Capítulo 25

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Os olhos tristes de Laura ficaram na mente de Michael e também no seu coração. Sabia que era culpa dele e sua decisão de se afastar do colégio não colaborou em muita coisa. Mas após suas investigações, não houve nada que o animasse a ficar. Enquanto Laura estivesse ali, tudo o que poderia fazer era olhá-la. E aquilo nem de longe era capaz de satisfazer seus desejos.

Descobriu que mesmo ela estando no terceiro ano e daqui a uns poucos meses completasse o Ensino Médio, a Madre tendo sua custódia, continuará sendo responsável por ela até que complete 18 anos. Isso com sorte, porque desconfiava que a Madre ficaria com Laura até os 21, já que quando esse termo foi assinado a maioridade feminina era essa. E não duvidava nada que a Madre adoraria acolher a menina esse tempo extra. Era evidente que todos os castigos e chamadas que Laura recebia da Madre eram frutos da grande importância que ela tinha.

O dia de Michael não parecia melhorar, até receber a ligação do advogado da Senhora Linton, aparentemente ele tinha novidades sobre o caso de Laura. Sabe lá Deus porque, o advogado recorreu a ele para contar as noticias, ao invés Madre.

Encontrou-se com o advogado em um restaurante relativamente perto do colégio. E quando saiu de lá, sentia-se 100 quilos mais leve e com uma grande certeza: ainda havia esperança.

Já havia aceitado a presença constante de Laura em seu coração. Mas estava disposto a esquecê-la, afinal, evitaria sofrimentos futuro a ambos. Contudo, com os rumos dos documentos conseguidos pelo bendito advogado, ele se permitiu sonhar. E se permitiu a lutar por ela.

Os documentos se tratavam de um renúncia da Madre a custodia de Laura. Isso só não havia sido feito antes porque acarretaria a perda da herança que Laura tinha de seus pais, que estava em poder de sua tutora.  Mas agora havia a herança de sua avó, que era ainda maior que a de seus pais, e que tinha sido deixada tudo para Laura.

***

Para Laura estava claro que Michael não gostava nem um pouco dela, pelo menos não da maneira que ela gostava dele. Gostar era eufemismo para o que ela estava sentindo por ele. Só não conseguia entender porque ele não a correspondia. E como na época que ele ainda falava com ela, parecia que gostava.

Conformou-se ao longo dessas semanas de que não sabia nada de sentimentos masculinos. E que Michael estava acostumado a se envolver com muitas mulheres, que ela foi apenas mais uma. Havia se equivocado redondamente em seu julgamento sobre ele, mas tudo bem, não era a primeira vez que isso acontecia. Só que o que realmente intrigava Laura era porque dentre todas as meninas do colégio, ele justo ela para atormentar. Tudo bem que não tinha sido simpática com ele de inicio, mas tampouco era para tanto.

Entrou descontraidamente no jardim como se não quisesse nada, mas na verdade queria muitas coisas. Queria brigar com ele até que ele entendesse que estava errado fazer isso com ela. Queria bater nele, com muita força, até ele sentir a dor que ela estava sentindo.

Aquele homem a fazia mal em todos os sentidos, Laura percebeu. Agora estava ficando louca. Mas ao ver que ele não estava no jardim como deveria, resolveu se acalmar.

***

Dois dias depois, Michael já estava com os documentos para a transferência da custódia de Laura. O advogado explicou com certa culpa que a avó de Laura havia pedido a ele para que tirasse a menina do internato assim que conseguisse uma brecha legal e que deveria ele ficar sendo o tutor dele. Mas ele tinha quatro filhos, por mais que quisesse, não conseguiria dar todo o conforto que ela tinha no colégio, ao menos que usasse da herança dela, e não queria fazer isso. E ao lembrar-se de Michael que tinha estado no hospital com Laura e também no enterro da senhora Linton, pensou que ele poderia estar interessado.

Certamente, o advogado não sabia a profundidade do interesse de Michael.

Agora os documentos precisavam se assinados pela Madre, que voluntariamente, nunca faria isso.  Mas, talvez entre alguns documentos sobre o afastamento de Michael e coisas do jardim, ela assinasse. Ele torcia por isso.

Sabia que aquilo era errado, baixo e provavelmente imoral. Mas ele já havia sido errado, baixo e imoral com Laura. Então era capaz de ser assim com qualquer um.

Assim que a Madre assinou sem ler muito do que se tratava nenhum dos documentos, Michael sentiu duas pontadas, a primeira de culpa por estar deliberadamente, mais uma vez, abusando da confiança da santa mulher. E a segunda pontada foi uma genuína alegria. Sabia que mesmo com ele libertando Laura do internato, ela tinha todo o direito de não querer nem ao menos olhá-lo. Sabia que fazendo isso diminuiria, nem que fosse um pouco, a tristeza naqueles grandes olhos azuis.

Dirigiu-se a passos largos em direção ao seu quarto, apertando os documentos entre as mãos, agora só faltava passar pelo cartório e uma pequena avaliação, que com o respaldo do advogado dos Linton, não seria difícil. Visando não se meter em nenhum tipo de problemas enquanto não passava o período de avaliação, o mais certo era Michael se afastar do colégio e da tentação que era saber que Laura está por perto.

Todas as decisões de Michael eram ótimas e ele estava disposto a cumprir todas. Mas foi só entrar em seu quarto para perceber que a última delas não daria certo de jeito algum.
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Momentos de supresa?

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