Cap 2 - Família

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Ao chegar em São Paulo, ainda tinha um bom bocado de estrada para andar. A capital paulista é enorme, talvez até maior que todo o Distrito Federal. Logo, entrar em seu território não significava que se estava mais perto de seu destino. Pelo menos, não pelas próximas quatro horas. O trânsito estava lento e congestionado, como de costume. E para onde tinham que ir, a marginal Pinheiros e suas paralelas, eram o caminho mais curto, porém, por conta do trânsito, não eram exatamente os mais rápidos.

A casa de Suelen era na Zona Oeste da capital. Numa pequena região no distrito de Pinheiros, chamada pelos locais de Jardins, provavelmente chamada dessa forma por naquelas imediações terem várias regiões com a palavra jardim no nome. Era o caso da região onde moravam Suelen e sua família, o local se chama Jardim Europa, a casa fica na Rua Itália, próximo a intersecção com a Rua Inglaterra, ao lado da Praça das Nações Unidas. Lúcia achava esses nomes hilários, tinha sua lógica, afinal, em Jardim Europa, todas as ruas seriam países europeus, e os parques e praças fariam também referência à Europa, mas se você não soubesse a sequência das ruas, ou não achasse um local para lhe informar, provavelmente circularia pela região até achar a rua que deseja ou se perder. O que na opinião da brasiliense, não acontecia em sua cidade. Pois com as sequências numéricas, era possível identificar e prever onde teria de virar para chegar no endereço pretendido. Mas, aparentemente, para quem já está acostumado a perguntar nome de ruas, o sistema de quadras numéricas parecia ser nem um pouco intuitivo, como era para os locais.

No caminho Lúcia olhava para a cidade. Já havia visitado São Paulo várias vezes, afinal, era madrinha de Heliot, no mínimo em cada um dos dezessete aniversários do menino ela teve de comparecer, fora Natais, Réveillons, Páscoa, férias de verão e Dia das Crianças. Olhando por esse lado, até que Lúcia ia com frequência para a capital paulista. Ainda assim, toda vez, a cidade a deixava admirada, tanto de forma positiva como negativa.

A primeira coisa que a brasiliense sempre sentia falta, era das zonas verdes com árvores e aves, de diversos tipos passando por ela. Para encontrar isso em São Paulo, você teria que ir diretamente para um parque. Já em Brasília, você encontraria isso em qualquer canteiro, balão, ou mesmo em quadras especificas para preservação do verde na cidade.

— Você tem estado quieta nas últimas horas. — começou Suelen puxando assunto. — O que houve?

— Sempre me entristeço quando passamos por aqui. — respondeu Lúcia sem parar de olhar para a janela.

A cena do lado de fora era o Rio Pinheiros.

— Às vezes me pergunto se não seria possível recuperá-lo.

— Fala do rio? — Su olhava de instante em instante para o lado da prima, para identificar o que ela estava olhando pela janela. — Já ouvi dizer que existem projetos, mas aparentemente, todos muito caros. Talvez por isso não tenham feito nada ainda.

— É triste.

Continuaram o trajeto, seguindo para casa. Não estavam muito longe, mas com o trânsito, demoraram bem uns cinquenta minutos para chegar definitivamente.

O Jardim Europa já era um pouco mais parecido com Brasília. Era tudo junto e amontoado como maioria das coisas em São Paulo, mas era bem mais arborizado que o resto.

Ao chegar em casa, Suelen acionou o interfone para chamar o segurança. Não era sempre o mesmo segurança que ficava na casa, pois esse serviço era oferecido por uma empresa de segurança que o marido de Suelen contratou para si, já que era um embaixador. O segurança da vez se chamava Anderson, um rapaz robusto e alto, uma figura clássica dos brucutus de cinema dos anos oitenta, mas apesar de toda a pose severa de segurança, como pessoa ele era um cara bacana.

Luz e Sombra - Imaculada (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora