Cap 7 - Fúria

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Uma moto corria pela pista em altíssima velocidade, costurando os carros no trânsito sem nenhum medo ou receio, sem sequer tocava nos outros veículos. Até parecia que a moto não existia no meio daquele trânsito.

Chegando numa favela que ficava em um morro bem distante do centro, a moto parou na frente de uma casa grande. Não era uma casa do tipo luxuosa. Parecia uma espécie de cortiço, onde uma grande casa seria residência de vários moradores.

O piloto da moto desceu do veículo e a deixou onde estava, com chave e tudo. Ele não temia que ela fosse roubada, na verdade, ninguém a roubaria, pois sabiam que a Kawasaki negra pertencia a uma pessoa da qual era melhor manter distância, logo, ninguém pretendia irritar o dono do veículo.

Subindo uma escadaria para chegar ao seu quarto, o piloto, que na verdade era Guerrard, seguia até a porta do apartamento com passos pesados.

Ele estava furioso. Os outros moradores do lugar podiam sentir a tensão de sua raiva corrompendo o ambiente. Por isso, ninguém estava nos corredores, a pressão no ar ao redor do demônio furioso era extremamente pesada e assustadora.

Sem paciência, ele abriu a porta do quarto com um chute tão forte que quebrou a maçaneta. Em seguida, deitou-se num sofá surrado, que ficava no centro do quarto. Aquele era o único móvel ali, além do baú velho e uma televisão de tubo, que ficava a frente do sofá, aquilo era tudo o que tinha no minúsculo apartamento.

— Quem ela pensa que é para me encarar daquela forma? — resmungava o homem jogado no sofá, olhando furiosamente para o teto.

A televisão que estava no quarto de repente se ligou sozinha. Não tinha sinal de nenhum canal nela, apenas uma tela de estática, que chuviscava ruidosamente.

— Que é que tu quer Abaddon? — perguntou Guerrard ainda deitado no sofá, encarando o teto.

Guerra, o que você tem feito ultimamente?  — O som vinha da televisão em meio aos chiados, a voz era metálica e grave.

— Seja mais específico. — O tom na voz do homem no sofá parecia de cansaço. — Tenho feito muita coisa ultimamente... A propósito, se pudesse pronunciar meu nome direito, eu agradeceria.

A voz na televisão demorou alguns segundos para retornar a falar.

Omaon veio me reportar que você matou alguns membros de uma gangue que ele controla. Isso é verdade?

— Talvez eu tenha feito isso... Faz diferença? Eram só humanos... — Agora Guerrard olhava para a televisão que não tinha nenhuma imagem, apenas o chapisco sem sinal.

A questão não é essa. Omaon está furioso, pois você o atrapalhou.

— Foda-se Omaon! Os homens dele estavam ME atrapalhando. — O homem se mexia para ficar sentado no sofá.

Te atrapalhando? O que estavam fazendo?

— Negociando almas, como qualquer corruptor. — Guerrard parecia começar a ficar sem paciência.

Você não é um corruptor. Lhe mandei a Tellurian para se fortalecer, e não para negociar pactos.

— Mas não dá no mesmo? — disse o homem dos olhos vermelhos claramente irritado. — Ou você queria que eu ficasse por aí mendigando os pecados mortais com os impuros? Não sou eu, o Príncipe do Inferno!?

A voz na televisão se calou por um tempo.

Perdoe-me, meu Príncipe. Mas é que seus atos tem provocado repercussões no convívio dos mortais. Sabe que isso pode lhe trazer problemas.

Luz e Sombra - Imaculada (Degustação)Where stories live. Discover now