Luz e Sombra - Imaculada (Degustação)

Cap 5 - Ansiedade

       

O grande dia chegou!

O Natal passou e foi lindo, mas Suelen havia se dedicado inteiramente em fazer a festa de aniversário da prima, a melhor de todas as festas que ela já havia preparado. O tema era "Paraíso na Terra", inspirado no fato de dona Guilhermina sempre chamar Lúcia de anjo. Adjetivo que para Su, de fato definia muito sua prima. Sempre tão boazinha, solícita e amável, chegava a dar inveja às vezes. Mas nada como lembrar dos pontos negativos da vida casta que a prima escolhia ter, para concluir que a sua vida de casada era bem melhor.

A decoração era repleta de folhagens e flores das mais diversas, porém todas as flores eram brancas. Até o bolo era decorado com flores brancas. E a iluminação era feita com pequenos globos translúcidos com lâmpadas de LED dentro, dando a impressão de serem pequenos flocos luminosos, que enchiam o ambiente com um ar mágico. Era tudo muito suave e delicado, inclusive o vestido que Suelen deu de presente para que Lúcia usasse especificamente naquela noite.

Como era Réveillon, Suelen havia exigido que todos, inclusive convidados, fossem com roupa branca, mas o vestido de Lúcia era um azul celeste bem clarinho. Era um vestido mullet, todo feito em renda, com uma "cauda" que quase chegava a tocar o chão. A cintura bem justa definia as curvas do corpo, e as mangas bem largas e compridas, pareciam esvoaçar quando se moviam.

— Aí meu Deus! Como eu sou um gênio! — gritava Suelen ao ver a prima vestida com o seu presente.

— É. Está realmente lindo. — comentou Vanessa, a cerimonial que estava gerenciando a festa com Suelen.

— A opinião das duas não conta. — falava Lúcia acanhada, descendo as escadas da casa. — Vocês é que estão organizando tudo isso.

— Vou nem me pronunciar então. — Agora era Morris quem descia as escadas — Certamente dirá que minha opinião é enviesada e manipulada pela minha esposa.

— Valeu o comentário Morris. — reclamou Suelen emburrada.

Mya entrava na sala naquele exato momento. A menina, apesar de ser uma convidada, estava ajudando a colocar as coisas da festa em ordem. Ela havia entrado na casa para buscar mais das lembrancinhas, que estavam sendo usadas para decorar a mesa do bolo.

— Nossa tia Luci! Você está linda! — disse a garota, maravilhada com a beleza de Lúcia e seu vestido novo.

— Viu! Uma opinião não enviesada válida. — afirmou a organizadora da festa orgulhosa com seu trabalho.

— Tia Luci, você tá mô gostosa!

O último comentário havia sido de And, que levou um soco de Heliot logo em seguida. Os dois eram amigos, muito amigos mesmo. Mas os modos de homem das cavernas, que And demonstrava as vezes, incomodava muito Heliot, principalmente, quando ele desrespeitava alguma mulher com esses modos primitivos.

— Mas que merda And! É da minha tia que você tá falando.

— Por acaso eu tô mentindo? — continuou o garoto segurando o nariz para não sangrar na roupa branca.

— Heliot! — Morris repreendia o filho pelo gesto violento.

— Ahhh! Não enche pai. — resmungou Heliot sem dar atenção para o pai. — Vem And, temos que terminar de colocar essas coisas na mesa logo.

— Ei, calma! Não quero sujar minha roupa de sangue, nanico.

— Seu nariz não tá sangrando, seu "bombado". — disse Heliot retribuindo a ofensa.

— Ah! Verdade... — And havia tirado a mão do nariz e não tinha nada lá.

Os dois garotos pegaram mais uma leva de lembrancinhas, potinhos de tampa florida com geleia de gengibre dentro, e saíram para o quintal onde estava montada a festa, sem falar mais nada com os adultos.