capítulo 9: ansiedade torturante

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Dias depois, estou sem coragem para tocar no teste de gravidez

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Dias depois, estou sem coragem para tocar no teste de gravidez. É mais forte do que eu. Acho que estou tentando evitar o inevitável, mas não consigo controlar esse medo.

Na segunda, ainda estou indecisa, e a curiosidade acaba me invadindo durante a aula de matemática. Enfio o teste dentro do bolso da calça e peço licença para a professora antes de seguir pelos corredores em direção ao banheiro feminino.

Infelizmente acabo esbarrando em Shelly, caminhando no sentido contrário. Ela me encara com escrutínio e lança um olhar para meu rosto, provavelmente percebendo minha tensão.

— O que você está tentando esconder, garota? — ela questiona, desconfiada. — Ultimamente anda mais estranha do que antes. — ela me estuda com atenção, e eu me remexo desconfortável.

— Com licença. — murmuro aborrecida, preparada para me afastar.

— Estou de olho em você, Ashworth. Em algum momento vou descobrir o que você anda escondendo. — ainda consigo ouvi-la dizer.

Quando estou prestes a me virar, o teste de gravidez acaba caindo do bolso da calça.

Droga!

Com o coração acelerado, eu me apresso em juntá-lo do chão.

Ainda tenho tempo de perceber o olhar chocado de Shelly antes de me distanciar em direção ao banheiro.


***


Encaro o teste de gravidez com o cenho franzido.

Checo se a porta da cabine está trancada e me encosto a ela. Eu já fiz o que estava indicado no pequeno manual, então só preciso aguardar o resultado.

Minutos de tortura depois, eu me preparo para ver o resultado e, quando finalmente faço isso, arregalo os olhos e ponho a mão contra a boca, abafando o gemido de pânico.

Não pode ser! Isso não pode estar acontecendo comigo! Por que logo comigo?!

Observo os dois tracinhos azuis, com a vista embaçada pelas lágrimas. Quando finalmente caio na real, só consigo soluçar em desespero.

Não, não...

Enfio o rosto entre as mãos e meus ombros estremecem com o choro.

Tudo aponta para uma gravidez, infelizmente. O teste só confirmou o que eu já suspeitava.

Estou perdida. Completamente perdida. Como eu pude me descuidar tanto? Agora vou ter que conviver com isso. E pra piorar tudo, engravidei de um garoto que me despreza e tem uma namorada. E, além disso, meu pai vai me matar se souber.

— Eu sou uma burra! — praguejo em voz alta. Já não me importo mais em ser ouvida.

— Quem está aí? — uma voz questiona do outro lado.

Eu me sobressalto e tento controlar os soluços, enxugando o rosto com a barra do moletom.

Destravo a porta da cabine e saio, não me preocupando em esconder minha cara de desespero.

Há apenas uma garota dentro do banheiro, e eu a encaro antes de mirar meu rosto no espelho, observando o estrago provocado pela tensão dos últimos minutos.

A garota está ao meu lado, e eu a ignoro, passando o dorso da mão sobre o rosto antes de enfiar o teste de gravidez no bolso da calça.

— Você está bem? — questiona.

Eu a encaro, ainda perdida com a descoberta recente. Só então percebo que é a garota de cabelos castanhos do segundo ano, a mesma que me defendeu de Shelly. Acho que nunca vou esquecer sua atitude, apesar de sempre esquecer seu nome.

Processo suas palavras finalmente, então respondo: — Sim, estou... bem. — murmuro surpresa. Eu não esperava que ela se preocupasse. — Obrigada por perguntar.

Ela morde os lábios, pensativa.

— Eu não quero ser indiscreta, mas posso te propor uma coisa?

Franzo o cenho.

— O quê?

— Minha amiga e eu sempre estamos no refeitório durante o almoço e eu notei que você sempre fica sozinha. Caso se interesse, nós estamos com a vaga aberta para mais uma pessoa em nosso grupo. —ela sorri.

Eu não esperava que ela pedisse isso. Eu nunca tive amigos sinceros e, quando pensei que tinha, Rebeca me tratou daquele jeito egoísta.

Eu devia me afastar dessa garota, mas ela parece ser tão simpática e sempre tentou se aproximar. Já até me defendeu e, com tudo o que estou vivendo, talvez seja bom eu não estar tão solitária.

— Eu... — fungo, olhando para os lados. — Eu aceito. É chato ficar sozinha o tempo todo, e pode ser bom eu sentar com vocês. — tento sorrir e algo me diz que a deixei surpresa. — Obrigada...?

Droga, sempre esqueço o nome dela.

— Pode me chamar de Cailyn. — ela sorri, estendendo a mão. Retribuo o gesto, tentando memorizar seu nome. — Você estuda comigo, então já sei o seu nome.

Eu não esperava que ela lembrasse, realmente. Ninguém costuma lembrar. Eu me sinto estranhamente satisfeita que ela tenha.

— Desculpa por não ter lembrado o seu, mas é que sempre estou tão distraída. — murmuro.

— Entendo. Também vivo no mundo da lua, ainda mais quando há alguma prova. — diz e finalmente deixamos o banheiro em direção à sala de aula. — Depois eu te apresento à minha amiga Geórgia. Você vai gostar dela.

Aposto que ela está se referindo à garota ruiva.

— Acho que sim. — sorrio, seguindo-a.


***


Oi, galera!

Gostaram do cap?

Espero que sim.

Beijos...

Beijos

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