Marilyn Ashworth não é uma adolescente comum. Escondida sob roupas grandes, ela luta para disfarçar que tem um pai alcoólatra e violento. Ir para a escola é a melhor parte do dia, mas estar apaixonada por um garoto que nem se importa com ela torna t...
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Na quarta, os enjoos estão intensos e acabo faltando à escola. Eu me sinto péssima por isso, mas não posso correr o risco de vomitar em cima de alguém.
Grace saiu para o trabalho e os garotos estão na escola, então estou sozinha aqui.
Em um dos meus ataques, corro para o banheiro outra vez, vomitando o café da manhã na privada.
Faço uma careta.
Limpo a bagunça que fiz e escovo os dentes, antes de arrumar os quartos e varrer a casa. Após organizar tudo, preparo um pouco de mingau na cozinha e sigo para a sala, sentando no sofá com uma xícara. Ligo a TV e amarro os cabelos em um coque.
A casa fica bem silenciosa sem os meninos ou Grace. Eles sempre estão falando de alguma coisa. Às vezes fazem comentários sobre como foi o dia para cada um ou sobre um filme que passou na TV. Os garotos falam de futebol na maior parte do tempo e eu permaneço quieta, só falando quando necessário. Não que eu seja calada ao extremo, mas é assim que me moldei. Meu pai odiava diálogos e pra evitar brigas, eu nem o olhava direito. Acabei me acostumando com essa rotina, então quando vim morar com Grace estranhei um pouco. É claro que já estou me acostumando e até gostando disso.
Assisto algumas séries, até dar o horário de fazer o almoço, então preparo algo para mim, depois lavo as louças.
***
À noite, na hora do jantar, ouço Alex fazer alguns comentários sobre a aula que perdi.
— Foi passado algum trabalho? — questiono.
— Sim. De física. O senhor Brooks quer que escolhamos algum tema que envolva energia sustentável e falemos sobre isso. É em grupo e ele quer a apresentação.
Odeio apresentações em público, mas preciso engolir. Tenho que perder esse medo idiota.
— Você já tem o seu?
— Sim. Cailyn, Geórgia e você. Nós te colocamos.
Abro um sorriso de agradecimento.
— Obrigada. Pensei que teria que fazer sozinha.
— Claro que não. Acabou esse negócio de se isolar na escola. Agora somos seus amigos.
Sorrio, colocando mais um pouco da carne assada em meu prato. Está uma delícia e coberta de molho picante.
— Tem muita pimenta. Você não devia comer. — Carter avisa, apontando a carne.
Franzo o cenho, espantada.
— Por que não?
— Pode fazer mal. Você está grávida. — sua resposta me surpreende.
