Cap 9 - Arrependimentos

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Lúcia estava indo para a escola com Suelen. No banco traseiro do veículo, um amontoado de pastas em uma caixa mostrava que ela havia terminado o novo plano de ensino, bem a tempo de coincidir com a volta de Ector, o professor de História.

Por algum motivo, o demônio não há importunava já ia fazer mais de um mês. Isso a deixava confusa sobre o que esperar, ou quando ele reapareceria. No entanto, o demônio havia dito para que ela continuasse com sua vida normalmente, para que outros não se envolvessem com aquela situação incomum em que Lúcia se encontrava.

Pensando no bem-estar dos outros, viver como se nada tivesse acontecido, foi exatamente o que ela fez. Lúcia continuou sua vida normalmente, mas toda noite, ao se deitar, ela ficava com medo de ser abordada pelo homem dos olhos vermelhos novamente. E a cada noite que ele não aparecia, ao invés de sentir alívio, ela na verdade ficava com mais receio de que o demônio retornasse exatamente quando ela pensasse que estaria livre dele.

A escola estava passando por uma reforma, coisa básica, só para manutenção. Mas a bagunça era grande mesmo assim.

Essencialmente Su só estava indo ao colégio, porque tinha que gerenciar o pessoal da reforma. Pois, felizmente, os alunos que tiveram de ficar de recuperação passaram já na primeira avaliação, deixando o mês que seria para a reorganização dos repetentes, livre.

Quando chegaram na escola, Ector já estava na porta. Ele havia acabado de chegar também, e para a surpresa de Lúcia, o colega professor era um usuário de moto. Era uma Harley Davidson Road King Classic prata, e isso definitivamente o tirava cada vez mais do estereótipo de típico "professor de História", com o qual ela estava acostumada.

— Bom dia, senhor Ward! — gritava Suelen acenando freneticamente, como se fosse uma boneca de pano.

— Bom dia, Diretora De Oliveira. — respondeu o homem ao se aproximar do carro da diretora. — Olá, Lúcia.

— Oi, Ector. — respondeu a moça.

— Hmmm... Ector? — comentou Suelen dando umas risadinhas maliciosas. — Quanta intimidade é essa?

— Não começa, Su. — Lúcia estava corando após o comentário da prima. — O nome dele é Ector, por que eu não o chamaria pelo nome?

— Sei... — Suelen jogou as chaves do carro para a prima. — Me entregue depois. O pedreiro está me esperando pra começar o serviço na Diretoria.

— Tá bom.

Suelen então seguiu para dentro do prédio principal da escola, deixando Lúcia e Ector ainda do lado de fora ao lado de seu carro.

Com a chave em mãos, Lúcia pode abrir a porta traseira do carro, onde estavam as pastas com a papelada de seu novo plano educacional para História da Arte durante todo o ensino médio.

— Suspeitei que fosse precisar de ajuda. — disse Ector olhando o monte de pastas no banco traseiro do carro. — Mas não imaginava que seria tanta papelada.

— Fiz mais de um modelo. — respondeu a moça de forma meio robótica. — Dessa forma, poderemos escolher o melhor.

— O quê? Conseguiu fazer mais de um plano? — O professor estava admirado com a dedicação da moça. — Isso explica as milhares de mensagens que me mandava enquanto eu estava fora. Ficou só fazendo isso esse tempo todo?

— Não tive muita escolha... — sussurrou Lúcia pensando que se saísse de casa poderia dar mais oportunidades para o demônio aparecer.

— Oi? O que disse? — perguntou Ector com dificuldade de ouvir o sussurro de Lúcia.

Luz e Sombra - Imaculada (Degustação)Onde histórias criam vida. Descubra agora