou só com a mãe.

   — Prefiro que seja com os dois. E espero que ela não esteja tão chateada comigo.

   Mas pelo que eu conheço de Chaeyoung, ela deve estar chateada sim, mas antes comigo do que com os próprios pais.

   Saímos dali e vimos a mais nova garota que trabalhava com a gente no caixa, tratei de arrumar as mesas depois que os clientes saíram e o lugar foi ficando mais vazio.

   — O final do dia é sempre triste – levantei o olhar para observa-la quando ela começou a falar, seu nome era Dahyun.

   — Como? Mas é no final do dia que o nosso trabalho acaba – Jisoo perguntou enquanto sorria.

   — Sei lá... É porque daqui dá pra ver o céu colorido pelo pôr do sol e as pessoas indo embora torna tudo mais melancólico ainda, não sei explicar, sou sensível.

   Ri fraco, mas de alguma forma foi uma bela análise. Eu realmente gostava muito de trabalhar ali não por causa do pagamento que eu recebia, mas sim por causa de toda estética envolvida.

   Parei de sorrir assim que vi ela entrar pela cafeteria, franzi as sobrancelhas em seguida, quando ela pareceu me encarar por um tempo. Era uma das amigas de Chaeyoung, a Jennie. Sempre com roupas que me impressionavam e uma expressão bem séria.

   — Quer fazer um pedido? Estamos prestes a fechar.

   — Na verdade eu precisava falar com você, Lalisa.

   Fiquei em silêncio, a encarando. Olhei para Dahyun e Jisoo e elas pareciam curiosas para saber o que aquela garota queria comigo.

   — Pode ir Lisa, eu e a Dahyun damos um jeito aqui.

   — Mas... – Dahyun tentou dizer, mas foi interrompida quando Jisoo lhe deu um tapa fraco no braço. – Ah, é isso mesmo. A gente dá um jeito.

   Ri internamente das duas, mas ficando nervosa ao olhar novamente para Jennie. Tirei o avental, deixei sobre a bancada e acenei para as duas meninas. Jennie saiu para que eu fosse com ela.

   — Não vamos muito longe, pode ser naquela mesma sorveteria? – Ela perguntou, a sorveteria que ela dizia era a mesma da vez em que derrubei refrigerante em sua blusa.

   — Pode sim, eu acho.

   Não demoramos muito para chegar na sorveteria, nos sentamos em uma mesa e ficamos em silêncio por uns bons segundos. Eu a encarava enquanto ela olhava para baixo, mexendo nas próprias mãos.

   — Precisamos falar sobre a Chaeyoung – não fiquei surpresa quando ela iniciou.

   — Não sabia que tinham voltado a se falar.

   — A mãe dela me pediu nessa semana para que eu fosse visitá-la – começou a explicar. – Pediu a mim e também para a Momo.

   — E onde está a Momo?

   — Ela não pôde vir hoje, mas sinto que eu não conseguiria dormir essa noite se não falasse com você. Chaeyoung não está nada bem.

   — Como? – Meu coração acelerou ao ouvir.

   — Ela não parece tão animada quanto antes e pegou outra gripe por causa da mudança de tempo, uma mais severa e agora nós não sabemos o que pode acontecer.

   Eu estava em choque, se Jennie não tivesse me falado, eu não chegaria a saber disso tão cedo, nem pela minha própria mãe.

   — Acha que ela pode melhorar?

   — Não sei, ela já ficou resfriada várias vezes enquanto estava no hospital.

   — Há alguns meses ela também tinha ficado gripada. Logo ela melhora.

   Naquele momento, eu odiei ter encarado Jennie e vê-la abaixar a cabeça, ela preferia se manter educada do que me dizer o que realmente estava acontecendo.

   — Nós fizemos as pazes – Jennie disse, na tentativa de mudar o rumo do assunto. – Eu e Momo perguntamos sobre você, e ela pareceu demonstrar saudades mesmo com poucas palavras.

   — Eu também sinto saudades  – revelei em voz baixa enquanto deitava a cabeça na minha mão.

   — Então por que não vai visitar ela?

   — Você deve saber que os pais dela me proibiram, e eu não quero fazer nada que prejudique o trabalho da minha mãe.

   — Você não entende. Chaeyoung nunca se sentiu tão a vontade com alguém como se sentiu com você, nem mesmo eu ou Momo conseguíamos fazer ela se abrir. Ela está muito diferente, e eu tenho certeza que foi por causa de você. Foi por você. Tudo que fez serviu para que Chaeyoung tivesse alguma esperança nela mesma, alguma esperança de poder ter uma vida fora daquele quarto.

Eu estava em silêncio, mas tinha certeza das lágrimas nos cantos dos meus olhos. Eu realmente não estava preparada para a próxima coisa que ela diria.

   — Não gosto de ser negativa, mas é melhor você ser rápida. Chaeyoung não tem muito tempo para despedidas.

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