Capítulo 2

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O despertador soou e de mau humor Laura foi desligá-lo. Lá fora, fazia um dia ensolarado que banhava seu quarto com luz. Mas não era um dia tão bonito assim, era aniversário da sua avó. E mais uma vez não poderia parabenizá-la.

Fora isso, o dia transcorreu lenta e dolorosamente, sem nenhum fato relevante. Parecia que ela já tinha vivido aquele mesmo dia cinqüenta vezes antes. Ela contava minutos por minuto para que a aula acabasse e ela pudesse ter paz.

Por outro lado, no outro lado da escola, Mike estava satisfeitíssimo com o trabalho que começava a desenvolver. A primeira coisa a se fazer era se desfazer de alguns arbustos floridos que estava estorvando a grande clareira que se abria entre as arvores. Tratava-se de arbustos crescidos, bem enraizados na terra que levaram horas, ferramentas e muita terra cavada para serem retirados. Originalmente deveria ser trabalho para duas pessoas, mas ele preferia fazer sozinho e não precisar pagar um ajudante, até porque não podia se dar a esse luxo.  Não o importava que o trabalho fosse pesado, fazer com que aquele lugar ficasse agradável era o que contava.

Por volta do meio dia nesse mesmo ritmo de trabalho, sua camisa que encharcada de suor e terra foi lançada ao chão. E ele ainda não tinha se desfeito de nem metade daqueles arbustos medíocres!

Ao meio-dia e vinte as alunas foram liberadas. Laura se dirigiu mais do que depressa ao lado sul do colégio e se deteve bruscamente ao chegar à soleira: tinha homem destruindo o jardim, arrancando compulsivamente os arbustos que ela tinha plantado e cuidado com tanto ardor. Por alguns momentos ela observou o seu lugar preferido ser devastado. E pior ainda, o causador dessa destruição era um homem seminu. Pensamentos horríveis passaram pela cabeça de Laura sobre a origem e a intenção desse homem. Mas não se deixando levar por nenhum deles partiu para a ação.

Caminhou silenciosamente até o homem que estava de costas para a entrada. Esticou o braço e num puxão rápido e certeiro tirou a tesoura de jardinagem da mão do invasor. Ele se virou com uma expressão confundida no rosto e a fitou por alguns segundos sem dizer nada. Então, para não compactuar com aquele silêncio perigoso Laura resolveu falar.

- Não se incomode em tirar mais arbustos que eu não vou permitir que o senhor roube nada daqui – gritou Laura no limiar entre a raiva e a histeria, mas por dentro sentia medo. Não havia como negar que ele era muito maior que ela, mais do que ela calculava e além do mais, a olhava de um jeito muito esquisito.

- E quem em sã consciência roubaria esses matos? – perguntou o homem passando da confusão para o sarcasmo, coisa que deixou Laura lívida sem poder acreditar na insolência daquele intruso.

- Quando a Madre souber que o senhor invadiu o colégio irá chamar a policia – ela disse no tom mais ameaçador que pode.

Michael percebeu que aquela garotinha histérica era a menina que estava no jardim ontem, a com a cascata de cabelos loiros. Eles estavam presos agora. E a olhando assim de perto ela não parecia tão angelical, pensar nisso o fez sorrir. O que despertou a fúria da garota mais uma vez.  

- Continua rindo de mim que eu vou fazer um escândalo – ela ameaçou para logo em seguida abrir a boca para começar o escândalo ela só não contava que uma mão grande como aquela iria se atrever a sua boca, nem que a voz calma daquele homem iria atrevera a falar no seu ouvido.  

- Só irei falar uma coisa para a senhorita: pra mim pouco me importa o tamanho do escândalo que pretende fazer, mas não atrapalhe meu trabalho – ele falava olhando diretamente para aqueles olhos que se abriam mais e mais a cada palavra dita por ele.

E a surpresa que viu neles foi quase tão grande quanto a sua própria ao perceber que o azul dos olhos dela era de um matiz tão misterioso que ele nunca tinha visto antes. 

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